Capítulo dezenove

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- Quero seu melhor quarto - disse Camila. - Com uma cama grande e uma banheira particular, e se você mandar algum ômega da casa, vai descobrir da pior maneira possível que eu não gosto de dividir.

Ela deu um olhar longo e frio para o estalajadeiro.

- Ela é cara - disse Lauren para o alfa estalajadeiro, como desculpa.

Então observou o alfa avaliar o custo das roupas de Camila e de seu brinco de safira - um presente de rei para um favorito - e o custo provável da própria Camila, com aquele rosto e aquele corpo. Lauren percebeu que estava prestes a ser cobrada três vezes o preço vigente de tudo.

Ela decidiu com bom humor que não se importava em ser generosa com o dinheiro de Camila.

- Por que não nos encontra uma mesa, escrava? - disse, saboreando o momento. E o epíteto.

Camila fez o que lhe foi mandado. Lauren demorou para pagar regiamente pelo quarto e agradeceu ao estalajadeiro.

Ela mantinha um olho em Camila, que mesmo nos melhores momentos não era previsível. A princesa seguiu direto para a melhor mesa, perto o suficiente do fogo para desfrutar do calor, mas não tão perto para ser tomada pelo cheiro do veado que assava lentamente. Como era a melhor mesa, ela estava ocupada. Camila a esvaziou com o que pareceu ser um olhar, ou uma palavra, ou o simples fato de sua aproximação.

O brinco não era um disfarce discreto. Todo alfa na sala comum da estalagem levou algum tempo dando uma boa olhada em Camila. Escrava de estimação. A arrogância de olhos frios de Camila proclamava que ninguém podia tocá-la. O brinco dizia que uma alfa podia. Isso a transformava de inatingível em exclusiva, um prazer de elite pelo qual ninguém ali podia pagar.

Mas isso era uma ilusão. Lauren se sentou à mesa em frente a Camila em um dos bancos compridos.

- E agora? - disse Lauren.

- Agora nós esperamos - disse Camila.

Em seguida, se levantou, deu a volta na mesa e se sentou ao lado de Lauren, perto como uma amante.

- O que está fazendo?

- Verossimilhança - disse Camila. O brinco piscou para ela.

- Ainda bem que eu a trouxe junto. Eu não esperava ter de arrancar coisas das paredes. Você costuma visitar bordéis com frequência?

- Não - disse Lauren.

- Nada de bordéis. Ômegas de prazer que seguem as tropas? - perguntou Camila. Em seguida: - Escravos. - E depois, após a satisfação de uma pausa: - Akielos, o jardim dos prazeres. Então você gosta da escravidão nos outros. Apenas não em si mesma.

Lauren se mexeu no banco comprido e olhou para ela.

- Não fique tensa - disse Camila.

- Você fala mais - disse Lauren - quando está desconfortável. - Alfa da lua - disse o estalajadeiro, e Lauren se virou. Camila, não. - Seu quarto estará pronto em breve. A terceira porta no alto da escada. Jehan vai lhes trazer vinho e comida enquanto esperam.

- Vamos tentar nos divertir. Quem é aquele? - indagou Camila.

Ela estava olhando para um alfa mais velho do outro lado do salão, com cabelo que parecia um punhada de palha se projetando debaixo de uma boina de lã suja. Ele se sentou a uma mesa escura no canto. Estava embaralhando cartas como se fossem, embora sebosas e com orelhas, seu bem mais precioso.

- Esse é Volo. Não jogue com ele. Esse alfa tem muita sede. Não vai levar mais de uma noite para beber suas moedas, suas joias e seu vestido, se deixar.

Alfa CativaOnde histórias criam vida. Descubra agora