Capítulo quarenta e um

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A primeira coalizão militar de Vere e Akielos partiu de Fortaine de manhã, após a execução dos alfas de Makedon. Houve muito poucos problemas; as execuções públicas foram boas para o moral dos soldados.

Mas não foram boas para o moral de Makedon. Lauren observou o general se ajeitar na sela, depois puxar as rédeas com força. Os alfas de Makedon eram uma linha de capas vermelhas se estendendo por metade da extensão da coluna.

As trombetas soaram. Os estandartes se ergueram. Os arautos assumiram suas posições. O arauto akielon estava à direita, o veretiano à esquerda, seus estandartes cuidadosamente preparados para ficar da mesma altura. O arauto veretiano se chamava Hendric e tinha braços muito fortes, porque os estandartes eram pesados.

Lauren e Camila iam cavalgar lado a lado. Nenhum delas tinha o melhor cavalo. Nenhum delas tinha a armadura mais cara. Lauren era mais alta, mas nada podia ser feito em relação a isso, dissera Hendric com uma expressão dura. Hendric, Lauren estava aprendendo, tinha algo em comum com Camila no sentido de que não era fácil saber quando estava brincando.

Ela levou seu cavalo até o lado do de Camila, à frente da coluna. Era um símbolo da unidade das duas, a princesa e a Alfa Suprema cavalgando lado a lado, como amigas. Ela manteve os olhos na estrada.

- Em Marlas, vamos ficar em aposentos adjacentes - disse Lauren. - É o protocolo.

- É claro - disse Camila, com os olhos também na estrada.

Camila não demonstrava nenhum sinal de agonia e se sentava ereta na sela, como se nada tivesse acontecido com seu ombro. Ela falava de modo encantador com os generais e até manteve uma conversa agradável com Nikandros quando Nikandros falou com ela.

- Espero que a ômega ferida tenha sido devolvida em segurança.

- Obrigada, ela voltou com Paschal - disse Camila.

Para uma sálvia?, Lauren abriu a boca para dizer, mas não disse.

Marlas ficava a um dia de viagem, e eles mantiveram um bom ritmo. O ar estava repleto de sons: uma fileira de soldados, batedores à frente, criados e escravos atrás. Quando a coluna passou perto, pássaros alçaram voo e um rebanho de cabras fugiu pela encosta do morro.

Era de tarde quando eles chegaram ao pequeno posto de fronteira guarnecido pelos soldados de Nikandros e encimado por uma torre de sinalização akielon. Eles o atravessaram.

A paisagem do outro lado não parecia diferente; belos campos de relva, verdes graças a uma primavera com chuvas generosas, feridos nas bordas pela passagem deles. No momento seguinte, as trombetas soaram, triunfantes e solitárias ao mesmo tempo, o som puro absorvido pelo céu e pelo amplo espaço aberto a sua volta.

- Bem-vinda ao lar - disse Nikandros.

Akielos. Ela inalou uma lufada de ar akielon. Nos meses de cativeiro, pensara nesse momento. Não pôde evitar um olhar para Camila ao seu lado, que tinha a postura e expressão relaxadas.

Eles passaram pela primeira das aldeias. Perto assim da fronteira, as fazendas maiores tinham muros de pedra externos rudimentares, e algumas eram como fortes improvisados, com postos de vigia ou sistemas de defesa bem testados. A passagem do exército não seria surpresa, e Lauren estava preparada para que o povo de seu país reagisse a ela de várias maneira.

Ela não havia esquecido que Delpha tinha se tornado uma província akielon havia apenas seis anos e que, antes disso, durante toda a vida, aqueles alfas e ômegas tinham sido cidadãos de Vere.

Os rostos silenciosos se reuniam, mulheres, homens e crianças, em soleiras e sob toldos, esperando juntos o exército passar.

Tensos, com medo, eles tinham saído de suas casas para ver os primeiros estandartes veretianos que tremulavam ali em seis anos. Um deles fizera uma estrela rudimentar, com gravetos. Uma criança a ergueu, como a imagem que viu.

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