Capítulo trinta e oito

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- Camila - disse ela - O que você fez?

- Incomoda pensar nele maltratando seu país?

- Você sabe que sim. Agora estamos brincando com o destino de nações? Isso não vai trazer seu irmão de volta.

Houve um silêncio violento.

- Sabe, meu tio sabia quem você era - disse Camila. - Ele passou o tempo inteiro esperando que nós trepássemos. Meu tio queria me dizer pessoalmente quem você era e observar a verdade me destruir. Ah, você adivinhou? E ainda assim decidiu que ia me foder de qualquer jeito? Não conseguiu se segurar?

- Você mandou que eu fosse aos seus aposentos - disse Lauren. - E me empurrou sobre a cama. Eu disse "Não faça isso."

- Você disse "Beije-me" - disse Camila, cada palavra pronunciada com clareza. - Você disse: "Camila, preciso entrar em você, você é tão boa, Camila." - Ela trocou para akielon como Lauren fizera no clímax. "Nunca foi tão bom assim, não consigo aguentar, eu vou...".

- Pare - disse Lauren. Sua respiração estava curta e acelerada, como depois de exercícios pesados. Ela olhava fixamente para Camila.

- Charcy - disse Camila - foi uma distração. Eu soube por Guion. Meu tio navegou para Ios há três dias, e a essa altura já avistou terra.

Lauren recuou três passos enquanto absorvia essa informação. Ela se viu com a mão apertada em torno de uma das estacas da tenda.

- Entendo. E meus alfas devem morrer combatendo-o por você, do mesmo jeito que fizeram em Charcy?

O sorriso de Camila não era agradável.

- Sobre a mesa há uma lista de suprimentos e tropas. É o que vou lhe dar em apoio a sua campanha no sul.

- Em troca de... - começou Lauren com firmeza.

- Delpha - completou Camila no mesmo tom.

O choque a fez lembrar de que aquela era Camila, e não uma ômega qualquer de vinte anos. A província de Delpha pertencia a Nikandros, seu amigo e defensor, que jurara fidelidade a ela. Era um lugar valioso, muito fértil e com um importante porto marinho. Mas também tinha valor simbólico, como o local da maior vitória de Akielos e da maior derrota de Vere. Sua devolução iria fortificar a posição de Camila, mas enfraquecer a de Lauren.

Ela não tinha ido até ali preparada para negociar. Camila tinha. Camila estava ali como a princesa de Vere enfrentando a Alfa Suprema de Akielos. Camila sempre soubera quem ela era. A lista, escrita pela mão da própria Camila, tinha sido preparada antes daquela reunião.

A ideia do regente em seu país era um perigo quase repulsivo em toda sua intensidade. Ele já controlava a guarda palaciana akielon, que tinha sido seu presente para Kristopher. E agora o regente estava em Ios, suas tropas estavam postadas para tomar a capital a qualquer momento - enquanto Lauren estava ali, a centenas de quilômetros de distância, encarando Camila e seu ultimato impossível.

Ela perguntou:

- Você planejou isso desde o começo?

- A parte difícil foi fazer Guion me deixar entrar em seu forte - disse Camila calmamente, aquele tom em sua voz agora mais reservado que o habitual.

- No palácio você mandou me surrarem, drogarem, chicotearem - disse Lauren. - E agora me pede para abrir mão de Delpha? Por que, em vez disso, não me diz por que eu não devia simplesmente entregá-la ao seu tio, em troca da ajuda dele contra Kristopher?

- Porque eu sabia quem você era - disse Camila. - E quando você matou Touars e humilhou a facção de meu tio, mandei a notícia para todos os cantos do país, de modo que se você algum dia retomasse seu trono, não houvesse possibilidade de uma aliança entre você e meu tio. Você quer entrar nesse jogo contra mim? Vai acabar destruída.

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