Alfa Cativa

Capítulo quarenta e três

Na manhã seguinte, elas tiveram de se sentar uma ao lado da outra. Lauren ocupou o lugar ao lado de Camila no tablado, olhando para o retângulo verde de campina que formava a arena, não querendo nada além de se armar e levar a luta até Karthas. Os jogos pareciam errados quando eles deviam estar marchando para o sul.

Os tronos anexos nesse dia estavam sob um toldo de seda, erguido para proteger a pele delicada de Camila do sol. Era uma medida supérflua, já que praticamente o corpo inteiro de Camila estava coberto. O sol brilhava acima do campo, das arquibancadas em degraus e das encostas gramadas laterais, palco para uma competição de excelência.

Os braços e coxas de Lauren estavam nus. Ela usava um quíton curto, preso em um ombro. Ao lado dela, Camila era um perfil imutável, fixo como uma gravação em moeda. Além de Camila, sentava-se a nobreza veretiana: lady Vannes murmurando no ouvido de uma nova escrava alfa de estimação, Guion e sua esposa, Loyse, e Enguerran, o capitão. Depois deles ficava a Guarda da Princesa, Jord, Lazar e os outros de uniforme azul, parados em forma, os estandartes de estrela tremulando acima deles.

À direita de Lauren sentava-se Nikandros, e ao lado dele estava o assento ostensivamente vazio reservado para Makedon.

Makedon não era o único ausente. As encostas gramadas e as arquibancadas em degraus sentiam a falta dos soldados de Makedon, reduzindo seus números à metade. Depois que sua raiva do dia anterior passou, Lauren percebeu que, na aldeia, Camila arriscara a vida para impedir exatamente isso de acontecer. Camila se pusera diante de uma espada para tentar evitar a deserção de Makedon.

Parte de Lauren reconhecia, com um pouco de culpa, que Camila não merecera ter sido jogada de um lado para outro da arena como resultado.

Nikandros disse:

- Ele não vem.

- Dê tempo a ele - disse Lauren. Mas Nikandros estava certo. Não havia sinal de uma chegada.

Nikandros disse, sem olhar para o lado:

- Seu tio destruiu metade de nosso exército com 200 homens.

- E um cinto - disse Camila.

Lauren olhou para as arquibancadas parcialmente cheias e para as encostas, onde tanto veretianos como akielons se reuniam em busca do melhor lugar para assistir aos jogos. Seu olhar demorado percorreu as tendas perto do palanque real, onde escravos preparavam alimentos, e se estendeu para aquelas mais distantes, nas quais criados preparavam os primeiros atletas para a competição.

Lauren disse:

- Pelo menos há uma outra pessoa que tem uma chance de ganhar na lança.

Ela ficou de pé. Como uma onda em movimento, todos a sua volta se levantaram, então todos os presentes, das arquibancadas até o campo. Ela ergueu a mão, o gesto de seu pai. Os alfas podiam ser um grupo desordenado de lutadores do norte, reunidos em torno de uma arena provinciana improvisada, mas eram seus. E aqueles eram seus primeiros jogos como Alfa Suprema.

- Hoje prestamos homenagem aos caídos. Lutamos juntos, veretianos e akielons. Compitam com honra. Que os jogos comecem.

• • •

O tiro ao alvo criou algumas disputas, das quais todo mundo gostou. Para surpresa dos akielons, Lazar foi o vencedor do tiro com arco. E para a satisfação dos akielons, Aktis ganhou o arremesso de lança. Veretianos assoviavam para os braços nus dos akielons, enquanto suavam em suas mangas compridas. Nas arquibancadas, escravos erguiam e baixavam leques e traziam taças rasas de vinho que todos bebiam, menos Camila.

Um akielon chamado Lydos ganhou no tridente. Jord ganhou na espada longa. A jovem alfa Pallas ganhou na espada curta, depois ganhou na lança e então entrou no campo para uma terceira vitória, na luta.