34 | Alan, Onde Você Está?

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A multidão de corpos se alastrava em minha frente, com seus sorrisos polidos e ensaiados, com suas mãos no molde perfeito para segurarem minhas taças de champanhe caro, com seus vestidos bem passados e seus ternos escuros nunca usados. Risadas ecoam como a canção mais bonita de um violino.

Mas, meus olhos não queriam apenas enxergar seus corpos ricos, eu queria Alan, queria máfia, queria inimigos.

Alan, Alan, Alan... Onde você está?

Me espremi naquela multidão, em seus perfumes que me fizeram espirrar. Era muita gente, todos parecidos, com os homens carecas e as mulheres com longos cabelos escuros.

Cheguei atrasada após ir correr com Christopher e perder a noção do tempo. Quando vi, o sol já tinha ido dormir e tive que entrar pelas portas do fundo com Christopher colado em mim. Não sei onde ele está, nem se irá comparecer hoje à noite.

O que sei, o pouco que sei, é que a família dele está se divertindo bastante com nossos convidados.

Vejo um homem de cabelos negros, lisos, e sei que é quem eu procuro. Trato de caminhar até ele, desviando desses corpos frios, na temperatura certa para irem direto para o necrotério.

Ando com mais pressa até ele.

Alan, Alan, Alan...

Ele continua parado no meio da multidão!

Alan, Alan, Alan...

Ele deve estar rindo de mim pelas costas.

Alan, Alan, Alan...

Estou muito perto!

Alan, Alan, Alan...

Se eu esticar minha mão...

Um braço me puxa antes que eu possa alcançar tocar em seus cabelos.

E então, perco-lhe de vista.

- Essa aqui é a Natália. – Pisco diversas vezes, desnorteada, ofegante. Angelina sorri grandemente. - Você deve se lembrar dela indo até a ilha de vocês para fazer o convide.

Viro meu rosto e vejo para quem ela me apresenta. Três homens de terno escuro, com sorrisos amarelos, intenção mal faladas em seu rosto. Minha boca fica seca.

Dentro eles, Nikolai, o careca que vi. Seus olhos perversos, cheios de segredo, me observam com uma intenção notória. O que ele quer, eu não sei, mas ele quer algo.

Suspiro e tento buscar o homem de cabelos negros na multidão – não o encontro -, mas logo percebo que todos esperam que eu diga algo, Angelina chega a me beliscar para que eu seja ao menos educada.

Forço um sorriso e estendo minha mão coberta pela luva de couro, assim como as de todos nós. Passou a ser um hábito de todos.

Não sinto sua pele quente tocando na minha e isso basta para que eu relaxe mais.

- Como vai? Fico feliz por terem vindo... - Minto, trato de apertar a mão daqueles homens com firmeza. Eles sorriem para mim. – É de um grande prazer receber vocês.

- Sou Nikolai, é capaz de se lembrar? – A entonação de sua pergunta despertou minha atenção. Olhos em seus olhos e ele olha nos meus.

Assinto, então.

- Claro que me lembro de você.

Ele pisca malicioso para mim com seu sorriso repugnante e meus olhos quase reviram. O homem de cabelos grisalhos trata de chamar minha atenção para ele, se colocando em frente a Nikolai.

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