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Eleanor Mccormack

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Eleanor Mccormack

              Desço as escadas devagar, ainda um pouco zonza da febre da noite passada. Meus olhos encontram Aidan colocando caixas por todo lado, com Rob e Nick ajudando. Estão tão concentrados que por um segundo não percebem minha presença. São muitas caixas. Presentes?

           — Bom dia... o que é tudo isso? — pergunto, tentando soar mais animada do que realmente estou.

Os três param. Aidan se vira rapidamente e caminha até mim, me envolvendo num abraço caloroso e deixando um beijo suave no meu rosto.

             — Você devia estar descansando — murmura, com aquele olhar preocupado que só ele tem. — Bom dia.

               — Já estou melhor, prometo. — Sorrio, apertando sua mão. — E então…?

              — São presentes. Do seu casamento — responde Nick, como se aquilo fosse a coisa mais absurda e divertida ao mesmo tempo. — Posso abrir esse aqui? Juro que nunca vi tanto presente junto.

Solto uma risada pequena. Me sento no sofá enquanto os três continuam empilhando e organizando tudo. Há um peso silencioso dentro de mim por essas pessoas que gastaram dinheiro, energia e carinho comprando presentes para uma farsa. Uma mentira que estamos tentando transformar em algo suportável.

             — Não abre isso, Nick — Rob adverte com um meio sorriso. — São os noivos que têm que abrir. E então, Eleanor, como é o seu vestido?

               — É bonito. — Dou de ombros. — O vestido dos meus sonhos.

              — Fico feliz por isso — diz Rob, sincero. Olho de relance para Aidan, que se senta ao meu lado, como se fosse instintivo estarmos sempre perto. — Vocês combinam muito. Acertou em cheio, Aidan.

               — Concordo com o senhor Rob — diz Nick, já se jogando no sofá. Aidan segura minha mão e sorri ao ouvir. — Mas vocês juram que eu vou ter que ajudar a organizar tudo isso? Eu não sou pago pra isso!

             — Custa ajudar um amigo, Nick? — Aidan retruca rindo. — Quer comer alguma coisa, Ellie?

              — Não, obrigada. Vai lá, resolve seus assuntos com o Nick. Eu posso cuidar disso aqui.

               — Não vai precisar, nora querida — diz Rob, animado. — Já terminamos. Nick, vamos até o escritório. Os papéis que separei estão lá.

Eles se afastam e, por um instante, a sala fica em silêncio. Me aproximo de Aidan, beijo seu ombro com leveza e sussurro:

               — Faltam 10 dias, né?

               — Sim… você vai ser uma Gallagher — ele suspira fundo. — Você não quer desistir, quer?

Desistir? Penso nisso todos os dias. Mas cada vez que olho para ele, para tudo que está em jogo, algo em mim grita para continuar. Eles não desistiriam de colocar meu pai atrás das grades… e Aidan não pode se afastar da empresa. Ele merece essa chance. Talvez… ele também mereça essa ajuda.

            — E você?

            — Eu não posso ficar um ano longe da empresa. Meu projeto de economia sustentável tem tudo pra dar certo. — Ele beija minha mão, firme. — Como eu disse… não vou te pressionar, mas eu preciso imensamente da sua ajuda.

             — Eu sei. — O abraço que dou nele é quase um pedido de desculpas. Beijo sua bochecha. — E vou te ajudar… porque gosto de você, noivo querido.

             — Obrigado — ele diz, com um sorriso que me aquece por dentro. — Vou fazer de tudo pra que seus dias ao meu lado sejam os melhores da sua vida, noiva querida. Mas... você tem certeza?

              — Aidan… vamos seguir o roteiro. — Me afasto um pouco, e ele segura minhas mãos com firmeza, como se quisesse me ancorar.

              — Você... Eleanor, sobre... — ele hesita, respirando fundo. — O que aconteceu com você… podemos faze...

Solto suas mãos suavemente e me levanto, interrompendo qualquer chance desse assunto seguir. Ainda não sei se consigo. A dor ainda tem garras em mim. E embora eu saiba que ele não seria cruel… ainda não estou pronta.

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Aidan Gallagher

             Nick só veio aqui por causa de uns documentos do meu pai, mas talvez eu peça que ele investigue algo sobre o tal Antony. Isso tá me corroendo. Eu sei que é difícil pra Ellie. Mas se ela me deixasse entrar, se confiasse em mim… talvez eu pudesse ajudá-la de verdade. Ela não percebeu, mas assim que toquei nesse assunto, ela se afastou de novo, me deixando sozinho.

No tempo dela, Aidan. Tanto para o trauma quanto para o que está crescendo entre vocês dois.

           Hoje foi a segunda vez que ela disse que gosta de mim. Isso... isso foi incrível de ouvir e é por isso que quero insistir em ajudá-la.
           Saio da sala e a encontro na cozinha, preparando um sanduíche. Me aproximo em silêncio, abraço sua cintura por trás e apoio meu queixo em seu ombro. Seu perfume... é dela. Um cheiro suave, confortável. Familiar.

             — Seu perfume é ótimo — murmuro. Ela não responde. — Só fico preocupado.

             — Hoje é sábado… a Marie não vem, né? — diz, tentando mudar de assunto. Respiro fundo. Ela para o que está fazendo. — Não há necessidade de ficar preocupado. Talvez… talvez eu te conte tudo, mas ainda não tenho certeza disso.

Me afasto, encosto no balcão, a observando. Ela realmente não vê? Não vê o quanto estou tentando fazer tudo diferente com ela?

             — Não percebe que tô tentando fazer o melhor pra você? — minha voz sai mais firme. — Se você não curar essa ferida, vai acabar se machucando ainda mais. Eu quero ser a pessoa que te ajude nesse processo… mas você tem que deixar.

              — Vai querer o quê para o almoço? — ela responde, desviando, como sempre.

A encaro sério por alguns segundos. Mas é inútil insistir agora.

            — Faz o que achar melhor — respondo, e saio da cozinha sem olhar para trás.

Faltam 10 dias.

Faltam 10 dias

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