Capítulo vinte e seis

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Fortemente amarrada a um dos cavalos peludos, Lauren suportou uma cavalgada infinita de sensações e sons: as batidas aglomeradas dos cascos de cavalos, o exalar de hálito equino, o ranger de arreios. Ela podia sentir pelo esforço do seu cavalo que na maior parte do tempo eles estavam subindo - para longe de Akielos, longe de Ravenel - em direção às montanhas cheias de trilhas estreitas, de cujos lados projetava-se o nada vertiginoso.

Adivinhando a identidade de seus captores, ela lutou desesperadamente para encontrar uma oportunidade. Ela se esforçou contra suas amarras até senti-las cortar sua carne, mas estava muito bem amarrada. E eles não paravam. Seu cavalo mergulhava embaixo dela, em seguida forçava as patas de trás para subir uma inclinação, e ela era obrigada a dedicar sua atenção a permanecer montada em vez de rolar das costas do animal. Não havia como se soltar ou se debater, e se jogar para o lado do alto do cavalo significaria uma queda da extensão de muitos penhascos antes de conseguir parar, ou - o que era mais provável, considerando as amarras - um longo período sendo arrastada por rochas afiadas. E isso não ajudaria Camila.

Depois do que pareceram horas, ela sentiu o cavalo finalmente reduzir o passo, em seguida parar. No segundo seguinte, Lauren foi puxada com força do cavalo e caiu feio. A mordaça foi tirada de sua boca, e a venda, removida dos olhos. As mãos permaneceram amarradas às costas, e ela foi empurrada para se ajoelhar.

Sua primeira impressão do acampamento tremeluzia. Longe, à direita, as chamas de uma grande fogueira central queimavam altas ao vento leve da noite, projetando ouro e vermelho nos rostos à sua volta. Mais perto de onde ela estava ajoelhada, os alfas desmontavam de cavalos, e o ar estava encoberto com o frio de montanha, fora do círculo de calor da fogueira.

Ver o acampamento confirmou seus piores pensamentos.

Ela conhecia os membros dos clãs como alfas sem país, sem povoados, que viviam às margens das montanhas. Eles eram governados por ômegas e viviam de carne de caça, peixe dos rios, raízes doces e, para o resto, atacavam aldeias.

Esses alfas não eram isso. Essa era uma força inteiramente feita de alfas que estava cavalgando junto havia algum tempo, e sabia usar suas armas.

Esses eram os alfas que tinham destruído Tarasis, os alfas que Camila estava procurando, mas que, em vez disso, a haviam encontrado.

Agora, elas precisavam escapar. Ali, a morte de Camila teria uma credibilidade que talvez nunca fosse obtida outra vez. E Lauren estava desagradavelmente consciente de todas as razões por que podiam ter sido levadas de volta ao acampamento para isso, mas não havia forma de jogo em torno do fogo que não terminasse com a morte das duas.

Instintivamente, ela procurou uma cabeça de cabelos castanhos brilhantes, e a encontrou à esquerda: Camila estava sendo arrastada para a frente, pelo mesmo alfa que ordenara que fosse amarrada, e caiu no chão, como acontecera com Lauren, batendo o ombro.

Lauren observou Camila se erguer e se sentar e, depois - com o equilíbrio levemente alterado por ter as mãos atadas às costas -, ficar de joelhos. Ela recebeu um olhar rápido de olhos castanhos e viu tudo em que acreditava refletido naquela única expressão dura.

- Dessa vez, não se levante - foi tudo o que disse Camila.

Então Camila ficou de pé e gritou algo para o líder dos alfas. O alfa macho que realmente tinha postura de líder. Era um herdeiro da lua. De cabelos tão prateados quanto os de Lauren.

Era uma aposta louca, irrefletida, mas não havia tempo. Akielos estava movendo tropas pela fronteira. O mensageiro do regente estava seguindo para o sul na direção de Ravenel. E agora elas estavam a dois dias a cavalo desses acontecimentos, à mercê daqueles alfas de clã, enquanto os acontecimentos na fronteira saíam cada vez mais de controle.

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