Capítulo 18

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Acordei com uma saudade gigantesca de Hyunjin. Dói demais sentir que não temos controle sobre nossos destinos. Pelo que entendi o pai dele era tão cruel com eles quanto com todos, então temo que ele possa estar sofrendo de alguma forma. Mal consigo suportar a ideia de que ele pode estar preso, sem comida ou água, sofrendo, pelo simples fato de ter me libertado.

-Ele vai voltar, Lix. Tenho certeza que está sentindo tanto sua falta como você a dele. -Jisung fala me entregando uma xícara de chá.

Sorrio fraco para ele, mas não consigo sair de meus pensamentos. E se ele está preso? E se está sendo torturado neste momento? E se está sendo privado de comida e água? Ele está vivo?

-O imperador é um homem cruel, mas tem um apresso por Hyunjin, não vai se livrar dele. -Lino enfim fala e me tira de meus devaneios.

-Tenho medo do que ele possa estar sofrendo.

-Hyunjin sempre liberta escravos, você pode ter certeza que não é nada de que ele não esteja acostumado.

Jisung percebe meu olhar de ciúmes. De certa forma, ele pode ter se envolvido com outros escravos também. Logo tratam de me tirar destes pensamentos também.

-Claro, nenhum foi na mesma proporção que você. -Jisung fala dando uma cotovelada em Lino.

-Sim, sim. Claro. Nunca vi Hyunjin se envolver com ninguém. Ele libertava escravos por pena... -Lino recebe nossos olhares, o de Jisung com raiva e o meu acompanhado de um sorriso, acho engraçada a situação. -Não que ele tenha pena de você... ou teve... na verdade.

-Lino, amorzinho, cala a boca! -Jisung o interrompe.

Solto uma risada sincera não conseguindo mais me segurar, Jisung me acompanha em seguida, mas Lino ri tímido e com rubor em sua face. Entendo completamente o que querem dizer e realmente acredito que Hyun não tenha se apaixonado por outros escravos. Nosso sentimento e nossa troca são muito verdadeiros. Algo que acontece apenas uma vez na vida.

POV Hyunjin

Ao retornar ao castelo me direciono rapidamente a minha torre. Como nunca saio dela, acredito que esteja seguro lá. A torre torna-se um gigantesco buraco vazio sem a presença de Felix. Caminho com pesar por onde ele esteve, sentindo sua falta, sabendo que provavelmente ele nunca pisará aqui novamente, nunca mais a luz do luar que entra pela claraboia irá iluminar sua linda face, me apego as pinturas que possuo dele, nenhuma chegando aos pés de sua beleza. AO me deitar na cama busco seu cheiro, algum vestígio gravado de sua presença, de nossos momentos. De repente alguém quebra o silêncio de minha solidão golpeando ansiosamente minha porta.

-Doonkin? O que aconteceu? -Encontro meu fiel e leal amigo, assustado e ofegante.

-Senhor... o imperador está furioso por conta do escravo. -Ele pausa para recuperar o fôlego. -O senhor precisa partir. -Me pega pelo braço e me arrasta no corredor.

-Espera, espera. -Faço ele parar um instante. -Eu sabia que meu pai iria me castigar, estou pronto...

-Não senhor, o senhor não está! -Ele me interrompe preocupado e ofegante. -O senhor não entende, nem eu entendia até ver.

-Ver o que? Do que você está falando?

-De Felix senhor. Ele tem traços muito semelhantes a primeira esposa de seu pai. Os olhos puxados, as sardas no rosto, a boca desenhada. É por isso que o imperador estava completamente obcecado por ele. E é por isso que o senhor Seuming foi torturado e está preso. O senhor precisa partir.

-Espera, ele torturou meu irmão? Como? Onde ele está? -Me solto de seus braços e saio em direção as celas para resgatar meu irmão.

-Senhor, por favor o senhor tem que ir. Eu mesmo lhe garanto que libertarei o senhor Seungming, mas o senhor precisa ir. -Doonkin fala me seguindo, desesperado.

-Não Doon... -Paro por um momento para explicar-lhe. -Meu amigo, eu sei que quer me ajudar, mas meu irmão está nessa situação por minha culpa. Preciso resgata-lo.

Saio em disparada deixando Doonkin para trás. Preciso encontrar meu irmão. Meu corpo todo treme com medo de como ele pode estar, e por culpa minha, não poderia tê-lo envolvido, eu deveria ter libertado Felix sem ajuda. Além da dor física, mal posso imaginar como está seu coração, afinal Seungmin sempre foi muito leal a meu pai, sempre seguiu seus passos e esteve ao seu lado em todos os momentos. Entendo que meu irmão o admira, mesmo discordando de algumas atitudes de nosso pai. 

Ao entrar onde aprisionam os escravos vejo Woonjin a minha espera. Sei que me aguarda. Passo por ele que me olha com um sorriso maléfico e sai em disparada. Tenho certeza de que ele vai ao encontro de meu pai, mas não consigo me importar neste momento.

Encontro Seungmin em uma das celas minúsculas e escuras onde os piores escravos são aprisionados. Discuto com um dos guardas até que consigo adentrar e ir a seu encontro. A visão que tenho me apavora. Ele está com uma túnica igual a que os escravos utilizam, está com um olho roxo e a boca cortada. Percebo que está fraco e muito machucado, também que está com uma de suas pernas acorrentadas. Não consigo me segurar e choro ao seu lado. Como meu pai foi capaz de fazer tais atrocidades com o filho que está sempre ao seu lado.

Quando vou abraça-lo vejo as marcas em suas costas. Ele foi açoitado.

-Eu sinto muito. -Falo com minha cabeça encostada na dele, chorando. -Me perdoa, maninho. Me perdoa.

Ele fala com fraqueza e não consigo lhe escutar, então aproximo meu ouvido para entender.

-Você sempre teve razão, ele é um monstro.

Choro mais um pouco abraçado nele então tento levanta-lo. Quero tirar ele daqui o mais rápido possível e leva-lo para ser cuidado. Então sou interceptado por Woonjin.

-O imperador quer vê-lo. -Fala com um grande sorriso no rosto.

Seungmin me abraça forte.

-Tudo bem, maninho. Não vou te deixar aqui.

Ele faz um sinal negativo com a cabeça e lágrimas escorrem de seu rosto.

-Ele vai mata-lo. Hyunjin. Não vá. Ele vai mata-lo. -Sinto o desespero na voz fraca de meu irmão.

Então percebo que o desespero de meu irmão era com o meu destino, não com o dele. Então abraço-o novamente e me direciono para atravessar Woonjin.

-Primeiro levaremos meu irmão até seu quarto para ser cuidado, depois aceitarei qualquer destino que me aguarde.

-O senhor realmente acha que tem direito a barganhar? -Woonjin me pega pelo braço então olho em seus olhos.

-Quer tentar? Não se lembra da última vez?

Woonjin me encara com receio e acaba por me soltar. Então encaminhamos meu irmão até seu quarto, com muito cuidado. Woonjin já perdeu em lutas corpo a corpo e duelo de espadas, então sabia que não arriscaria novamente. Afinal, o imperador tinha planos maiores para mim, ele não poderia arriscar ganhar ou perder em uma luta comigo, este não era o momento. 

Deixo meu irmão confortavelmente em seu quarto, aos cuidados de empregados qualificados e dou um beijo de despedida em sua testa. Talvez esse seja de fato meu fim, mas o que vivi valeu a pena. Só de ter a certeza que meu amor está a salvo, de nada importa o que me aguarda. Partirei deste mundo levando Felix em meus pensamentos, ele está carimbado na minha pele, sinto sua presença em minha alma e, até o último pulsar, meu coração será dele.

Império - HyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora