14 | alice starts crying again.

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Eu sentia calafrios em pensar que depois dessa noite, ela saberia de toda a verdade.

A verdade só é boa quando não passa anos escondidas. Segredos revelam portas, caminhos e destinos diferentes. E esse segredo que eu escondi dela, a machucará tanto que temo que ela não volte a confiar em mim.

Eu conhecia minha mulher, sabia o quão ruim ela interpretaria aquilo.

– Então, comece a jogar. – Ela disse, nunca desviando seus olhos do meus. Havia um desafio eminente neles, brilhando com tanta intensidade.

– Comece você. – Eu retruco, erguendo o queixo em sua direção. Seus brilham com divertimento.

Natália é uma mulher de personalidade exuberante e imprevisível, pintando um retrato único de loucura e intensidade. Ela vive ao ritmo de um universo caótico e vibrante, onde a normalidade não encontra espaço para se alojar.

Sua mente é sua ratoeira. Seus olhos são os espelhos da diversão e adrenalina que existe em seus olhos.

Desde o primeiro olhar, é evidente que existe algo inquietante em sua aura, uma energia elétrica que faz com que as pessoas ao seu redor fiquem desconcertadas e intrigadas. Talvez tenha sido por esse motivo que desde o primeiro olhar ela me encantou, sempre com desafios na ponta da língua. Seus olhos brilham com uma luz selvagem e desafiadora, isso que intrigou.

Isso quase me matou de amor. Meu coração doía só de pensar que eu não veria novamente a menina ruiva dos olhos imprudentes. Mas aqui estamos, anos depois, com um tabuleiro em nossa frente, separando duas verdades.

– Você quer saber tudo? – Eu pergunto, fazendo questão de olhar em seus olhos. Ela me dá um sorriso divertido, concordando enquanto libera o ar de seus pulmões.

– Tudinho e com os todos detalhes se puder, docinho.

Ela não achará nada divertido depois que souber de toda a verdade.

– Vai se arrepender profundamente. – Eu aviso, olhando em seus olhos verdes.

Seus ombros se erguem, em desdém.

– É um risco que corremos, não é? – Ela diz.

– Promete que não vai me odiar? – Eu pergunto, com as palavras amargas saindo de meus lábios e atingindo seu coração.

– Não, não prometo.

E simples assim, com dedos finos e delicados, ela moveu a primeira peça do tabuleiro quando seus olhos desafiaram os meus.

Ela nunca iria me perdoar.

Sua loucura havia um limite, e eu sabia que tinha extrapolado todos eles. Essa Natália que estava sentada em minha frente não era mais a Natália assustada e indefesa. Essa, era a Natália que viraria minha inimiga caso fosse necessário, apenas defender sua verdade.

– Então... Como a gente se viu pela primeira vez? – Ela pergunta distraidamente, olhando as peças.

– Com os olhos. – Eu respondo, secamente.

Ela me olha, boquiaberta.

Eu movo a minha primeira peça, não olhando em seus olhos. Aquela conversa traria grandes riscos, grandes chances de mortes.

Os pensamentos de Natália estão em constante movimento, voando de uma ideia para outra sem qualquer restrição.

Ela é uma força da natureza, capaz de subverter todas as regras e ir além dos limites da sanidade convencional.

Ela solta um suspiro, ignorando minha última fala enquanto observa o tabuleiro em sua frente.

– Como eu morri? – Sua pergunta é baixa, quase um sussurro.

IRON HEART | 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora