15 | smile, we are in mexico.

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Se tiver bastante comentário e votos, eu posto a segunda parte ainda nessa semana :)

Beijos e boa leitura.














- Como você se sente hoje, Natália?

Uma simples pergunta, uma resposta poderosa.

- Péssima. - Eu confesso, piscando meus olhos para afastar a ardência das lágrimas.

Laura, a psicóloga, me oferece um sorriso forçado enquanto anota algo em seu computador.

O barulho do relógio me incomoda, assim como as cores vibrantes dessa sala. Zeus tem um péssimo gosto.

Minha perna balança e meus dedos tremem sem parar em meu colo. Eu não sei por que estou aqui. Apolo me obrigou a ir ver Laura antes de viajar essa tarde, mesmo eu afirmando que eu estava bem. Ninguém acredita nisso, nem eu acredito na minha própria mentira.

Acabou que eu virei atração de um circo para todos.

Antigamente, essa psicóloga já estaria morta há muito tempo por fazer perguntas invasivas demais. Hoje, eu me forço a controlar minhas vontades de vingança. Nem tudo precisa ser vingado, mesmo que seja sobre minha reputação. Eu consegui criar um limite da minha raiva, agora eu a guardo para mim até um dia eu não aguentar mais e explodir.

- Nossa última consulta não foi muito agradável, peço perdão por isso, prometo que serei totalmente profissional daqui para frente. - Eu balanço minha cabeça, positivamente, mas não ouso dizer nada. Seus olhos se demoram em mim. - Por que me procurou, Natália?

Um suspiro escapa de meus lábios quando apoio minha cabeça entre minhas mãos. Estou tão cansada.De alguma forma, me sinto mais a vontade em sua presença do que na presença de muita gente. Aqui, eu podia ser podre e cruel que ninguém iria me julgar.

- Eu... Eu estou quebrada, e eu preciso que você me conserte. - Eu digo, quase implorando quando olhos em seus olhos escuros. Eles brilham com pena de mim, e eu sinto minhas mãos tremerem ainda mais.

Se sentir um patinho feio no meio dos cisnes é a pior coisa. Se eu tivesse um coração, ele com certeza estaria batendo forte nesse momento.

- Não é assim que funciona... - Ela diz, com um sorriso gentil esticado em seus lábios. Ela não consegue entender o que eu estou dizendo.

Eu arfo.

- Olha, a minha cabeça está quebrada, eu sinto isso. Você precisa arrumar ela pra mim, porque... Eu estou surtando... - Eu murmuro, quase em pânico quando faço questão de forjar lágrimas em meus olhos para ela ter pena de mim.

Cada um joga com sua arma.

Ela balança sua cabeça, desviando seus olhos de mim por alguns instantes. Ela era médica, precisava me consertar antes que eu me quebrasse ainda mais e ficasse impossível de reverter.

Eu queria que ela juntasse meus cacos quebrados e eu voltasse a ser uma escultura bonita.

- Isso pode ser algo hormonal, pela gravidez. É normal nesse período você achar que você está com algum defeito. - Minhas expressões deixam de ser suavizadas quando ela exclama aquilo, fazendo questão de ser hesitante em suas palavras.

Grávida.

Havia horas que eu havia descoberto a gravidez e eu nunca odiei tanto meu corpo. Nada havia mudado. A barriga ainda estava lisa, os seios do mesmo tamanho. Mas, eu sentia que eu estava mudada. Eu carregava a filha daquele que mais me machucou.

IRON HEART | 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora