A Morte, numa noite fria, sussurrou para a Vida: você não existe sem mim.
E a Vida, concordou e sussurrou de volta: e você não é nada sem meu sopro.
— CAPÍTULO VINTE E TRÊS —
Natália Venera.
A morte e a vida são dois fenômenos do amor, acredito eu. Acredito não, tenho certeza disso. Quando penso em eternidade, quando penso em amor, em paixão... A morte e a vida me vem à mente. As duas... São exemplos perfeitos disso.
Nunca andam de mãos dadas, mas sempre se encontram no fim do túnel.
A morte e a vida são dois pares perfeitos.
Um não existe sem o outro, um se torna insignificante sem o outro. O fenômeno da vida e da morte só é bonito e relevante quando ambos estão juntos, numa melodia sincronizada, num cantar só, numa dança única e interminável, como se o Tempo estivesse parada apenas para observar os dois dançarem a música da criação da vida e da fatalidade.
Tão opostos, tão perfeitos um para o outro... Mas tão, tão errados.
O que a Vida viu na Morte?
Um fim? Um alívio? Um descanso?
O que a Morte viu na Vida?
Esperança? Luz no fim do túnel? Uma emoção?
Eles só enxergaram a oposição e isso tornou tudo único. Não mais frio, nem mais feio, nem mais triste. Mas... Único.
Foi isso o que eles viram um no outro. O impossível.
Pelas paredes do corredor, eu andei. As paredes com tintas claras, com quadros bem posicionados, com decorações perfeitas de uma família americana.
Eu faço uma careta, enjoada. Americanos...
Meus dedos dedilham as paredes, enquanto caminho lentamente para lugar nenhum. Nenhum lugar me pertence agora, mas isso não me torna triste. Me torna livre, de alguma forma...
E sozinha.
No fim do corredor, há uma posta aberta, uma porta dupla cinza, e com ela aberta, consigo visualizar um par de pernas cruzadas, masculinas, sentado em cima de uma poltrona de couro marrom.
Ele está lendo, com um óculos de senhor no rosto, com uma expressão concentrada que o deixava muito, muito bonito. Ele sempre amou ler e eu nunca deixei ele totalmente em paz nesses momentos.
Se me perguntassem hoje, o que mais me chocou depois de ter retornado a vida, com certeza eu diria que foi olhar para ele. Christopher Evans Karloe. Um bravo cientista, um nomeado pelo governo americano, um homem cujo o império vale mais que bilhões de vidas. Um homem cujo se apaixonou por mim, que colocou suas esperanças em mim.
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IRON HEART | 🔞
FanfictionNem a morte foi capaz de separar os dois. Eles se conheciam de 𝑜𝑢𝑡𝑟𝑎 vida.