Pov. Hyunjin
Mais uma noite na qual perco o sono. Normalmente não durmo cedo e costumo acordar bem tarde, mas muitas noites perco o sono por nada, nem ao menos sei o que me incomoda em determinados momentos, só sei que minha mente não me deixa descansar.
Para me distrair sempre acabo pegando algumas telas e começo a pintar, mas esta noite já desenhei tantas estrelas, que minhas mãos estão cansadas, então resolvo passear pelo jardim. Desço as escadas com muito cuidado, afinal é madrugada, todos devem estar dormindo, então atravesso o castelo para ir até a parte dos jardins.-Não pode ir lá fora, senhor. Ordens do imperador. -Um dos guardas me adverte e impede minha saída.
Sabia que meu pai tomaria uma providencia depois do desdém que demonstrei a ele em nosso último encontro. Resolvo caminhar um pouco pela casa mesmo, para tentar encontrar o sono que me fugia até que escuto uma melodia graciosa vindo ao longe, mais especificamente do quarto de meu pai.
Resolvo espiar pela porta, afinal não sei ao certo o que estou ouvindo e fico surpreso com a visão que tenho.
Um rapaz, com cabelos escuros, mal penteados. Uma coroa de flores na cabeça e túnica bege. Seu corpo sendo iluminado pelas estrelas. Ele empunha um belo violino melodiando uma música suave. Seus olhos negros e tristes estão baixos, olhando para o chão como se suplicasse que a terra lhe engolisse. Boca rosada e muito bem delineada, também uma constelação de marquinhas que conclui a perfeição que é seu rosto. De repente ele levanta o olhar e me encara, seus olhos se tornam mais redondos e a boca suaviza, assustado, mas com uma expressão como se me pedisse socorro.
Por um breve segundo aumento a fresta da porta, meu cérebro divaga sobre o que direi à ele quando estivermos mais perto, sinto um forte instinto de toma-lo em meus braços e tira-lo dali. De repente surge meu pai, com um olhar lunático empunhando uma garrafa de vinho.
-O que você faz aqui, moleque? -Esbraveja com raiva.
-Pai, eu... estava só... -Não entendo porque estou tão nervoso, porque meu coração bate tão rápido, estou com as mãos suando, não consigo parar de buscar por aquele olhar brilhante.
-Vá para sua torre, como a princesa prometida que você pensa que é, Hyunjin.
-Deboche nunca fez parte do seu vocabulário, papai.
-Garoto, pare de tomar meu tempo estou em meu momento de lazer.
-Percebo, papai. Quem é o artista?
-Artista? Você é hilário. Vá para seu quarto e nem pense mais nele. Sabe que não sou de dividir minhas 'coisas'. -A última palavra sai como um deboche.
Me viro e saio, sem parar de condenar meu pai por objetificar aquela linda criatura. Não entendo nada, porque fiquei tão nervoso?, porque meu olhar encontrou o dele e se apoiou ali?, de onde ele surgiu?, porque minhas mãos estão suadas?. Só sei que não vou esquecer aqueles belos olhos brilhantes. Meu fascínio por estrelas só aumenta após ver aquela constelação que ele carrega em seu belíssimo rosto.
Resolvo pintar, as estrelas ou o que me vier a mente, até que finalmente o sono me atinja. De repente, já é quase manhã e eu ainda nem dormi, pintei uns 6, 7 quadros, nem ao menos consegui contar. Resolvo olhar para eles e, ao invés de estrelas encontro aquele rosto em minhas telas, aquele que, mais cedo, encontrei e não sai mais de minha mente. Resolvi chamar de menino das estrelas, afinal, qualquer quadro que eu tenha pintado, mesmo contendo uma constelação, não chega a tamanha perfeição que aquele rosto carrega.
Não consigo dormir e resolvo andar mais um pouco pelo castelo. Não posso me enganar, mesmo depois de algumas horas passadas, aquele rosto ainda persegue meus pensamentos e busco por ele. Quando vejo, ao longe, meu pai saindo em mais uma de suas aventuras. Corro até seus aposentos, na esperança de encontra-lo, mas sem sucesso. Obviamente, meu pai não facilitaria minha busca, ele me conhece bem e sabe que fiquei fascinado com tamanha perfeição. Mas não sou de desistir facilmente.
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Império - Hyunlix
FanfictionEm um império muito arcaico pessoas nascem, vivem e crescem para servir o imperador e seus caprichos. Toda a civilização é criada em meio a pobreza e muita violência, envolta em medo do tirano que lhes governa. O cruel governante possui três filhos...