IRON HEART | 🔞

BÔNUS!

Sem um coração, não existe vida. Não insista nisso.

-- CAPÍTULO BÔNUS --

Eu não deveria estar aqui.

Eu deveria ser uma mulher sábia e fugir enquanto ainda tenho controle sobre minhas pernas. Perdi o controle sobre meu coração, sobre minha própria vida, sobre minhas vontades e desejos. Eu perdi minha alma.

Tudo que me resta é um corpo humano e um coração de ferro. Eu perdi tudo, por conta do amor.

Eu queria nunca o ter conhecido. De alguma forma ou de outra, ele destruiu minha vida. Ele fez eu me apaixonar por ele em cada detalhe, mesmo com seus erros notórios. E depois, eu me perdi em mim mesma e ele me trouxe de volta para um mundo que já não é mais o mesmo.

E me deixou. Ele me deixou aqui, sozinha. Eu o odeio por isso. Eu o odeio com cada osso do meu corpo, cada palavra não ditas por meus lábios, eu o odeio com todas as minhas forças.

Ele foi cruel, foi desumano ao me deixa num mundo onde a morte é o desejo que mais prevalece entre os vivos.

A morte se tornou um conforto e ele deveria estar aqui para tirar esse pensamento da minha mente com seus sorrisos.

Ele deveria estar aqui para me fazer querer viver.

Porque a única coisa que se passa pela minha cabeça agora, é desistir.

-Venha dar tchau para o papai, Pippo.

Eu não sei por qual razão eu vim em seu funeral hoje. Eu sei que seu corpo é falso, sei que as lágrimas do povo são falsas, sei que sua morte foi um alívio para muitos.

Eles temiam o Christopher porque não o conheciam.

Eles deviam temer a mim.

Christopher é louco, mas o mundo o tornou assim. Eles são os culpados.

Antes de condenar um louco, veja o que levou ele a ser assim.

Eu me aproximo do meu filho, que está sentado no banco da igreja, com o terno todo preto, sendo a única coisa clara o verde de seus olhos e o dourado de seu cabelo.

Eu estendi minha mão a ele.

É engraçado pensar que o vestido preto que uso foi costurado por Christopher, com suas mãos delicadas e cheias de talento. Eu o perguntava dia e noite, porque eu sempre quis um vestido escuro para ir jantar, mas ele nunca fazia dessa cor.

Ele sempre me odiou de preto, sempre alegou que essa cor torava meu brilho. Ele brincava ao dizer que devemos usar preto somente em funerais.

Então, eu nunca usei esse vestido. Deixei guardado no armário por anos.

Agora, eu uso o vestido que ele costurou para ir no funeral dele.

O destino é um homem engraçado.

- Felippo, venha.

Eu estendi minha mão em sua direção e ele segura ela.

Ele está com medo. Seus olhos tremem e enchem de lágrimas, que eu sei que é por medo de perder seu melhor amigo. Ele viu seu pai levar um tiro. Sua cabeça deve estar uma bagunça e se seu coração não fosse de ferro, eu diria que ele estaria quebrado.

Eu quero que ele se despeça desse corpo, porque ao dar adeus a seu pai, ele vai poder seguir em frente e sem esperanças de o ter de volta.

Eu caminho com ele até o caixão, e o pego no colo para que ele possa beijar o corpo falso.