Capítulo treze

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- Mas se isso é verdade... - começou Lauren.

Era verdade; e de algum modo nem era surpresa, mais uma verdade que crescera por algum tempo nas bordas de sua consciência, agora vista em todos os detalhes. Ela pensou: dois tronos pelo preço de algumas espadas contratadas e uma dose de droga do prazer. Ela se lembrou de Nicai, aparecendo no corredor com os olhos castanhos arregalados, usando roupas de cama.

- Você não pode ir para Delfeur - disse Lauren. - É uma armadilha mortal.

No momento em que disse isso, ela entendeu que Camila sempre soubera disso. Ela se lembrou de Camila evitando repetidas vezes o serviço na fronteira.

- Perdoe-me se não recebo aconselhamento tático de uma escrava poucos momentos depois de ela ser arrastada de volta de uma tentativa fracassada de fuga.

- Você não pode ir. Não é apenas questão de permanecer viva. Você vai abrir mão do trono no momento em que puser os pés fora da cidade. Seu tio vai controlar a capital. Ele já... - Ao relembrar as ações do regente, Lauren viu a série de movimentos que levaram àquele momento, cada um executado com precisão e com grande antecedência. - Ele já cortou sua linha de suprimentos através de Varenne e Marche. Você não tem o dinheiro nem as tropas.

As palavras foram uma tomada de consciência. Agora estava claro por que Camila trabalhara para eximir a escrava e ofuscar o ataque. Se a guerra fosse declarada, a expectativa de vida de Camila seria ainda mais curta do que em Delfeur. Cavalgar para a fronteira com uma companhia de alfas de seu tio era loucura.

- Por que está fazendo isso? É um movimento forçado? Você não pode pensar em um jeito de não ir? - Lauren examinou o rosto de Camila. - Sua reputação já está tão suja que acha que o Conselho vai pôr seu tio no trono mesmo assim, a menos que se prove na fronteira?

- Você está bem nos limites do que vou permitir - disse Camila.

- Leve-me para Delfeur - disse Lauren.

- Não.

- Akielos é meu país. Acha que eu o quero invadido pelas tropas de seu tio? Vou fazer tudo em meu poder para prevenir a guerra. Leve-me com você. Vai precisar de alguém em quem possa confiar.

Ela quase se encolheu ao dizer essas últimas palavras, arrependendo-se imediatamente delas. Camila pedira a ela confiança na noite anterior, e Lauren jogara as palavras de volta em sua cara. Ela iria receber o mesmo tratamento.

Camila apenas lhe deu um olhar vago e curioso.

- Por que eu precisaria disso?

Lauren a encarou fixamente, de repente consciente de que se ela perguntasse "Você acha que consegue lidar com tentativas de assassinato, comando militar e os truques e armadilhas de seu tio sozinha?", a resposta ia ser sim.

- Eu teria imaginado - disse Camila - que uma soldado como você ficaria satisfeita ao ver Kristopher destronado, depois de tudo o que ele lhe fez. Por que não se juntar à regência contra ele, e contra mim? Tenho certeza que meu tio a abordou para espionar para ele, em termos bem generosos.

- Sim. - Lauren se lembrou do banquete.

- Ele me pediu que fosse para cama com você e depois contasse para ele - Lauren disse, franca. - Não com essas palavras.

- E sua resposta?

Isso, irracionalmente, a irritou.

- Se eu tivesse ido para cama com você, você saberia.

Houve uma pausa perigosa, com olhos estreitados. Depois de algum tempo:

- Sim. Seu estilo de agarrar a parceira e abrir à força suas pernas não me sai da memória.

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