35 | Feliz Aniversário, Pippo.

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          De algum modo insolente, nada apressado, onde todos observavam os minutos se transformarem em horas numa calma abundante, nada aconteceu

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          De algum modo insolente, nada apressado, onde todos observavam os minutos se transformarem em horas numa calma abundante, nada aconteceu. A expectativa foi furada, partida ao meio. Não fomos capazes de colher os pedacinhos de vidros, pois a humilhação em se agachar e assumir que estávamos quebrados era demais.

A multidão ilustrava nossa casa. Era a parte que faltava em nossa pintura.

Aqueles corpos esguios, com seus sorrisos ensaiados, piadas de imperatrizes, com suas mãos em formas perfeitas para segurarem em nossas taças de champanhe, não fizeram nada. Eles mal conseguiram conversar conosco.

Uma família tímida e grande, que fugiu para uma ilha como nós para se isolar da Peste Negra que Natália espalhou.

E a feição da ruiva, ao final da festa, ao perceber que sua teoria maluca não passava de uma insegurança foi impagável.

A de Robert se assimilava a isso, mas ele forçou um sorriso enorme ao acenar para o barco que abrigava aquela família ao voltarem para suas casas. A festa havia sido um sucesso! Me disfarcei bem entre eles, ficando no canto, apenas observando de longe.

Mas isso não significava que havia sido uma vitória.

Na areia, enquanto todos nós os observávamos partirem sobre a luz cheia, Natália finalmente suspirou.

- Eles são pessoas ruins, mas não são quem procuramos. – Disse Margot, com o olhar tão perdido quanto o da Natália. Ela mal ergueu os olhos por vergonha, por decepção.

Me senti na obrigação de parar ao seu lado, em forma de consolo, mas nada bastaria. Natália odiava errar, pecar, falhar.

A ruiva, pela primeira vez, não ergueu sua cabeça ao errar.

A expectativa de morrer era tão alta que a vida, que o respirar que ela dava agora, era motivo o suficiente para ela se afundar.

- Pelo menos não morremos. – Disse Angelina, um pouco embriagada ao se apoiar em Oliver. Assistia o barco se afastar, vidrada. – Isso basta, certo?

Nossos pés afundavam na areia, mas não nos movíamos. Acompanhamos o barco se afastar cada vez mais, como se fosse um filme. Angelina bebeu de sua cerveja e não esperou por resposta.

- É. – Respondeu Natália, secamente. Deixou o cigarro cair de sua mão e se apagar na areia. – Pelo menos não morremos.

Jolie cruzou seus braços e tentou se aquecer da brisa fria que fazia seus braços se arrepiarem. Seus olhos inocentes – não o bastante para serem suficientes -, olhava ao redor, ainda assustada.

- Podemos encher balões para o Pippo agora, né? – Sua voz trêmula perguntou, tentando esquecer, apenas esquecer.

Eu assenti, validando. Pensar em meu filho era tudo que eu precisava agora. Alan não apareceu, não morremos, nossos vizinhos não são psicopatas. Vida que segue.

IRON HEART | 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora