Eu enfio a agulha alastrada em remédio ralo em meu braço estendido. A dor não vem enquanto o líquido se derrama dentro de mim, somente quando a agulha é retirada e gotas de sangue escorrem pelo meu braço. Com algodão, eu o sugo.
Descarto tudo. Suspiro aliviado em me encostar na cadeira de couro macio e sinto meu corpo relaxar aos poucos. É satisfatório a precisão de uma simples dose de medicamento. É como as drogas, não as que causam alucinação, mas as que te curam do veneno que seu próprio corpo solta contra você.
Segundos depois, há batidas leves na porta.
- Quer me ajudar a escolher meu vestido?
Era Natália, com sua voz rouca de sempre e seu doce cheiro após um banho de espuma em minha companhia. Seu aroma floresce ao meu lado. Eu concordo e ela abre a porta totalmente, entrando para perto.
Seu corpo esguio aparece em minha frente. A única fonte de cor vem como cachoeira em seus cabelos. Deus deve ter esquecido de pintar o restante do corpo, mas se lembrou de iluminar seus olhos e o encanto dos seus cabelos.
Com um imenso sorriso e com vestidos pendurados em seu braço, ela corre em esticar cada um deles sobre os sofás do escritório. Faz questão de deixar todos eles bem visíveis.
Eu sorrio.
- Qual você gostou mais? – Pergunta, mas antes que eu possa dizer, vejo pelos seus olhos transparentes qual é seu favorito. – Não me deixe te influenciar, por favor!
Eu assinto e concordo. Deixo meus olhos passearem por cada um daqueles vestidos descartáveis que ela usará uma única vez para jogar fora.
Branco, marrom, rosa...
Rosa, branco, marrom...
Marrom, rosa, branco...
- O branco. – Decido, atraindo sua atenção para mim, assim como aquele belo vestido atraiu a minha. Sorrio. - Eu gostei daquele.
Eu realmente havia gostado daquele. Amava os vestidos de Natália, todos eles. Era a única coisa que ela usava além de short e camisolas...
Ela inclina a cabeça e assente, mas vejo que o rosa teria sido sua primeira opção. Ela passa sua mão pelo vestido branco, transparente e largo, com um decote enorme entre os seios.
- Certo. Usarei esse, então. – Diz, com um sorriso. Ela pega em seus braços o vestido morrem e rosa e os joga na mesma lixeira que descartei a agulha maldita que me perfurou.
Natália não repete roupas e as não usa como segunda opção.
- Vou ir lá para baixo, tentarei ajudar a preparar a casa. – Suspira, já cansada. – Sabe que os empregados não sabem fazer nada sozinhos...
Ela se senta em minha mesa, de frente para mim e balança suas pernas brancas, distraída com suas unhas.
- Robert me disse que não avistou nenhum invasor desde ontem. – Conta. – Isso deve ser bom, não é? Eles devem estar se cansando de tanto tentar...
- Não pode culpar eles. – Digo, antes de me segurar.
Natália ergue as sobrancelhas e fica quieta, mas suas pernas não.
- Por que soltou a praga?
Suspira, como se o assunto fatal a cansasse. Revirou seus olhos de vidro e me olhou, entediada.
- Cortina de fumaça, eu já disse... – Murmurou.
A coisa ainda não entrava na minha cabeça de forma alguma.
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IRON HEART | 🔞
Hayran KurguNem a morte foi capaz de separar os dois. Eles se conheciam de 𝑜𝑢𝑡𝑟𝑎 vida.