Capítulo 6 - Renovando as energias

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Kim Seungmin

Assim que chegamos no local em que eu tinha em mente, adentramos a recepção e eu fiz o cadastro para podermos usar uma das salas. Bang Chan estava curioso com do que se tratava aquele lugar, mas eu não deixei que ele pegasse os flyers para ler, pois uma surpresa poderia ser uma boa coisa em um momento como o que estava vivendo.

Seguimos um instrutor por um corredor até a sala que nos havia sido designada, quando entramos nela, deu para notar que nos encontrávamos em uma antecâmara, onde havia uma extensa janela de vidro que dava de visão para um espaço mais baixo e lotado de entulhos - como eletrodomésticos antigos, espelhos rachados e móveis usados -, todos eles cobertos por alguma tinta spray que fazia com que brilhassem em diversas cores diferentes sob a luz negra que iluminava o aposento.

O profissional explicou como funcionava o local, que basicamente se tratava de como um quarto a ser destruído, todos aqueles objetos estavam ali para serem quebrados e detonados, então era o lugar perfeito para quem precisasse aliviar o estresse e liberar a raiva.

Eu ajudei Chan a vestir alguns itens de segurança, como uma máscara shield transparente e luvas de proteção, e, logo em seguida, escolhi um dos tacos de baseball de metal que estavam pendurados na parede, passando o artigo para ele.

- Você não vai entrar comigo? - perguntou.

- Não, eu vou ficar te observando e cuidarei da sua playlist. Você quer alguma música específica?

- Surpreenda-me - disse ele, descendo os degraus para a saleta.

Depois que Bang Chan entrou, eu fechei a porta e ativei o bluetooth para que a música tocasse tanto nos auto falantes de onde ele estava quanto na parte de monitoramento em que eu havia ficado, foi então que percebi que o vidro que nos separava era tão grosso, que até mesmo era à prova de som, pois a música não vazava de um espaço para o outro, e o volume dela na minha sala era exponencialmente mais baixo do que a altura do som que provavelmente tocava no ambiente dele. Eu conseguia ver os lábios de Chris se movendo, mas não escutava absolutamente nada do que ele dizia, por isso só fiz um movimento com as mãos, indicando que ele batesse em algo.

Chan sorriu de um jeito tímido, com seus olhos encontrando o chão por um momento, e depois ele andou pela sala, como se escolhesse por onde começar e mirou em uma cafeteira que se encontrava sobre um frigobar, acertando ela com o taco de baseball e fazendo com que voasse longe. Logo depois, ele olhou para trás novamente para captar a minha reação e eu pulei no mesmo lugar, vibrando com a sua tacada e dando apoio moral para que seguisse em frente.

No momento em que Christopher resolveu continuar e se distraiu da minha presença, o instrutor me passou algumas dicas do que fazer caso precisássemos de ajuda, comunicando como funcionava para ligar para a recepção a partir do interfone da sala, e finalmente nos deixou a sós por ali.

Ao passo em que se sentiu mais confortável e familiarizado com aquela atividade, Bang Chan foi com tudo, quebrando utensílios menores e degradando os maiores sem ter dó algum, e por mais que eu não estivesse de fato vivendo a sensação que ele tinha ao realizar aquilo, era extremamente gratificante de contemplar a destruição que estava causando e a energia contagiante que ele colocava naquela função.

Depois de certo tempo, o líder voltou a me mirar e eu comecei a indicar coisas que ele deveria quebrar. Como não tínhamos como ouvir um a voz do outro, começamos a nos comunicar por mímica e acabou virando quase um jogo de adivinhação, então acabei me divertindo junto com ele.

O mais importante de tudo era que a manutenção do sorriso de Chan estava finalmente em dia, pois era nítido que agora ele não sorria para aparentar uma imagem de resistência, ele estava realmente entretido e alegre, e notar aquilo me fez suspirar com uma sensação de dever cumprido, pois o seu sorriso verdadeiro era justamente o objetivo que eu mais queria alcançar naquela tarde.

Rascunhos de uma SemanaOnde histórias criam vida. Descubra agora