Capítulo cinquenta e um

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Eles mantiveram Lauren até o amanhecer, depois a levaram de volta ao acampamento, com as mãos amarradas novamente. Ela lutou, intermitentemente, por todo o caminho, através de uma espécie de neblina escura de exaustão que não a deixava.

Quando chegaram ao acampamento, eles a jogaram no chão de modo que ela caiu de joelhos com as mãos amarradas às costas. Jord se aproximou com a espada na mão, mas Nikandros o segurou com os olhos arregalados de medo e respeito pelas capas brancas do Encontro dos Alfas Supremos. Então Nikandros se aproximou. Lauren se levantou e sentiu Nikandros virá-la e cortar as cordas de seu braço com a faca.

– A princesa?

– Ela está com o regente – disse ela, e então, por um momento, não conseguiu dizer nada.

Ela era uma soldado. Conhecia a brutalidade do campo de batalha, tinha visto as coisas que alfas podiam fazer com os mais fracos, mas nunca havia pensado…

A cabeça exangue de Nicai retirada de um saco sujo de sangue, o corpo frio de América deitado ao lado de uma carta e…
Tudo estava muito nítido. Ela estava consciente de Nikandros falando com ela.

– Sei que você sentia alguma coisa por ela. Se vai passar mal, faça isso logo. Precisamos ir. Já deve haver alfas vindos para nos procurar.

Através da neblina ela ouviu a voz de Jord.

– A senhora a deixou? Salvou a própria vida e a deixou com o tio?

Lauren ergueu os olhos e viu que todos haviam saído das carroças para vê-la. Ela estava circundada por um pequeno grupo de rostos. Jord se aproximara e parara a sua frente. Nikandros estava parado às suas costas, ainda com uma das mãos em seu ombro, depois de firmá-la para cortar as cordas. Ela viu Guion a alguns passos de distância. Loyse. Paschal.

Jord disse:

– Sua covarde, você a deixou para…

As palavras foram abruptamente interrompidas quando Nikandros segurou Jord e o jogou de costas contra a carroça.

– Você não vai falar desse jeito com nossa Alfa Suprema.

– Deixe-o. – As palavras estavam densas na garganta de Lauren. – Deixe-o. Ele é leal. Você teria reagido do mesmo jeito se Camila tivesse voltado sozinha. – Ela viu que estava entre os dois, que havia interferido com o próprio corpo. Nikandros estava a dois passos de distância; Lauren se soltara dele.

Solto, Jord respirava com dificuldade.

– Ela não teria voltado sozinha. Se acha isso, não a conhece.

Ela sentiu a mão de Nikandros em seu ombro, firmando-a, embora Nikandros estivesse falando com Jord.

– Pare com isso. Você não pode ver que ela está…

– O que vai acontecer com ela? – A voz de Jord, exigente.

– Ela vai ser morta – disse Lauren. – Vai haver um julgamento. Ela vai ser considerada uma traidora. Seu nome vai ser arrastado na lama. Quando acabar, eles vão matá-la.

Era a verdade nua e crua. Ia acontecer, publicamente. Em Ios, eles exibiam cabeças cortadas em lanças de madeira ao longo do caminho dos traidores. Nikandros estava falando:

– Não podemos ficar aqui, Lakurean. Precisamos…

– Não – disse Lauren.

Ela estava com a mão na testa. Seus pensamentos rodopiavam, inúteis. Ela se lembrou de Camila dizendo Eu não consigo pensar.

O que Camila ia fazer? Ela sabia o que Camila fazer. A louca e estúpida Camila havia se sacrificado. Usara a última carta que tinha: a própria vida. Mas a vida de Lauren não tinha valor para o regente.

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