Capítulo 32

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Apressadamente chegamos em uma localização do castelo onde vejo Lino bastante ferido. Sua testa está amarrada com uma faixa manchada de sangue, as vestes rasgadas mostrando seu braço dominante com um gigantesco corte e o sangramento sendo contido por outra faixa que um de seus soldados está aplicando. Mesmo assim meu amigo recebe-me com um sorriso triunfante em seu rosto.

– Meu amigo. – Aproximo-me expressando minha preocupação.

– Ferimentos de vitória, meu amigo, não se preocupe. – Ele deposita a mão em meu ombro sinalizando satisfação.

Não consigo disfarçar o pesar em meus olhos e a preocupação aparente. Com Lino ferido, a missão de lhe transmitir a mensagem dos prisioneiros se torna ainda mais pesarosa. Olhar nos olhos de meu amigo ferido e informar que seu amado está correndo grande risco de perder a vida é mais um dos itens de frustração deste momento. 
Lino olha em meus olhos e percebe que tenho algo por trás de minha expressão pesarosa. 

– O que aconteceu? Perdemos muitos soldados? – Ele assume uma expressão preocupada.

– Meu amigo. – Hesito, afinal, sabemos que nossas vitorias não se comparam ao que podemos ter perdido.

– Hyunjin, fale de uma vez. Perdemos? – Lino me questiona impaciente.

– Creio que Jeongin foi capturado, as tropas que avançavam pelo Leste invadiram o interior do castelo.

– Precisamos agir, não podemos perder nosso imperador. – Ele fala bravamente e toco seu ombro que não está ferido.

– Meu amigo, as tropas invasoras... eles... – O peso da mensagem me abala. – Eles capturaram Felix e Jisung.

Lino me encara completamente assombrado perdendo a cor de seu rosto. Seus olhos vagam pelo desconhecido, percebo que sua respiração acelera e ele levanta impulsivamente, mas logo se abala pelos ferimentos.

– Precisamos agir, e rápido. Hyunjin, precisamos fazer alguma coisa. – Ele agarra desesperadamente minhas vestes e percebo que seus olhos estão marejados e expressam total desespero.

– Meu amigo, nós vamos, mas você precisa se recuperar. – Tento acalma-lo para que o sangramento de seus ferimentos não se intensifique.

– Não ofertei esta opção. – Novamente ele se levanta e agarro seu braço.

– Lino, isso é uma ordem, você permanecerá aqui! – Tento ser mais firme.

– Senhor, não poderei acata-la. – Ele abaixa a cabeça e segue seu caminho. – Aceito meu destino senhor, o que surgir em meu caminho, aceitarei de bom grado.

Sigo meu amigo que fala avançando com a espada em seu braço não dominante. A fragilidade de seu estado atual parece sumir mediante a pressão que enfrenta.

Com temor avançamos juntos ao resgate de nossos amados e de meu irmão sem saber ao certo o que nos aguarda e com poucos soldados em nossa retaguarda.

Ao chegar nos arredores do trono identificamos, ao longe, a posse dos inimigos e percebo meu irmão sendo apresentado como prisioneiro. Vitorioso, nosso inimigo começa um discurso de honra, batendo no peito e se gabando por sua vitória.
Após o término de seu discurso um dos soldados que está ao lado de meu irmão posiciona a espada em seu pescoço.

– Senhores. – Chamo a atenção de todos. – Não precisamos de tamanha violência.

O líder agora se volta a nós e ri, puxando riso coletivo de seus soldados ensanguentados.

– Que honra os maiores guerreiros do império aqui, implorando clemência.

Lhe oferto um sorriso debochado e resolvo amenizar a situação. Não consigo abaixar minha cabeça para tão covardes seres. Mais uma batalha não será problema.

– Como é possível?... – Ele me observa com olhar confuso. – Um homem tão pequeno, com um ego tão gigante?

Dessa vez eu que recebo risos da plateia e percebo seu olhar de ódio direcionado a mim. Mesmo assim não me movimento de minha posição escorado no parapeito de onde o observo. No mezanino onde estamos os soldados ficam mais ao longe se apoiando na escuridão, assim podemos, talvez, ter um elemento surpresa. 

Ele abaixa o olhar e sorri, tornando seu olhar desafiador para mim.

– Nada diferente de seu pai, o carrasco. – Ele caminha teatralmente pelo trono impondo sua voz para ser ouvido com clareza – Inclusive, gostaria muito de uma reunião com o imperador, mas antes...Encontrei alguns 'tesouros' escondidos em alguns aposentos. – Ele aponta para alguns soldados que trazem Felix e Jisung como prisioneiros.

Lino fica tenso e, em um impulso pega sua espada, porém o contenho. Tento manter a postura para não me deixar abater, mas é difícil ver meu amado, mais uma vez, como prisioneiro e não poder fazer nada.

Ele pega o rosto de Jisung e analisa nossas expressões silenciosas, identificando a raiva nos olhos de Lino. Quando passa para Felix, não consigo conter minha expressão, embora desempenhe muito esforço para tal. Meu oponente sorri vitorioso ao perceber qual, de fato, é meu ponto fraco.

– Entregue-nos o imperador e podemos conversar.

– Você já está com ele, senhor. – Falo apontando para meu irmão.

– Acha que sou idiota?

– O senhor quer mesmo que lhe responda. – Novamente recebo risadas do público.

Ele empunha a espada no pescoço de Felix. Lágrimas escorrem pelo rosto de meu amado, sua expressão de pavor atinge meu peito fortemente e revira meu estomago, mas tento me manter estático para não demonstrar fraqueza.

– Aquele maldito não teve piedade alguma ao executar toda minha família, empobrecer nosso povo e sequestrar jovens para escraviza-los. – Ele praticamente grita, demonstrando tamanho ódio. – Nosso povo sofreu nas mãos do maldito, então não me venhas com um falso imperador para livrar este cretino.

– Acredite, meu senhor. Eu nunca livraria aquele monstro. Podemos conversar com calma e resolver isso em paz...

– PAZ? PAZ? Agora o seu povo resolve falar em paz? Depois de tudo que seu pai fez, acha mesmo que acreditaremos nessas palavras vazias? – O público clama em aprovação.

Ele agarra o rosto de Felix com mais força e observa o medo em seus olhos. Então volta a me observar e não consigo mais esconder meu desespero ao presencia-lo segurando com tanta brutalidade aquele que tem todo meu amor. Sinto que, a qualquer momento, posso perder absolutamente tudo.

A cena que presencio é completamente desesperadora. Meus amigos a mercê do inimigo, Lino ao meu lado em desespero e sendo segurado para não agir sem pensar, Jisung com os olhos cheios de medo e lágrimas, meu irmão ajoelhado com uma espada em seu pescoço e o amor da minha vida com o rosto nas mãos de um homem repleto de sangue do meu povo.

Meu coração gela e não consigo imaginar uma melhora nessa situação, apenas aceito o que o destino tiver para mim, mas certamente darei minha vida pelos prisioneiros a minha frente. 

Império - HyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora