Capítulo 13

229 37 16
                                    

Depois de uma semana meu pai mandou uma guarda para pedir reforços, então acredito que o tratado não tenha saído como o almejado. Com a equipe foram meu irmão, Woonji e mais alguns dos guardas. Fico feliz em ver que estamos quase sozinhos no castelo, assim Felix não corre o risco de ser apanhado e eu posso me esgueirar para buscar comida.

Ao acordar lhe recebo com uma mesa de café da manhã. Me admiro comigo já que nem ao menos tenho o costume de acordar cedo, ainda consegui trazer café para nós.

-Bom dia, Felix.

-Bom dia, se... Hyunjin. -Fala timidamente.

-Parece que minhas roupas ficaram um pouco grandes em você. -Sorrio brincalhão. -Vem tomar café.

Felix senta e ficamos de frente um para o outro. Enquanto come resolvo jogar conversa fora.

-Então, onde teve a infelicidade de aparecer em frente ao carrasco, vulgo meu pai?

-Ah, na verdade, ele comprava espadas do meu pai e... um dia... -Balança a cabeça em negação.

-Você não precisa me contar se não quiser.

-Não, é que... A culpa foi minha. -Seu olhar se torna mais triste e distante.

-O que foi culpa sua? -Olho curioso para sua expressão.

-Minha irmã. Ela morreu porque fui burro. -Vejo algumas lágrimas escorrendo por seu rosto.

-Felix. Felix -Atraio sua atenção. -Se foi um de nossos guardas que a matou para captura-lo, a culpa não é sua, e sim de meu pai. Foi isso que aconteceu?

Ele chora mais e compreendo que estou no caminho certo.

-Escute. -Suspiro. -Você não tem culpa de viver em um sistema arcaico e ser governado por um imperador perverso. Acredite, gostaria muito que ele nunca mais voltasse de pelo menos uma de suas viagens. Sempre que ele chega com algum escravo consigo odiar ele mais e mais.

Vejo que ele está estudando minha expressão.

-Você não será mais escravo dele e não servirá a suas necessidades, não se preocupe.

-Obrigado. -Fala sorrindo e com os olhos cheio de lágrimas. 

Me aproximo para limpar as lágrimas de seu rosto e nos encaramos por um momento. Sinto uma vontade incessante de toma-lo para mim. Então recuo sem tirar minha mão de seu rosto. 

-S-Seus... seus quadros são lindos. -Ele fala tentando amenizar a tensão.

-Ah, obrigado. Gosta de arte?

-Gosto de flores, floresta. Gostava de caminhar pela floresta pela manhã para pegar flores. -Seu olhar se torna nostálgico.

-Legal, eu adoro pintar paisagens, costumo ir pra colinas pintar. Posso te levar às escondidas um dia. Quando...

Vejo que ele me olha esperando concluir, mas resolvo comer e seguimos nossa refeição. Não tenho coragem de dizer que o deixarei fugir e, ao mesmo tempo, não posso mantê-lo aqui contra sua vontade ou me igualaria à índole de meu pai.

Depois de alguns dias, Felix já parece se sentir melhor, caminhando com mais firmeza, posando para meus quadros e comendo bem. Nós costumamos jogar muita conversa fora sobre diversos assuntos: política, culinária, arte. A companhia dele é esplêndida e estou começando a me acostumar. Ainda que meu irmão tenha me ajudado a resgata-lo não entendo como ninguém deu falta dele ainda, mas esse pensamento esvaece de minha mente ao me deparar com um sorriso iluminado em seu rosto enquanto conversamos.

Felix é extraordinário e é tão injusta a maneira como foi capturado. Ele me contou em um certo dia como foi perder a irmã e ser entregue pelo pai. Sempre foi um ser humano doce e impecável, sua família nunca o mereceu e, justamente, a irmã que lhe dava o devido valor se foi.

Ao anoitecer costumava usar a claraboia da torre para pintar as estrelas, hoje a uso como um foco de luz para clarear a beleza de meu modelo. Encontrei uma túnica antiga que existia em meu guarda roupa, delicada, azul claro com algumas flores pintadas a mão. Ela não cobre todo seu corpo deixando em evidência clavícula, pernas e braços.

Preciso me levantar e ir até ele para ajeitar seu rosto, para que fique em um ponto de luz onde consiga ver seus belos olhos. Neste momento, quando guio seu queixo para cima, nossos olhos se encontram. Meu coração saltita ao ponto de parecer que fugirá de meu peito a qualquer momento, minhas mãos suam e perco o pincel que empunhava na mão direita, a esquerda luta contra a necessidade de soltar seu queixo, não quero solta-lo. Vejo-o mordendo levemente seu lábio inferior e encarando os meus. Não posso resistir mais.

Sem poder resistir me aproximo e tomo seus lábios aos meus. Nosso beijo começa delicado e se intensifica à medida que perdemos o controle. Me ajoelho no colchão e aproximo meu corpo ao seu. Envolto em meus braços ele coloca os seus entornos de meu pescoço. Nosso beijo fica intenso e forte, ansiando pelo corpo um do outro, sinto que não quero mais solta-lo, mas resolvo resistir e me afastar e sair da cama.

-Desculpe... se... se fiz algo errado. Eu nunca havia feito... isso. -Dispara timidamente.

-Não. Felix, você não fez nada de errado. Só... não quero... -Hesito em concluir, mas seus belos e ansiosos olhos me instigam a tal. -Não quero que seja, assim. Quero ser especial para você.

Ele solta um riso bufado, abafado, fechando seus olhos. Toca seus lábios e volta a me encarar.

-Você é a pessoa mais especial que já conheci. -Indaga e se levanta.

Vindo em minha direção, nossa diferença de altura fica evidente após ele, praticamente, anular a distância entre nós. Ele afasta meu cabelo dos olhos, ajustando, delicadamente, atrás de minha orelha.

-Hyunjin, desde o primeiro momento que meus olhos encontraram os seus, sinto meu peito queimar. Infelizmente... minha primeira relação realmente não foi em boas condições, nem ao menos pude ter opção de escolha. -Abaixo a cabeça, mas ele me levanta para olhar em seus olhos e prossegue. -Mas, se pudesse fazer apenas uma escolha, neste momento, escolheria permanecer em seus lábios, morar em seus braços, existir em sua presença para sempre.

Desta vez Felix quem toma a iniciativa de iniciar um beijo doce e lento. Pauso por um breve momento.

-Felix, não sei ao certo como, mas sei que terá uma primeira vez digna. Sei que não anularei a violência que você sofreu, mas nossa primeira vez, quando fizermos amor, será um momento especial, digno. -Deixo um beijo doce em sua testa. -Hoje, quero te beijar até ficarmos tão exaustos e adormecer um nos braços do outro. Tudo bem por você?

-É um excelente plano. -Ele sorri e voltamos a nos beijar. 

Império - HyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora