Capítulo quarenta e oito

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Como ela não podia botar Jokaste em uma saca e carregá-la através da fronteira até o território de Kristopher, a viagem apresentava certos desafios logísticos.

Para justificar duas carroças e uma comitiva, eles iam fingir ser mercadores de tecidos. Esse disfarce não ia resistir a nenhum escrutínio sério. Haveria rolos de tecido nas carroças – mas também haveria Jokaste. A ômega saiu para o pátio e olhou para os preparativos com a calma de quem iria cooperar totalmente com os planos de Lauren, e então, na primeira oportunidade, destruí-los com um sorriso.

O maior problema não era nem mesmo o disfarce, e sim passar pelas patrulhas de fronteira. A história dos “mercadores de tecidos” podia ajudá-los a viajar sem impedimentos dentro de Akielos, mas não faria com que passassem pelas sentinelas de fronteira. Sem dúvida, não faria com que passassem por sentinelas de fronteira que – Lauren estava bem certa – já tinham sido alertadas da possibilidade de sua chegada por Jokaste. Lauren passou duas horas infrutíferas com Nikandros tentando estabelecer um trajeto que lhes permitisse passar duas carroças pela fronteira sem alertar as patrulhas, e outra hora infrutífera sozinha encarando o mapa, até que Camila entrou e delineou um plano tão ultrajante que Lauren disse sim com a sensação de que sua mente estava se abrindo ao meio.

Eles estavam levando seus melhores soldados, aqueles poucos de elite que haviam se destacado nos jogos: Jord, que tinha ganhado na espada curta; Lydos no tridente; Aktis, o arremessador de lanças; a triplo coroada Pallas; Lazar, que tinha assoviado para ela; e um punhado dos melhores lanceiros e espadachins. O acréscimo de Camila à expedição foi Paschal, e Lauren tentou não pensar demais em por que Camila achava necessário levar um médico.

E ainda, absurdamente, Guion. Guion sabia usar uma espada. A culpa de Guion o tornava mais propenso a lutar por Lauren que qualquer outra pessoa. E se o pior acontecesse, o testemunho de Guion tinha o potencial para derrubar a regência. Camila havia falado tudo isso de modo sucinto e disse a Guion de modo agradável:

– Sua mulher pode fazer companhia a Jokaste na viagem.

Guion entendeu mais rápido que Lauren.

– Compreendo. Minha mulher é a garantia de meu bom comportamento.

– Isso mesmo – disse Camila.

Lauren observava de uma janela no segundo andar enquanto eles se reuniam no pátio: duas carroças, duas ômegas nobres, sem contar Camila, e doze soldados, dos quais dez eram soldados de fato e dois eram Guion e Paschal usando capacete.

Ela mesma estava vestida com a roupa simples de uma viajante humilde, a camisa branca de tecido fino, com uma tira de couro sobre o bracelete de ouro. Estava esperando pela chegada de Camila para discutir os detalhes de seu plano ridículo. Lauren pegou um jarro de vinho para servi-la em uma das taças rasas na mesa.

– Você descobriu a rota das patrulhas de fronteira? – perguntou Camila.

– Sim, nossos batedores descobriram…

Camila estava parada na porta usando um vestido leve de algodão branco sem adornos. Sem amarras.

Lauren deixou cair o jarro.

Ele se estilhaçou, e cacos voaram quando ele escapou de seus dedos e atingiu o chão de pedra.

Os braços de Camila estavam nus. Seu pescoço estava nu. Sua clavícula estava nua, e a maior parte de suas coxas, suas pernas toneadas e seus ombros delicados. Lauren olhava fixamente para ela.

– Você está usando roupas akielons – disse ela.

– Todo mundo está usando roupas akielons – disse Camila.

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