Capítulo trinta e três

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De vez em quando, Camila se mexia contra ela sem acordar.

Lauren estava deitada no calor ao seu lado e sentia o cabelo castanho e macio no pescoço, o peso leve de Camila nos lugares onde seus corpos se tocavam.

Do lado de fora, o turno nas muralhas estava mudando, e criados estavam acordados, cuidando de fogos e mexendo panelas. Lá fora, o dia estava começando, e todas as coisas relacionadas a ele: sentinelas, estalajadeiros e alfas se levantando e se armando para lutar. Ela ouviu o grito distante de uma saudação em algum pátio; mais perto, o som de uma porta batendo.

Só mais um pouco, pensou, e podia ter sido um desejo mundano de cochilar na cama não fosse a dor em seu peito. Ela sentia a passagem do tempo como uma pressão crescente. Estava consciente de cada momento, porque era um a menos que lhe restava.

Dormindo ao lado de Lauren, revelou-se um novo aspecto físico em Camila: a cintura firme, a parte superior do corpo angulosa de uma espadachim, o ângulo exposto de seu pescoço elegante. Camila parecia o que era: uma jovem ômega. Quando amarrada dentro de suas roupas, a graça perigosa de Camila lhe emprestava uma qualidade quase irreal. Ou talvez fosse mais preciso dizer apenas que era raro associar Camila com um corpo físico: você estava sempre lidando com uma mente. Mesmo quando lutava em batalha, quando levava seu cavalo a realizar algum feito impossível, o belo corpo estava sob o controle da mente.

Lauren, agora, conhecia seu corpo. Ela conhecia a surpresa que uma atenção delicada podia obter dele. Conhecia sua confiança preguiçosa e perigosa... suas hesitações delicadas e ternas. Sabia como ela fazia amor, uma combinação de conhecimento explícito com reticências quase tímidas.

Ao se remexer de forma sonolenta, Camila se aproximou um pouco mais e fez um som delicado e espontâneo de prazer do qual Lauren iria se lembrar para o resto da vida.

Então Camila começou a piscar de forma sonolenta, e Lauren a observou tomar consciência do ambiente e despertar em seus braços.

Ela não sabia como seria, mas quando Camila viu quem estava ao seu lado, sorriu - uma expressão um pouco tímida, mas completamente autêntica. Lauren, que não esperava por isso, sentiu a batida dolorida de seu coração. Ela nunca pensou que Camila pudesse olhar desse jeito para alguém.

- É de manhã - disse Camila. - Nós dormimos?

- Dormimos - disse Lauren.

Elas estavam olhando uma para a outra. Ela se manteve imóvel enquanto Camila estendia a mão e tocava sua barriga firme. Apesar do sol nascente, elas começaram a se beijar, beijos lentos e fantásticos, com o movimento maravilhoso de mãos, as pernas emaranhadas. Ela ignorou a sensação em seu interior e fechou os olhos.

- Sua inclinação se parece muito com a de ontem à noite.

Lauren se viu dizendo:

- Você fala igual na cama. - As palavras saíram como ela sentia: completamente encantada.

- Você consegue pensar em um jeito melhor de dizer isso?

- Quero você - disse Lauren.

- Você me teve - disse Camila. - Duas vezes. Ainda posso sentir...

Camila se mexeu um pouco. Lauren enterrou o rosto no pescoço dela e grunhiu, e houve risos, também, e algo semelhante a felicidade que doía ao crescer em seu peito.

- Pare com isso. Você não vai conseguir andar - disse Lauren.

- Eu adoraria uma possibilidade de andar - disse Camila. - Em vez disso, preciso montar um cavalo.

- Está...? Eu tentei... Eu nunca...

- Eu gosto da sensação - disse Camila. - Gostei da sensação na hora. Você é uma amante generosa e atenciosa, e eu sinto... - Camila se calou e deu uma risada trêmula diante das próprias palavras. - Sinto como a tribo vaskiana no corpo de uma pessoa. Imagino que seja sempre assim, não?

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