24 | Scarlet Blood In You.

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Humanos possuem um coração. Polvos possuem três. Minhocas, cinco.

E a Natália? Não. Ela não tem nenhum.





































































CAPÍTULO VINTE E QUATRO.

Christopher Karloe.

Existem pessoas que entram em nossas vidas para ficar. Outras, que apenas são uma distração, para logo partirem para longe, como um vento passageiro. Ninguém fica, no fim das contas. É difícil você encontrar alguém que seja eterno, além das memórias que ela pode deixar para trás, como um pequeno lembrete para não se esquecerem de seus sorrisos, sua risada, seus choros, seu cheiro.

A memória, mesmo que não seja eterna, ainda é poderosa e curável. Um cheiro antigo, uma lembrança de uma receita doce, ou como o som de risada que você quase não pode mais se lembrar. Tudo se vai incluindo as memórias.

Nada é para sempre.

Fazer nosso nome na Terra é temporário e inútil. Perder nosso tempo pensando em fama, em carisma, em reputação, é inútil e relevante. Enterramos conosco nossos ossos e nossa pele gelada, nossa memória será derretida para nunca mais ser vista outra vez.

Isso me acalma, em partes. Não quero que todos se lembrem de mim, como também não desejo ser esquecido. Tenho para mim que, no fim das contas, tudo que eu cometer na vida será esquecido. Os abusadores, os assassinos, os monstros, os médicos, os bondosos... Não importa.

Acho que essa é a razão pela qual eu nunca me importei pela Natália ser o oposto de mulher que eu estava procurando. Ela é má. Ela gosta de ser cruel, travessa, ela não tem pena e dó de ninguém.

Sua vida é única e ela gosta de controlar ela dessa forma.

Por isso, quando vejo que Joanne - minha filha -, avançou seu corpo na direção de Natália, que tinha seus lábios estocados em um sorriso felino para ela, eu me coloquei entre as duas.

— Opa, não vamos fazer besteira, tudo bem?

Joanne me encara com irritação. Sua pele era escura, mas não como a de sua mãe. Seu nariz era largo, seus lábios grossos e seus cílios grandes, batendo em sua pele cada vez que piscava. Seus cabelos castanhos estavam presos em tranças cumpridas, que cobriam a parte de trás seu corpo.

Os olhos dela eram tão escuros, sem um traço dos meus azuis nos dela. Eles possuíam ódio ao encarar a ruiva jogada no sofá, sem mover um músculo.

— Quando você me soltar, eu vou matar ela! – Ela berrou, em meu rosto, a fúria transparecendo em casa traço e gesto seu.

Eu a encarei, seriamente.

— Vou ter que te prender, então?

Seus olhos vacilaram por um segundo, como se agora ela se lembrasse de quem eu sou de verdade. Não sou seu pai. Para o mundo, eu sou um cientista maluco e eu até gostava desse título. Joanne ficou com medo de mim.

Deixe-a, Chris... – Natália desdenhou, com a voz mansa. Nós viramos para ela. – Vira-latas não mordem, esqueceu?

Ela sorriu, com um sorriso felino.

Eu fechei meus olhos por alguns instantes. Aquilo não seria fácil...

— Ela me chamou de cachorro?! – Joanne gritou, indignada.

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