Capítulo 14

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POV Felix

Abro meus olhos preguiçosamente e observo os braços de Hyunjin me envolvendo. Os momentos que passei com ele até agora foram incríveis, mas ontem foi especial. Ele foi tão doce, delicado e carinhoso comigo. Nos beijamos por um longo tempo, depois deitei minha cabeça em seu peito e ele acariciou meus cabelos carinhosamente até eu adormecer.

Enquanto ele dorme, fico admirando seu peito subindo e descendo. Quero morar aqui, neste momento, com ele, para sempre.

Sinto ele se contorcer um pouco em sinal de que vai acordar e resolvo sair para que fique mais confortável, porém sinto seus braços me puxando de volta.

-Onde pensa que vai? -Hyunjin fala com a voz rouca e baixa.

Sorrio para ele. -Não queria te acordar.

-Se for para olhar para seu belo rosto, pode me acordar a qualquer hora. -Ele fala enquanto acaricia minhas bochechas com uma mão e me abraça com a outra.

Não sinto mais nenhuma dor, meus hematomas sumiram, nem sei mais quanto tempo estou aqui, mas é uma perda de percepção de tempo muito diferente da que vivi no passado. Perco a noção de dia e noite pois, tanto a luz do sol, quanto a do luar, não são nada comparadas ao brilho de seus olhos.
Hyunjin sai por um momento para buscar nosso café da manhã. Todos os dias ele sai apenas para buscar comida para nós. Rimos, conversamos, lemos, ele pinta e eu persisto lendo, ou passeio pelo quarto para observar suas pinturas. Nada se torna tedioso porque, não importa a atividade que esteja desempenhando, a presença dele faz tudo melhor.

De repente batidas fervorosas na porta quebram o silencio do ambiente e as divagações em meus pensamentos.

-Hyunjin, Hyunjin, abre essa porta. Eu sei que você não acorda cedo, abre logo!

Entro em pânico e busco por um lugar para me esconder. Me encaixo entre umas caixas no canto, ao lado de um guarda roupa, que está coberta por um lençol. Tiro dali algumas telas e entro. Em seguida a porta se abre em um estrondo e vejo uma silhueta entrando e examinando o local. Um rapaz alto, mais ou menos da mesma altura de Hyunjin, entra no cômodo, analisa o entorno e, ao notar a ausência de qualquer pessoa, sai apressadamente.

Por um instante me sinto aliviado, pois ele não estava mesmo procurando por mim, pelo visto. Mesmo assim resolvo não sair de meu esconderijo até que Hyunjin retorne, pois o rapaz deixou a porta aberta e estou muito apavorado para sair de onde estou.

Depois de um tempo ouço passos apressados correndo em direção ao cômodo e, novamente, fico assustado, mas meu temor some ao identificar que é Hyunjin quem entra no quarto. Ele fecha a porta apressadamente trancando-a. Deposita uma bandeja que está em mãos à mesa.

-Felix? Felix? Diz que você está aí, por favor. -Sinto o temor em sua voz.

-Jinnie, eu estava tão assustado. -Falo correndo para seus braços. Ele me abraça forte.

-Meu amor, desculpe. Não fazia ideia que meu irmão me procuraria, ele nunca me procura.

Era o irmão dele. Por um momento arregalo os olhos, com medo do que o outro príncipe queria com Hyunjin. Ele identifica o medo em meus olhos.

-Está tudo bem, meu amor. Ele está apavorado com a demora no retorno de meu pai e veio me pedir ajuda para entender algumas coordenadas. Acredita que uma guerra pode estar para iniciar.

-E ele sabe de mim? -Não consigo disfarçar meu temor.

-Foi ele quem me ajudou a encontrar e resgatar você. Como ele está acostumado às minhas atitudes, acredita que você já está bem longe.

Respiro aliviado, mas não saio de seus braços, nem pretendo sair.

-Jinnie? -Ele me questiona e sorri.

-Ah, desculpe, só... saiu. -Falo olhando para o chão encabulado.

-Eu gostei. -Aquele sorriso doce continua me observando. -Mas gostaria de pensar em um apelidinho para você também. Não consigo ser muito criativo.

Olho para baixo com bastante vergonha. Recebo um beijo na testa e, em seguida, ele me solta para arrumar a mesa para nosso café.

-Lix.

Ele me olha curioso e volta a se aproximar, me abraçando.

-Lix. Minha irmã Faith costumava me chamar de Lix. Ou Lilix quando queria algo de mim ou só ser fofa.

-Lilix... combina com você. É fofo. -Ele fala acariciando minha bochecha.

Respondo ao seu sorriso bobo com o meu próprio e recebo outro beijo carinhoso na testa.

Após o café Hyunjin me mostra que trouxe uma surpresa para mim. Um violino.

-Não sabia se você ia gostar, mas lembro da primeira vez que te vi. Você estava tocando e achei que poderia ser algo que gostasse de fazer.

-Eu amo, de verdade. Obrigado, Jinnie. -Recebo com um grande sorriso no rosto.

Tocar violino sempre me acalmou. Eu costumava tocar quando Casey era pequena. Tinha um violino que passou de minha mãe para Faith, depois para Casey. Na verdade, as meninas nunca souberam ou gostaram de tocar. Faith era a única que gostava da melodia, mas odiava tocar, então era eu quem tocava para elas. Certa vez eu e Faith fugimos de nossas obrigações e fomos a um ponto muito distante da floresta onde colocamos uma toalha no chão, fizemos um piquenique e ela me ouviu praticar. É uma lembrança tão gostosa, de um dos adoráveis momentos com a minha pessoa preferida no mundo.

Neste momento, enquanto estou tocando esse violino, claramente muito melhor que o de minha família, olho a admiração nos olhos de Hyunjin. Tenho nele uma sensação de proteção, de casa. Parece que a Faith se tornou um anjinho e trouxe ele para meu caminho. É um sentimento gostoso. 

Império - HyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora