Capítulo 2

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- Felix... Felix, onde você está, garoto? - Ouço os berros extravagantes de minha mãe. 

- Estou indo, mamãe.

Volto com minha cesta de flores e o violino de Casey em minhas costas para encontrar uma mulher de meia idade de braços cruzados e cara de poucos amigos.
- Você deveria ter alguma utilidade. Nessa idade nem foi servir seu reino, nem ajuda seu pai, nem caça.

Estou bastante acostumado a ouvir as reclamações e objeções que minha mãe tem em relação a minha forma de... basicamente, existir.

-Desculpe – não consigo pensar em mais nada além disso.

Ela me encaminha, com bastante brutalidade, ao celeiro onde meu pai trabalha modelando, ou fazendo espadas, nem sei ao menos o termo técnico de tal atividade.

- Finalmente, larga essas porcarias e vem me ajudar. -Não gosto da maneira como meu pai se refere às minhas flores ou meu violino.

Tenho o costume de ajudar meu pai da maneira que posso, para pelo menos parecer 1% útil, à visão dele. Meu ajudar, claro, é baseado em levar o material dele de um lado para o outro, buscar água, enfim. Nunca moldando metais, nem faço ideia de como ele consegue. Meu pai é um homem grande e robusto, não me pareço em nada com ele.

Meu pai para de martelar um ferro quente ao ouvir o trotar dos cavalos. Aos domingos pela manhã, sempre esperamos a guarda do império para entregar uma remessa de espadas de meu pai. Normalmente eles pagam bem, com animais ou pelegos, coisas finas.
Atipicamente ouvimos, junto aos cavalos, uma carruagem. Acontece que o imperador, raramente, vem junto para conhecer o produto. O nosso imperador não é muito recluso, assim que seu filho mais velho fez 18 anos, ele tratou de passar as atividades reais para que pudesse se ausentar. Costumam chamar ele de "aventureiro", eu só acho que ele é um monarca esnobe que se acha o dono do mundo, mesmo.

- Senhor imperador, é uma honra recebe-lo. - Meu pai se curva, parecendo até uma pessoa educada.
- Não existe necessidade dessas formalidades, Sanghun. Que flores bonitas. Não se adequam muito ao cenário em questão

Ele tinha razão. As flores de nada se pareciam com uma decoração dentro daquele mar de aço e fogo que se tratava a oficina de meu pai. Recebo um olhar flamejante de reprovação do mesmo.

- Vejo que gostam de música, uma arte bastante apreciada em meu palácio. -ele pega meu violino com delicadeza. Nunca imaginei que um home, dito como tão perverso, pudesse carregar traços delicados e gentis.

- Perdão senhor, são de minha irmã. - Tento desconversar.

- Mas creio que ela não os tenha deixado aqui. -Além de um exímio governante, ele sabe ler bem as pessoas.

- Em meu tempo livre costumo colher umas flores para a pequena. - Mentira, são para mim.

- Delicado, nem parece filho de um ferreiro. Senhor? - Entendo que questiona por meu nome, mas paraliso.

- Felix, meu filho. Pretendo que siga meus passos como ferreiro.

Ouvimos algumas risadas, umas discretas, outras nem tanto. Os guardas tentam se segurar, as não posso culpa-los. Claramente sou franzino demais e com pouca força para moldar aço.

- Felix, você carrega uma constelação no rosto e delicadeza, pelo que suponho. Não creio que sirva para um ferreiro. Sinto lhe desaponta, Sanghun.

- Não sinta, senhor. Nunca acreditei na capacidade de meu filho, ele é uma grande decepção. Mas ainda acredito que possam usar na guarda, talvez para limpeza ou carregar artefatos, o que o senhor preferir.

-Sanghun, não seja tão duro com a criança. Quantos anos tem, meu jovem Felix?

- Dezoito, senhor. - Minha falta de perversão me impede de ser desonesto. Me condeno por isso.

- Dezoito. Você é um desertor do império. - Aponta firmemente e primeiro oficial que acompanha o imperador como um papagaio de pirata.

- Acalme-se Jeohgun. - O imperador levanta a mão para apartar o soldado que avançava em minha direção. - Peguem as armas e vamos. Preciso voltar para liberar Seungmin de suas atividades.

- Mas, senhor, o menino... - Novamente esse papagaio maldito.

- Acalme-se, ele não vai a lugar algum.

O resto do dia enfrentei o olhar mortífero de meu pai e reflito sobre o que falava. Não pude evitar sentir o medo em minha espinha ao perceber a besteira que foi relatar minha idade. Sim, eu praticamente me lancei a forca sem nem ao menos pestanejar. 

Império - HyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora