29 | 72 Hours Before.

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Dê dois passos para trás antes de pular do penhasco para pegar impulso.















































— CAPÍTULO VINTE E NOVE —
Natália/Abigail.

Não existe nada mais poderoso que a dor de uma injustiça. Frustração é um sentimento normal em seres humanos, geralmente aplicados quando algo sai dos eixos, quando um caminho escorrega. A injustiça não é longe disso.

A diferença entre as duas é que a frustração vazia se torna em tristeza, decepção. A injustiça se torna a raiva e o ódio em poucos segundos. Se torna o rancor.

Acredito que sinto isso há anos. Que injustiça, mas que coisa injusta, por que vocês são injustos comigo, o que eu fiz para merecer essa injustiça...!

Os pensamentos dançam dentro e mim. Consigo sentir eles na minha barriga. No meu pelos, no coração fantasma. Eles nunca me abandonam.

Como pode um homem tão podre vencer o tempo todo?

Será que as pessoas fazem essa mesma pergunta sobre mim?

As cartas estavam todas espalhadas as pelo chão. Elas tomavam o tapete do meu quarto. A sacada estava aberta e algumas delas voavam em direção a piscina, molhando a caligrafia ridícula de Alan e suas palavras hediondo.

— Devia ter me mostrado elas antes...

A decepção em sua voz me acordou da névoa de pensamentos. Agachado no chão, ele leu algumas. Não as quais revela coisas sobre meu passado, como meu nome, como minha origem, minhas histórias.

Não era assim que eu estava planejando que nossa noite terminasse.

— Desculpa. — Maneio a cabeça, atordoada. Olho para seus olhos. — Eu não queria que ninguém soubesse. São minhas cartas e eu estava pensando no que fazer com elas. — Queimar, meu cérebro gritava. — Mas eu guardei. Estão aí agora.

Ele assente, apesar de tudo. Ele me entende. Todos nós temos coisas dais quais sentimos vergonha ou um apreço.

Desde o dia que nasci, sinto que a vida não foi justa comigo. Talvez eu esteja sendo dramática e irreal, não enxergo meus próprios atos e ás vezes finjo que não tenho mão para não a ver bananada de sangue. A minha forma de lidar com isso foi sendo injusta com outras pessoas também.

Se a minha vida é um erro escrito em papéis amarelos no escritório do meu pai, a sua foi e será escrita por meus dedos em papéis vermelho.

— Quem você acha que contou?

A minha pergunta faz ele se calar, com os olhos e pensamentos grudados nos meus. Eu conseguia ler a confusão da sua cabeça.

— Ninguém traiu ninguém. Tire isso da sua cabeça. — A voz sábia disse, soando como uma ordem. Mas eu não conseguia. Era um martelar insistente que chegava a dor, que persistia nessa ideia absurda.

Chris segurou meus ombros, me chacoalhou, me acordou.

Ninguém traiu ninguém.

IRON HEART | 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora