Ao chegarmos em minha torre levo Felix para se limpar, fico com ele, o abraço para conforta-lo. Ele parece estar melhor, aqui em minha presença. Seu corpo tem alguns machucados, mas nada de grave. Ainda que o veja sorrir, não me contento com o que presenciei.
Ficamos um tempo tendo um momento sozinhos na ducha.
– Como se sente?
– Melhor, agora que estamos juntos. – Ele me olha e sorri fraco, com o olhar cansado. – Eu estava com tanto medo, tanto medo do que poderia acontecer com você. – Seus olhos se enchem de lágrimas e ele me abraça mais apertado.
Ainda estou em choque pelo que presenciei. Mesmo que Felix esteja tranquilo e sinta-se seguro ao meu lado, me sinto completamente impotente. Sinto um ódio crescendo dentro de mim que nunca havia sentido em toda minha vida. Depois que sinto ele mais calmo em meus braços me ocorre uma dúvida e resolvo lhe questionar.
– Lix... o que Woonjin falou para você, antes de... – Não consigo concluir. – O-o que ele disse?
Felix hesita por um momento olhando para o vazio, mas puxo seu queixo para olhar em meus olhos e dou um beijo delicado em seu nariz, o que o faz sorrir.
– Conte-me, meu amor. – Beijo delicadamente cada uma de suas mãos. –O que ele disse?
– Ele... ele disse... – Ele olha novamente para o vazio com uma expressão de nojo em seu rosto. –Ele disse "estava com saudades dos nossos momentos, princesinha".
Olha para ele sem expressar qualquer reação. Ele não me olha nos olhos então resolvo abraça-lo, para transmitir conforto e segurança. Beijo sua testa e ficamos mais uns momentos abraçados.
Coloco ele confortavelmente em minha cama e o abraço até dormir.
Assim que ele dorme confio a Lino a missão de cuidar e monitorar ele. Mais dois guardas da confiança de meus irmãos se juntam a ele para ter certeza que ninguém vá colocar as mãos em Felix.
Então saio, juntamente de Seungmin.
– O que você quer de mim, irmão? Como posso ajudá-lo?
– Não se preocupe, irmão. Logo colocaremos algo em prática. No momento, preciso que você esteja perto de nosso pai.
Me separo de meu irmão e sou seguido por Doonkin. Não dou atenção a seus chamados, mas logo ele me para.
– Senhor, sei que o que fiz foi terrível, sei que o senhor não vai me perdoar agora, mas pelo menos me diga como ajuda-lo.
– Sua menina, já está em segurança? – Pergunto lhe encarando.
– Sim senhor, garanti que minha esposa e meus pequenos fossem levados para longe assim que o imperador libertou Jiyoung.
– Ótimo. Sabe quem foram os guardas que machucaram e humilharam Felix?
– Sim, senhor. Sei todos. São, ao todo, oito. Sem contar Woonjin.
– Certo. Precisaremos de mais ajuda. Consiga guardas de confiança e traga todos como prisioneiros no lado leste do castelo.
– Lado Leste senhor? Levo-os a sala abandonada onde ficam os quadros antigos de seu pai?
– Está mesmo. Usaremos ela hoje.
Narração
Doonkin obedece às ordens de Hyunjin e consegue guardas de confiança, também recruta amigos e seguidores de Jeongin para ajuda-los. Junto com o próprio Jeongin, eles fazem os oito guardas de reféns e levam onde Hyunjin, pacientemente, os aguardava.
Hyunjin lhes recebe com um olhar gélido e sem expressão. Desde o momento em que deixou, delicadamente, seu amado descansando em segurança, Hyunjin assumiu uma expressão psicótica, com sede de sangue em seus olhos.
Cada um dos guardas tem seu momento de interrogatório com Hyunjin, todos confessam as maldades feitas com Felix. Absolutamente todos bateram, mutilaram ou humilharam Felix de alguma forma. Assim como feito com outros escravos. Também confessaram que, mesmo com estado de grande debilidade de Felix, ao trazerem de volta dos aposentos do imperador para sua cela, o prisioneiro era arrastado sem dó e jogado para dentro da cela.
Ainda é relatado que, em seus últimos momentos como prisioneiro, Felix estava muito frágil e nem ao menos conseguia se limpar sozinho. Sempre um destes jogava um balde de água e o deixava molhado, muitas vezes a noite passando frio em sua túnica fina.
Todas as confissões ocorrem após muito açoitamento com chicote, fortes socos e chutes e outras formas de tortura. Hyunjin comanda uma série de torturas implacáveis, tudo com base que seu pai lhe 'ensinou' com o passar dos anos, todas mostrando para cada um dos guardas o que os escravos passaram em suas mãos. Braços e pernas se quebram, mãos são queimadas com óleo quente, alguns dedos até mesmo arrancados. Os guardas que estão ao lado de Hyunjin ficam atônitos com tamanha frieza do príncipe que sempre fora tão doce e pacato.
Após ter a visão de seu amado sendo usurpado e entender melhor tudo que ele passou, Hyunjin assumiu uma pose semelhante à do pai. Doonkin, Changbin e Jeongin ficam alarmados, mas sabem que, ao encontrar-se com Felix, Hyunjin voltará ao normal. O príncipe sabia, ou imaginava, o que havia acontecido com Felix, mas agora ele tinha confirmações e viu, com seus próprios olhos, e isso foi o combustível que acendeu a chama do ódio em seu peito.
– Tragam-me Woonjin. – Hyunjin ordena, ainda com um olhar frio e calculista, olhando para o vazio.
Dois guardas trazem Woonjin e colocarem em uma salinha, amarrado a uma viga de madeira em uma salinha particular, onde Hyunjin se tranca com o prisioneiro. No lado de fora os prisioneiros, mutilados, escutam gritos de desespero e suplicas de seu chefe. Aquele mesmo que ria quando os via maltratando escravos e prisioneiros, o que coordenava massacres, estupros coletivos, açoites, agora parece uma criança assustada gritando e suplicando por sua vida. Hyunjin se torna implacável, questionando aos berros como Woonjin se sente ao ser tratado como um escravo, gritando com ódio todas as maldades feitas com seu amado.
Ao término de sua 'conversa' com Woonjin ele solicita a um dos guardas que busque nove pratos com cloches na cozinha. Doonkin e Changbin vão buscar, ainda sem entender o porquê desta solicitação estranha do príncipe.
Após uma longa sessão de tortura com todos guardas responsáveis pelo tormento de seu amado, Hyunjin solicita a ajuda dos irmãos para uma reunião com o pai. Sem que o imperador saiba que Hyunjin será sua companhia para o jantar. Tudo é preparado, a mesa posta e Jeongin e Seungmin aguardam o pai à mesa. Os convidados franceses estão em seus aposentos e nada sabem do fatídico jantar.
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Império - Hyunlix
FanfictionEm um império muito arcaico pessoas nascem, vivem e crescem para servir o imperador e seus caprichos. Toda a civilização é criada em meio a pobreza e muita violência, envolta em medo do tirano que lhes governa. O cruel governante possui três filhos...