Capítulo dez

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Lauren sobrevivera a chamados de Camila antes. Ela não tinha razão para a tensão em seus ombros e a ansiedade no estômago, quente e embolada.

Sua jornada foi feita em privacidade total, dando a falsa impressão de um encontro secreto. Mas qualquer que fosse a aparência, qualquer que fosse a sensação - o que quer que lhe tivessem dito - algo estava errado. Se pensasse demais naquilo, a histeria ameaçava: Camila não era o tipo que contrabandearia alfas para seus aposentos para encontros amorosos à meia-noite.

Isso não era o que parecia.

Não fazia sentido, mas era impossível questionar as ações de Camila. Os olhos de Lauren examinaram a passagem e encontraram outra inconsistência. Onde estavam os guardas que mantinham posição por todo aquele corredor na última vez que Lauren passara por ali? Será que eles se retiravam à noite? Ou tinham sido removidos por alguma razão?

- Ela usou as palavras "sua cama"? O que mais ela disse? - perguntou Lauren, sem receber nenhuma resposta.

A faca às suas costas a espetou para que ela andasse. Não havia nada a fazer além de continuar pelo corredor. A cada passo que dava, a tensão aumentava, o desconforto crescia. As janelas com grades ao longo da passagem projetavam quadrados de luar que passavam pelos rostos de sua escolta. Não havia som além de seus passos.

Uma fina linha de luz brilhava por baixo das portas do quarto de Camila.

Apenas um guarda estava postado à porta, um alfa de cabelo escuro usando a libré da princesa e, na cintura, uma espada. Ele saudou os dois colegas com um aceno de cabeça e disse brevemente:

- Ela está aí dentro.

Eles pararam à porta por tempo suficiente para destrancar a corrente de Lauren e libertá-la completamente. A correia caiu em uma espiral pesada e foi simplesmente deixada ali no chão. Talvez ela os conhecesse.

As portas foram empurradas e abertas.

Camila estava na poltrona reclinável, com os pés por baixo do corpo em uma postura relaxada e infantil. Um livro com páginas cheias de arabescos estava aberto à sua frente. Havia um cálice na mesinha ao lado dela. Em algum momento durante a noite, um criado devia ter passado a meia hora necessária para desamarrar seus vestidos longos e austeros, pois Camila estava usando apenas uma camisola de seda branca, de alcinhas, que envolvia suas curvas, de um material tão fino que não exigia bordados para declarar seu custo. O quarto estava iluminado por lampiões. O corpo de Camila era uma série de linhas graciosas sob as dobras macias da camisola. Os olhos de Lauren se ergueram até a coluna bronzeada de seu pescoço, e ao redor dele para os longos cabelos castanhos, repartido em torno da concha de uma orelha sem joias. A imagem era damasquinada, como metal batido. Ela estava lendo.

Ela ergueu os olhos quando as portas se abriram. E piscou, como se fosse difícil mudar o foco de seus olhos castanhos. Lauren tornou a olhar para o cálice e lembrou que já tinha visto Camila com os sentidos nublados pelo álcool.

Isso poderia ter prolongado a ilusão de um encontro amoroso alguns segundos mais, porque Camila bêbada era sem dúvida capaz de todo tipo de exigência louca e comportamento imprevisível. Só que ficou perfeitamente claro desde o momento em que ergueu os olhos que Camila não estava esperando companhia. E que também não reconhecia os alfas de guardas.

Camila fechou o livro com cuidado.

E se levantou.

- Não conseguia dormir? - perguntou Camila.

Ao falar, ela parou diante da arcada do peristilo. Lauren não sabia ao certo se uma queda direta de dois andares nos jardins escuros podia contar como rota de fuga. Mas, sem dúvida, fora isso - com os três degraus baixos que levavam até onde ela estava, e a mesinha ricamente entalhada e objetos decorativos proporcionando uma série de obstáculos -, era, taticamente, a melhor posição no aposento.

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