Capítulo 28

117 18 24
                                    

Entro no grande salão acompanhado de meu irmão e percebo que Seungmin, em seu mais novo papel como imperador, nos aguarda. Juntamente com o imperador da França. Para impressionar o comandante francês, Seungmin planeja uma viagem, a fim de expor que o antigo imperador realmente foi deposto e se apresentar para o império parceiro. Porém, Seungmin precisa nomear um representante que responda em seu nome quando está fora.

– Acredito que meu irmão Hyunjin fará um bom trabalho. – Ele apresenta-me para o imperador francês.

Recebo a nomeação com espanto, afinal não tínhamos acordado nada sobre isso. Nosso acordo foi de que Jeongin seria seu braço direito, em guerras e no governo, nunca quis fazer parte de nada neste âmbito. No entanto, meu irmão mais novo não parece nada surpreso, então resolvo, discretamente, chama-los para uma reunião em uma salinha mais particular.

– Seungmin, não entendo, havíamos planejado. Jeongin será seu braço direito e eu poderei ficar com meu amado em paz.

Ambos me encaram sorrindo e Seungmin vem em minha direção colocando a mão no meu ombro.

– Você não entende, irmão. – Ele sorri, encara Jeongin e eles trocam sorrisos. Então volta a olhar para mim. – Planejamos tudo, o imperador precisa visitar o império parceiro para ser recebido, de fato, como novo governante. Já o responsável nomeado precisa cuidar do governo, povo, prisioneiros...

A última palavra é dita olhando em meus olhos intensamente e consigo compreender o que meus irmãos estão planejando. Eles querem me dar a vingança que sabem que mereço. Embora Seungmin já tenha tratado nosso pai como merecia, ele sabe que posso ser muito mais criativo neste quesito.

Após compreender os planos de meus irmãos, conversamos um pouco e alinhamos como serão as próximas semanas. Seungmin vai com o imperador a França e a viagem levará, pelo menos, um mês e meio, neste período eu e Jeongin podemos nos ajudar a governar e posso lidar bem com certos escravos.

Depois que meu irmão parte ficamos eu, Jeongin e Lino. Nos conhecemos e somos amigos a muito tempo então sei que posso contar com a ajuda deles. Como Lino ficará para me auxiliar em minhas atividades tomei a liberdade de convida-lo a morar no castelo por estes meses junto de seu amado, assim Jisung e Felix podem se fazer companhia. Sei que meu amado não se sente muito confortável sem a minha presença e, com todos os afazeres que vou ter, uma companhia lhe fará muito bem.

Após algumas horas revisando e entendendo bem como meu irmão quer que prossiga com as atividades resolvo partir para a ala dos escravos. Observo bem o estado de cada um e percebo que meu irmão executou um excelente trabalho ao reavaliar as pessoas que estavam em nossa prisão. Alguns apenas pelo capricho de nosso pai acabaram por ser libertos, outros que realmente cometeram delitos agora cumprem trabalhos honestos para o império.

Na cela mais isolada e menos confortável permanecem dois guardas de prontidão, um deles se trata de Bang Chan, um dos guardas que, pelos relatos de meu amado, era o único a lhe mostrar misericórdia, ele foi afastado algumas vezes por ter pena dos escravos e, em diversas oportunidades, passar comida para os prisioneiros às escondidas. Por conta deste relato de meu amado que decidimos coloca-lo de prontidão com este prisioneiro em especial. Ao entrar na cela o odor de fezes, vômito e urina invadem minhas narinas, deixando uma ardência em meus olhos.

O mais temido de todos agora definha, com vestes de escravo, cercado de sua própria podridão, sem comida ou dignidade, acorrentado a um pedaço de concreto sem ao menos levantar a cabeça para olhar em meus olhos. Abaixo para sussurrar em seu ouvido.

– Veja bem, meu pai... – Ele levanta a cabeça e me olha nos olhos. – Veja seu destino. O que você tanto buscou, atrás de tanta crueldade e perversidade. É isso que você merece.

Nem uma palavra, ele volta a encarar o chão e não se digna a me dirigir nem uma palavra.

Sei que Seungmin ordenou que açoites aconteçam diariamente com ele. Vejo que está sendo privado de comida e tem pouca água limpa para beber. Fico pouco tempo até que decido me retirar e lhe ouço.

– Mate-me. – me viro para encara-lo e percebo seu olhar sofrido. – Mate-me de uma vez. Mostre que ao menos tem misericórdia.

– Misericórdia? – Sorrio debochado. – O senhor tem conhecimento de tal palavra?

– Eu sou seu pai. – Ele fala tentando parecer ameaçador.

– Não. Você é apenas a irrelevante imagem da justiça divina. Você é a prova de que pagaremos por nossos males em vida... – Ele abaixa novamente a cabeça. Porém não desvio o olhar. Me aproximo e levanto-a para que seus olhos encontrem os meus. – Eu não vou te matar, meu pai. Eu não ousaria lhe dar este trunfo. Você vai pagar por cada alma que deturpou, por cada ser que castigou, por toda vida que, em suas mãos, se perdeu. Em vida, você, meu pai, assim você pagará. Mas não assim, não possuindo o que tanto usou para machucar, deturpar e satisfazer a própria vontade. Eu vou vingar, não só meu amado, mas minha mãe, as mães de meus irmãos e todo e qualquer ser que sofreu por sua luxuria.

Levanto-me e sou acompanhado por seus olhos assustados. Sei que, em minha expressão, carrego o mesmo olhar frio que assumi ao castigar seus lacaios e servir aquele magnânimo jantar, pois meus planos são claros e sagazes.

Então prossigo com meu planejamento e solicito que os guardas o levem para a masmorra onde tantos escravos perderam suas vidas.

– Algo a me falar? – Questiono, pois será sua última oportunidade.

Não recebo absolutamente nenhum sinal de arrependimento, apenas um olhar de ódio, de raiva. Nada que faça com que eu me arrependa do que farei a seguir. Com um golpe preciso arranco seu membro. Os berros de desespero ecoam por todo o lugar, um médico está de prontidão para fazer os curativos necessários.

Após muitos gritos de dor e com os devidos cuidados tomados pelo médico, também corto sua língua, afinal foi com ela que muitas ordens carrascas e perversas foram disparadas. Seus gemidos de dor e angustia ecoam mais e mais pelo ambiente.

– Sabe, meu pai, nunca imaginei que teria coragem de desempenhar tal papel. Mas olhe para mim. – Abro os braços teatralmente. – Orgulhoso de sua cria?

Percebo que lágrimas escorrem por seu rosto. Por um tempo decido admirar o cenário, o temido e carrasco imperador sem poder falar ou usurpar novamente. Parece um castigo divino digno de uma peça de teatro.

Resolvo dar fim ao show encaminhando o prisioneiro a sua cela. Com as mesmas orientações de castigos diários, porém comida nem tanto. 

Império - HyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora