Capítulo cinquenta e três

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Os corredores estavam um caos.

Lauren pegou uma espada e abriu caminho por eles, correndo onde podia. Grupos de alfas estavam lutando. Ordens eram gritadas. Soldados golpeavam uma porta grossa de madeira. Um alfa foi pego violentamente pelos braços e forçado de joelhos, e com um pequeno choque Lauren o reconheceu como um dos alfas que a haviam segurado – era traição botar as mãos na Alfa Suprema.

Ela precisava encontrar Kristopher. Os soldados de Camila tinham ordens para tomar os portões externos rapidamente, mas os alfas de Kristopher estavam defendendo a retirada dele, e se Kristopher saísse do palácio e reagrupasse suas forças, isso significaria guerra.

Os alfas de Camila não seriam capazes de detê-lo. Eles eram soldados veretianos em um palácio akielon. Kristopher sabia que não devia tentar sair pelos portões principais: ele ia escapar pelos túneis escondidos. E tinha uma dianteira.

Então ela correu mesmo no calor da luta. Poucos tentaram detê-la. Um dos soldados de Kristopher a reconheceu e gritou que Lakurean estava ali, mas ele mesmo não atacou Lauren. Outro, vendo-se no caminho de Lauren, afastou-se. Parte da mente de Lauren registrou isso como o mesmo efeito de Camila no campo em Hellay. Mesmo alfas lutando por sua vida não podiam superar uma existência de treinamento e fazer um ataque direto contra sua Alfa Mór. Ela tinha o caminho livre.

Mas, mesmo correndo, não ia conseguir chegar a tempo. Kristopher ia fugir, e em algumas horas os alfas de Lauren estariam vasculhando a cidade, revistando casas com tochas ao longo da noite, enquanto Kristopher era escondido por simpatizantes e reunia-se com seu exército – então a guerra civil assolaria seu país como chamas.

Ela precisava de um atalho, um jeito de cortar o caminho de Kristopher, e então se deu conta de que conhecia um caminho, um caminho que Kristopher jamais pegaria – jamais pensaria em pegar, porque nenhum Alfa Mór usava essas passagens.

Ela virou à esquerda. Em vez de seguir na direção das portas principais, ela seguiu para o salão de observação, onde os escravos eram exibidos para seus mestres reais. Ela entrou nos corredores estreitos pelos quais tinha sido levada naquela noite tanto tempo atrás. A luta se transformava em gritos e estrondos distantes às suas costas, os sons ficando abafados à medida que ela corria.

E, dali, ela desceu para os banhos dos escravos.

Ela entrou em um grande salão de mármore com banheiras abertas, a coleção de frascos de vidro contendo óleos, o túnel estreito na outra extremidade e as correntes penduradas do teto bastante familiares. Seu corpo reagiu; o peito se apertou e o coração bateu forte. Por um momento, ela estava suspensa por aquelas correntes outra vez e Jokaste se aproximava dela pelo mármore.

Ela piscou para conter a visão, mas tudo ali era familiar: os arcos amplos, os sons da água que se refletia sobre o mármore, as correntes nas paredes que pendiam não apenas do teto, mas decoravam cada câmara em intervalos, o vapor pesado se enrolando.

Ela se forçou a avançar pela câmara. Passou por um arco, depois outro, e então estava no lugar onde precisava estar, coberta de mármore e branco com um conjunto de degraus esculpidos contra a parede oposta.

Então ela precisou parar, e houve um intervalo de silêncio. Tudo o que podia fazer era esperar que Kristopher aparecesse no alto da escada.

Lauren ficou parada com a espada em mão e tentou não se sentir pequena como uma irmã mais nova.

Kristopher chegou sozinho, sem nem mesmo uma guarda de honra. Quando viu Lauren, ele deu um riso baixo, como se a presença de Lauren satisfizesse nele alguma sensação do inevitável.

Lauren olhou para as feições do irmão; o nariz reto, as maçãs do rosto altas e salientes, os olhos escuros e brilhantes agora voltados para ela. Kristopher se parecia ainda mais com o pai do que Lauren, agora que deixara a barba crescer.

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