Não acredito em morte. Acredito no adeus de um corpo, mas jamais o adeus de uma alma.
— CAPÍTULO VINTE E SETE —
Dois anos depois se passaram.Pele pálida lisa, olhos fechados que cobriam seus intensos olhos azuis, lábios finos sem cor e rachados, cabelos da cor do sol, cor amarela como a alegria. Rosto angelical, traços delicados como anjo.
Tão lindo, tão delicado, tão morto.
Como é possível alguém ser lindo mesmo estando morto?
O sangue escorreu pelos meus dedos. Eu estava paralisada ao observar um cadáver enquanto o sangue escorria entre minhas mãos como um vinho barato que costumávamos avaliar juntos.
Eu pisquei. Uma vez ou talvez sete, mas pisquei.
Olhei ao redor e com os meus olhos, segui o caminho do sangue que me levava direto a fonte dele: o corpo de Christopher.
Não me lembro do momento em que joguei em cima do seu corpo, nem do instante perfeito que a minha mão ensanguentada batia em seu rosto, fazendo o sangue respingar em nós dois, numa tentativa falha de o fazer respirar outra vez.
Não me lembro do que aconteceu. Num instante, eu estava ao seu lado. No outro, a vida é a morte nos separavam.
— Acorda, Christopher... — Eu implorei aos sussurros da calada. Me vi incapaz de chorar. Eu chacoalhei seu corpo. — Acorda, por favor...
Eu encostei meu rosto no seu e não aguentei quando o senti gelado. Me afastei imediatamente e nele, eu o encarei com a maior dor que já senti.
Onde ele estava agora?
O que nos separava era o céu ou o inferno?
Então, eu chorei.
Ver o amor da nossa vida morto é sem dúvidas a pior sensação.
Um filme se passou pela minha cabeça. Os nossos anos bons, os aniversários que passamos juntos, as dores que enfrentamos, nosso filho...
E de repente, onde ele está?
Aqui não mais.
Uma vida pequena. Foi uma vida pequena que tivemos.
Uma vida pequena era o que nos foi destinou e não importa quantas vezes tentamos burlar isso, a morte sempre vai nos achar.
Eu segurei o seu rosto com os meus dedos finos e gelados enquanto águas salgadas caíam dos meus olhos.
— Acorda... — Sussurrei. — Não me deixe aqui sozinha.
Ele não abriu seus olhos.
— Ele não vai acordar. — Uma voz fez com que eu erguesse meu olhar. Ele se aproximou de um modo intimidante e eu me vi, então, sozinha. Não tinha ninguém para me proteger agora. — Você o matou.
Olhando nos olhos escuros dele, eu permiti que lágrimas rolassem assim que a acusação foi dita por seus lábios.
E eu...
Eu nem fui capaz de negar isso.
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IRON HEART | 🔞
FanfictionNem a morte foi capaz de separar os dois. Eles se conheciam de 𝑜𝑢𝑡𝑟𝑎 vida.