38 | Morto, Mortinho, Mortão.

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     Pele pálida lisa, olhos fechados que cobriam seus intensos olhos azuis, lábios finos sem cor e rachados, cabelos da cor do sol, cor amarela como a alegria

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Pele pálida lisa, olhos fechados que cobriam seus intensos olhos azuis, lábios finos sem cor e rachados, cabelos da cor do sol, cor amarela como a alegria. Rosto angelical, traços delicados como anjo.

Tão lindo, tão delicado, tão morto.

Como é possível alguém ser lindo mesmo estando morto?

O sangue escorreu pelos meus dedos. Eu estava paralisada ao observar um cadáver enquanto o sangue escorria entre minhas mãos como um vinho barato que costumávamos avaliar juntos.

Eu pisquei. Uma vez ou talvez sete, mas pisquei.

Olhei ao redor e com os meus olhos, segui o caminho do sangue que me levava direto a fonte dele: o corpo de Christopher.

Não me lembro do momento em que joguei em cima do seu corpo, nem do instante perfeito que a minha mão ensanguentada batia em seu rosto, fazendo o sangue respingar em nós dois, numa tentativa falha de o fazer respirar outra vez.

Não me lembro do que aconteceu. Num instante, eu estava ao seu lado. No outro, a vida é a morte nos separavam.

— Acorda, Christopher... — Eu implorei aos sussurros da calada. Me vi incapaz de chorar. Eu chacoalhei seu corpo. — Acorda, por favor...

Eu encostei meu rosto no seu e não aguentei quando o senti gelado. Me afastei imediatamente e nele, eu o encarei com a maior dor que já senti.

Onde ele estava agora?

O que nos separava era o céu ou o inferno?

Então, eu chorei.

Ver o amor da nossa vida morto é sem dúvidas a pior sensação.

Um filme se passou pela minha cabeça. Os nossos anos bons, os aniversários que passamos juntos, as dores que enfrentamos, nosso filho...

E de repente, onde ele está?

Aqui não mais.

Uma vida pequena. Foi uma vida pequena que tivemos.

Uma vida pequena era o que nos foi destinou e não importa quantas vezes tentamos burlar isso, a morte sempre vai nos achar.

Eu segurei o seu rosto com os meus dedos finos e gelados enquanto águas salgadas caíam dos meus olhos.

— Acorda... — Sussurrei. — Não me deixe aqui sozinha.

Ele não abriu seus olhos.

— Ele não vai acordar. — Uma voz fez com que eu erguesse meu olhar. Ele se aproximou de um modo intimidante e eu me vi, então, sozinha. Não tinha ninguém para me proteger agora. — Você o matou.

Olhando nos olhos escuros dele, eu permiti que lágrimas rolassem assim que a acusação foi dita por seus lábios.

E eu...

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