Capítulo 11

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Narração

Ao retornar a seus aposentos Hyunjin encontra o pai chegando de viagem, lhe recebe com um sorriso sínico e segue caminho sem trocar palavras. O imperador estuda o caminho realizado pelo filho e entende de onde ele havia saído.

Com raiva por não desejar esse contato de Hyunjin com Felix, ele comanda que o prisioneiro seja trancafiado em outra cela, menor e mais desconfortável, com 6 guardas de prontidão.

Ao anoitecer comanda que tragam o rapaz em outros trajes reveladores e usurpa de seu corpo novamente, sem importa-se com a visível desnutrição e hematomas em seu corpo.

Felix passa a receber menos que uma refeição por dia, o que o deixa muito magro e fraco. Suas necessidades são feitas em um balde aos pés de sua cama. Só é retirado de sua cela para banhar-se, mesmo assim precisando de ajuda dado seu estado de fraqueza. Em poucas semanas seria seu aniversário, mas sem motivos para comemorar ou ao menos acreditar que chegará vivo até a data, não pensa muito sobre isso.

👑

Pov Hyunjin

Desde meu encontro com Felix, não consigo mais encontra-lo. Imagino que esteja em algumas das celas minúsculas que meu pai tem em outra extremidade do castelo, mas sou impedido de me aproximar. Fico irritado, mas não desisto de encontrar aquele doce rapaz. Quando o encontrei estava, visivelmente, machucado e magro, temo que essa situação tenha se agravado, afinal, para meu pai, a única resposta para absolutamente todas questões que lhe surgem é o ódio, raiva e castigo. Sei que ele descobriu sobre nosso encontro e me afastou dele como um castigo, mas não descanso até encontrá-lo.
Em mais uma de minhas empreitadas noturnas buscando por ele, vejo que os quatro guardas que sempre estão a postos no quarto de meu pai agora não estão. Creio que ele esteja se preparando para mais uma viagem.

Com a ausência de meu pai, em um ato de completo desespero, me infiltro no único lado do castelo ao qual eu tenho total acesso, mas nenhuma vontade de ir.

Bato a porta e sou recebido com um olhar sonolento.

-Por favor, preciso da sua ajuda, é vida ou morte.

-O que você aprontou agora, Hyunjin? -Seungmin me pergunta com desprezo.

-Por favor, irmão, o prisioneiro que papai trouxe a uns meses, ele pode estar precisando de minha ajuda. Preciso que localize ele e, de alguma forma, traga-o até mim. -Suplico com olhar genuíno de preocupação.

-Hyunjin, se você soltar mais algum prisioneiro sobre minha supervisão sabe que serei afastado de meus afazeres e não posso me dar ao luxo de atender a seus caprichos. -Se afasta e tenta fechar a porta, mas o impeço com uma mão.

-Caprichos? Olhe no fundo dos meus olhos e me diga que é justo o que ele faz com essas pobres pessoas.

-Ele? O imperador, você diz! Dirija-se a nosso pai com mais respeito.

Suspiro profundamente e olho para o chão, buscando forças e coragem para me rebaixar a, novamente, suplicar por uma vida.

-Por favor, Minnie.

Meu irmão pode parecer um idiota carrasco, mas ele não é, só faz parecer para entrar nas graças de meu pai. Do nosso jeito torto, nos amamos e sempre estivemos ali um para o outro. Nós três somos uma família, independente de nossas ideologias arbitrárias.

Ele não parece se sensibilizar comigo, mas em segundos olha para mim e fala.

-Madrugada, no forte ao norte do castelo, aquele que fica totalmente escuro e vazio. Esteja lá, hoje sem falta. Se você não estiver, eu mesmo jogo aquele garoto no poço.

Abracei meu irmão, que se encolheu ao meu toque e sai apressadamente antes que pudesse mudar de ideia.

Não consigo ficar parado em um só lugar, ando de um lado para o outro. Devem ser duas horas da madrugada e qualquer mísero barulho que escuto em meio a escuridão fico em sinal de alerta.

Ao longe, em meio a escuridão, observo duas silhuetas, um misto de sentimentos invade meu peito. Vejo meu irmão puxando o escravo pelo braço, com um saco na cabeça e mãos amarradas nas costas.

-Precisava ser dessa forma? -o advirto.

-Você o quer ou não? -Ele sussurra irritado.

Ele me lança seu braço e some, apressadamente, em meio a madrugada. Só então observo-o. Minha mão parece enorme diante de seu braço fino. Ele está visivelmente muito mais magro e castigado. Hematomas tomam seu corpo e a forma como está tremendo e olhando para o chão sem a menor visibilidade demonstra o quanto está assustado.
Após dois ou três passos identifico que sua respiração está ofegante e está tropeçando em seus pés. Precisamos chegar o mais rápido possível à torre, então o carrego em meus braços. Seu peso parece de uma criança, ele nem ao menos move seus braços para segurar-se em mim. Sinto um tremendo aperto em meu peito, ele está com medo, apavorado, mas não é de morrer, é do sofrimento que sente que vai lhe receber.

Império - HyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora