Aidan Gallagher

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Aidan Gallagher

           Eu a observo em silêncio. Eleanor está deslumbrante nesse vestido, mas seu rosto, pálido e cansado, entrega o desconforto que ela tenta esconder. O brilho habitual dos olhos está opaco, e seu corpo parece ceder ao peso de algo além do cansaço. Não tem como irmos a esse evento assim.

            — Pai, pode ir na frente. Eu e Eleanor vamos depois. — Minha voz soa mais firme do que eu esperava.

            — Tudo bem. Te espero lá. — Meu pai me lança um olhar breve antes de atravessar a porta do apartamento.

Respiro fundo, passando a mão pelo rosto. A febre deixa suas bochechas levemente coradas, contrastando com a palidez. Sem pensar muito, me aproximo e coloco os braços ao redor dela, puxando-os para o meu pescoço. Em um movimento cuidadoso, a ergo no colo, no clássico estilo noiva. Minha noiva.
            Ela resmunga algo incompreensível, aninhando o rosto contra meu ombro enquanto subo as escadas, cada passo ecoando pelo silêncio do apartamento. No quarto, a deito com cuidado, como se ela fosse feita de vidro.

               — Acho que tô com febre, Aidan. — Murmura, fechando os olhos por um instante.

Inclino-me, encostando minha testa na dela. Está quente, sem dúvidas.

             — Você tá com febre sim. — Confirmo, tirando seus sapatos e ajeitando o travesseiro sob sua cabeça. — Tenta não dormir, vou buscar um remédio pra você.

               — E o evento? — Ela pergunta com a voz arrastada, os olhos ainda fechados.

                — Não vamos mais. — Digo sem hesitar.

Entro no banheiro, largando meu blazer no encosto da cadeira. Prometi cuidar dela, e é isso que vou fazer. Encontro o termômetro e o analgésico no armário, voltando apressado para o quarto. Ela está do mesmo jeito, encolhida entre os lençóis, como se o frio interno fosse mais forte que qualquer cobertor.

             — Toma aqui, é pra febre. — Ajudo-a a se sentar para engolir o comprimido. — Você ficou doente do nada.

            — Peguei chuva voltando da faculdade. Foi isso. — Ela murmura, encostando a cabeça na cabeceira.

            — Ué, seu pai disse que ia te buscar. — Franzo o cenho. — Ele não foi?

O olhar dela vacila antes de responder:

             — Saí antes da aula acabar. Não nos encontramos. — E então se deita outra vez, como se quisesse encerrar o assunto.

Engulo em seco. Algo não parece certo, mas agora minha prioridade é ela.

            — Vou descer pra ligar pro meu tio e fazer algo pra gente comer, tá? — Ela assente, já se aconchegando melhor na cama. — Troca essa roupa desconfortável.

Antes de sair, beijo sua testa.

               — Obrigada por tudo. — Diz baixinho, segurando minha mão. — E desculpa por ter estragado seu jogo de perguntas ontem.

              — Você não deve pedir desculpas. — Suspiro, apertando seus dedos com delicadeza. — Ainda vamos ter tempo pra conversar sobre isso.

Desço as escadas em silêncio, o peso das palavras não ditas pendendo sobre mim. Pego o celular para ligar pro meu tio, mas noto uma mensagem de Nick. Respondo rapidamente e, sem hesitar, disco o número de Tom.

            — Cadê você, Aidan? — Ele atende de imediato.

             — Então, tio... A Eleanor não tá bem, e não acho certo deixá-la sozinha.

              — Ana me disse que você estava preocupado. O que ela tem? Aconteceu alguma coisa?

               — Aposto que ela agradece a preocupação, mas é só febre.

             — Já te falei, Aidan, minhas perguntas sobre Eleanor são em outro sentido. Não tenho interesse amoroso na sua noiva. Não fique com ciúmes.

Reviro os olhos.

             — É só estranho, tio. — Desligo antes que ele continue.

Ciúmes? Não. É preocupação. E agora minha preocupação não é apenas com essa febre, mas com o que está por trás dela. Com as feridas invisíveis que ela carrega e que, aos poucos, vou fazer questão de curar.

---

              A comida está pronta, mas Eleanor dorme profundamente. O tempo passou rápido enquanto ela descansa, agora são 2h30 da madrugada, e o sono me escapa enquanto minha mente trabalha sem descanso. Algo não me deixa em paz. Pego o celular e mando uma mensagem pro Nick: "Preciso que você pesquise os antigos chefes do Ren. O mais rápido possível." Esse assunto tá me corroendo por dentro.
                Meus devaneios são interrompidos pelo toque suave de dedos no meu braço. Viro o rosto e encontro Eleanor me olhando, o rosto ainda abatido, mas com um leve sorriso.

                   — Por que não tá dormindo? — Sua voz é rouca, quase um sussurro.

                   — Tô pensando. — Digo, entrelaçando meus dedos nos dela.

                   — Em que?

                   — Em você, Eleanor. — Beijo sua mão, o toque quente contra a minha pele fria. — Em menos de um mês, você revirou minha vida inteira.

                  — Estamos quites, então. — Ela sorri, com um toque de humor cansado. — Você também deixou minha vida movimentada.

                 — De um jeito bom? — Pergunto, esperançoso.

                 — Sim. — Ela desliza o polegar pelo dorso da minha mão. — Ariel era a única que tinha meu amor, mas você também tem agora. — Meu peito se aquece com a confissão inesperada. — E eu não te falei antes: adoro suas covinhas.

Dou risada, genuína e leve.

              — E eu não te falei antes: adoro você. — Acaricio seu rosto com cuidado. — Se rolar algo entre a gente for inevitável, eu vou esperar a sua iniciativa. Não quero te pressionar a nada.

                — Mesmo que demore? — Ela questiona, os olhos presos aos meus.

                — Mesmo que demore.

Ficamos nos encarando por um longo momento, o silêncio preenchido pelo entendimento mútuo. Eleanor ergue a mão e toca meu rosto, e eu sorrio ao ver o sorriso mais sincero e bonito que ela já me deu desde o dia em que entrou na minha vida.

Faltam 11 dias.

Faltam 11 dias

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Alliances Onde histórias criam vida. Descubra agora