Império - Hyunlix

Capítulo 6

Pov. Hyunjin

Sigo sem conseguir entender porque essas pessoas simples e humildes acham meu pai tão interessante e heroico. Costumam chamar ele de Imperador aventureiro, chega a ser piada. Suas únicas aventuras são com jovens inocentes, que poderiam muito bem ser seus filhos. Ele vive viajando e as pessoas parecem não entender que ele só sai para afugentar moradores de terras próximas e subir cada vez mais taxas de impostos. Chega a ser ridícula a devoção de seus seguidores.

Não costumo sair do castelo, gosto do meu canto. Nessa torre, que tomei para mim como um príncipe recluso, consigo me dedicar a minha arte, algo que nunca saíra daqui.

Meu irmão mais velho se dedica a seguir os passos de governante de meu pai, não vejo a menor graça nisso, manter uma vida política com tanta desigualdade. Quanto ao mais novo, se dedica a arte da guerra, sonhando em se tornar um guerreiro. Qual a graça em tomar uma espadada no peito apenas para representar um castelo?

Tudo aqui gira em torno de propriedade e eu sempre achei isso ridículo. Não me encaixo em, basicamente, nada que diz respeito ao império.

Sei que meu pai pretende, logo, me casar com alguma princesa para que eu sirva para o império de algum modo, afinal meus irmãos já tem seus destinos traçados. Não que seja ruim em afazeres relacionados aos deles, na realidade sou melhor lutador que Jeongin e entendo tanto de política quanto Seungmin, mas não tenho o mesmo interesse que eles possuem nesses âmbitos.

Inclusive, fui eu quem começou a ensinar a arte da guerra para Jeongin, quando ele tinha 8 anos. Agora, com seus 15, aproximando aos 16, ele almeja uma posição importante na guarda. Enquanto eu, seu tutor, chego aos meus 20 com nenhum interesse em conceder minha vida, meu corpo e minha alma a uma causa sem sentido. 

Eu e meus irmãos somos todos de mães diferentes, meu pai é praticamente uma viúva negra. Destruiu a vida de todas as mulheres que passaram em sua vida e não foi diferente com nossas mães. O único de nós que não pode falar isso é o Jeongin, meu irmão caçula, pois nem ao menos conheceu sua mãe, falecida no parto. Então todos nós fomos criados por empregadas, obvio que o imperador não ia parar seu tempo para criar seus filhos.

Enquanto meu irmão mais novo tem a mim como um tutor e conselheiro, Seungmin me vê como um desocupado. Afinal, é assim que vê todos os artistas do reino. Não me importo com sua perspectiva quanto a minha pessoa, muito pelo contrário, aproveito este pensamento para debochar da cara dele sempre que vem me pedindo ajuda com alguma questão política. Um futuro imperador se aconselhando com um artista maltrapilho, que escândalo.

Minha relação com Seungmin nunca foi muito próxima, temos uma diferença menor deidade, mas seguimos caminhos muito diferentes. Enquanto ele é um cego servente de meu pai e do império, eu costumo questionar muito. Meu irmão sempre condenou minhas atitudes, minhas vestes, minha forma de ver o mundo, enfim tudo que me representa representa. Existem momentos que eu acredito que isso seja inveja, porque eu sempre entendi mais de política e do império que ele, mesmo sendo mais ativo nas funções reais, ele sempre me pedia ajuda para entender certas coisas.

Talvez, pelo fato de entender mais de política, que não compactuo com a forma carrasca e perversa que meu pai governa. Existe muita pobreza ao nosso redor e dentro do castelo, jogamos mais comida fora que comemos, é ridículo. 

Quando percebi que, só o valor das tintas que meu pai trazia para os artistas pintarem seus ridículos quadros de retratos de família e/ou conquistas poderia alimentar famílias, foi quando percebi que não era esse tipo de arte que eu queria seguir.
Compro minhas telas e tintas dentro da cidade mesmo, e é sempre um grande escândalo, meu pai odeia e isso me distancia dele cada vez mais. Porém, nunca me importei em ter uma aproximação com ele. Não se trata do tipo de pessoa que você quer criar um vínculo.

Sei que meus pensamentos não servem de nada se não me rebelar contra esse regime de governo injusto, mas não tenho mais muita perspectiva de mudar. Sem esperanças, sigo minha vida sem nenhum interesse em alegrar meu pai.
Não se trata de começar uma revolução, mas de ser um símbolo para tal. Talvez, um dia, consiga exercer algum dos inúmeros planos que já tracei para derruba-lo.