07 | around those who left.

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NATÁLIA VENERA.

Poucas coisas me irritam. Porém, muitas merecem meu estresse.

Eu odeio que respirem alto demais, odeio quando dizem coisas óbvias, odeio quando discordam de mim, e odeio, principalmente, quando não fazem o que quero.

Ou, quando olham demais para o que é meu.

Chris diz que isso é mesquinho e que eu devo mudar, mas afinal, por que eu mudaria? Não há nada de errado comigo, e eu não vou mudar porque outras pessoas não gostam do meu jeito. Elas têm que lidar com isso, assim como eu tenho que lidar com elas.

Eu estou me segurando para não matar essa mulher enquanto ela retira meu sangue. Ela tem tudo que eu detesto. Ela respira alto demais, ri demais, diz coisas óbvias e está olhando demais para Christopher.

O meu Chris.

-... Aquele ano foi o melhor da minha vida! Eu fui para Maldivas, e posso dizer que foi uma viagem incrível, Chris... - Ela tagarela, sem tirar os olhos dele, nem sequer olhando para mim.

- Ninguém perguntou. - Eu a interrompo, seriamente e alto demais. A mulher pisca, espantada e desconfortável quando me olha.

Seu sorriso diminuiu.

Ela parece desconfortável, e isso me agrada bastante.

- Desculpe, o que disse? - Ela perguntou, rindo de nervoso. Eu me segurei na cadeira quando escutei sua risada forçada e nervosa.

Como alguém pode rir tanto? Eu nem fiz minhas piadas ainda.

- Eu disse: ninguém perguntou. - Eu repito, com mais firmeza. Ela me encarou por segundos, antes de forçar uma tosse e retirar o acesso do meu braço, colocando o sangue no tubinho.

Christopher estava me encarando, mas eu não olhei para ele. Não precisava. Sabia que suas jujubas azuis estavam me olhando com admiração ( ou repreensão). Geralmente ele gosta de tudo que faço, ou falo.

- Por que você fala demais? - Eu pergunto, inclinando minha cabeça. Ela abre a boca e a fecha várias vezes, sem saber o que responder. - Por que está quieta agora? Cansou de falar?

- Eu...

- Natália. - Sua voz é quase um suspiro de alerta. Meus olhos não saem do rosto da morena, que parece tão sem graça.

Se passam longos quinze segundos, até que ela olhe para baixo e force uma tosse para se dissipar o mais rápido possível.

- Bom, eu vou mandar o seu sangue para análise e pedir os resultados dos exames com urgência e já libero vocês para a viagem. Com licença. - Ela saiu da sala quase correndo, nem sequer se preocupando em colocar uma curativo em mim.

Então eu mesma faço, colocando um adesivo vermelho em meu braço, mais tranquila quando não ouço sua voz aguda em meus ouvidos delicados. Isso me alivia demais, o silêncio é uma massagem.

Há certas vozes que são capazes de tirar minha paciência, especialmente quando essas pessoas são morenas.

- Natália. - Sua voz profunda e rouca me chama, como o diabo chama o anjinho para o meio do inferno.

Eu olho para ele então, sentado numa poltrona em minha frente, os braços apoiadas em seu joelho e seu rosto apoiada em suas mãos.

Ele parece tão malvado e cruel agora, especialmente quando seus olhos estão cerrados em minha direção.

Eu inclino minha cabeça para o lado, me fingindo de desentendida.

- Sim?

- Você não deveria falar assim com as pessoas, é falta de educação. - Ele me repreende, mesmo eu apostando que ele se sentiria orgulhoso de mim.

IRON HEART | 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora