Capítulo trinta e sete

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Lauren olhou para a extensão do campo. As forças do regente eram rios de vermelho mais escuro, suas linhas avançando nas fileiras dela, misturando os dois exércitos como uma torrente de sangue atingindo água, em seguida se espalhando. Toda a vista era de destruição, um fluxo infinito de inimigos, numerosos como um enxame.

Mas ela tinha visto em Marlas como alguém podia manter um exército unido, como se apenas pela força de vontade.

- A assassina do príncipe! - gritavam os alfas do regente. No início, eles tinham se jogado na direção dela, mas quando viram o que acontecia com os alfas que faziam isso, se transformaram em uma massa agitada de cascos tentando recuar.

Eles não chegaram longe. A espada de Lauren atingia armadura, atingia carne; ela procurava os centros de força e os rompia, impedindo formações antes que elas começassem. Uma comandante veretiana a desafiou, e ela permitiu um contato ressonante antes que sua espada cortasse o pescoço da alfa.

Rostos eram clarões impessoais, parcialmente protegidos por capacetes. Ela tinha mais consciência de cavalos e espadas, a maquinaria da morte. Ela matava, e os alfas simplesmente saíam de seu caminho ou eram mortos. Cabeças prateadas ou não. Herdeiros da lua ou não. Tudo se estreitava a um único propósito, determinação sustentando poder e concentração além da resistência humana, durante horas, mais tempo do que o adversário, porque o alfa que cometia um erro estava morto.

Ela perdeu metade de seus alfas na primeira onda. Depois disso, encarou de frente as investidas, matando tantos quanto necessário para deter a primeira onda, e a segunda e a terceira.

Novos reforços que chegassem naquele momento teriam conseguido matá-los todos como cãezinhos de uma semana, mas Lauren não tinha reforços.

Se ela tinha consciência de algo além da luta era uma ausência, uma falta que persistia. Os vislumbres de brilho, o trabalho indiferente com a espada, a presença luminosa ao seu lado em vez de uma lacuna, parcialmente preenchida pelo estilo mais constante e prático de Nikandros. Ela havia se acostumado com algo que tinha sido temporário, como o brilho de euforia em um par de olhos castanhos captando os seus por um momento. Tudo isso se emaranhava em seu interior e se apertava, ao longo das mortes, em um único nó forte.

- Se a princesa de Vere aparecer, eu vou matá-la. - Nikandros praticamente cuspiu as palavras.

As flechas agora eram em menor número, porque Lauren tinha rompido fileiras o suficiente para que disparar no meio do caos fosse perigoso para os dois lados. Os sons eram diferentes também - não mais urros e gritos, mas grunhidos de dor, exaustão, respirações entrecortadas, o clangor de espadas mais pesado e menos frequente.

Horas de morte; a batalha entrou em seu estágio final, brutal e exaustivo. Fileiras se rompiam e se dissolviam em uma bagunça, uma geometria degradada, sulcos de carne estendida onde era difícil diferenciar inimigo de amigo. Lauren permanecia montada, embora houvesse tanto corpos no chão que os cavalos patinavam. O chão estava molhado, suas pernas estavam salpicadas de lama até acima dos joelhos - lama no verão seco, porque o chão era sangue. Cavalos feridos se debatiam e berravam mais alto que os alfas. Ela manteve juntos os alfas a sua volta e matou, forçando o corpo além do físico, além do pensamento.

No lado oposto do campo, ela teve um vislumbre de vermelho bordado.

É assim que akielons ganham guerras, não é? Por que enfrentar todo o exército, quando você pode simplesmente...

Lauren enfiou as esporas no cavalo e atacou. Os alfas entre ela e seu objetivo eram um borrão. Ela mal ouvia o retinir da própria espada, mal percebeu as capas vermelhas da guarda de honra veretiana antes de atacá-los e derrubá-los. Ela simplesmente os matou, um depois do outro, até não restar ninguém entre ela e o alfa que procurava.

Alfa CativaOnde histórias criam vida. Descubra agora