Capítulo 4 - Baú de angústias

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Bang Chan

Além de cansado, eu me sentia sobrecarregado ultimamente, os pensamentos pesavam mais do que qualquer atividade física que eu fizesse e estava a cada dia mais difícil de contê-los. Ser líder do Stray Kids era incrível, mas, de vez em quando, as minhas obrigações para com a empresa que nos gerenciava, acabavam se tornando um fardo também.

Mesmo com a estreia do álbum novo, lançamentos de MVs e milhares de outros motivos para ficar empolgado, eu me sentia para baixo, parecia que dessa vez os meus olhos não estavam brilhando como nos outros comebacks do grupo. Se já não bastasse isso, eu andava estressado com determinadas relações do meio artístico, além de chateado com o recente término do meu namoro.

Buscando fugir um pouco desses sentimentos desagradáveis, marquei a live do Chan's Room para o segundo domingo do mês de maio, conversar com Stays ajudava muitas vezes a me distrair e eu sempre saía renovado depois daquele tipo de troca.

Ficar respondendo a galera, fez com que eu conseguisse tirar certas coisas do meu sistema. Uma vez que essa live era justamente para ser uma extensão de mim, como se eu convidasse o pessoal a entrar no meu quarto para ter um bate-papo aberto comigo. Tinha sido bem produtivo para que eu pudesse aliviar os meus nervos, pois tive como colocar em pauta algumas frustrações que andava vivendo, sem adentrar de fato na minha vida pessoal, apenas falando por cima de certas questões do ramo musical.

No entanto, eu não sabia da avalanche que estava por vir e que um mero comentário poderia acabar invocando tanto caos. Eu não considerava que teria tanto peso no que havia dito, pois reclamar da falta de respeito que alguns grupos de k-pop mais novos na indústria tinham ao lidar com os veteranos do ramo, não era nenhum absurdo, eu nem ao menos era a primeira pessoa a levantar essa questão e se indignar com isso, além de que nenhum nome havia sido citado para ilustrar essa conduta arrogante. Por conta disso, encerrei a transmissão totalmente despreocupado e um pouco mais leve por pelo menos ter conseguido colocar para fora uma situação que não causava desgosto só a mim e ao Stray Kids, mas a outros colegas da nossa geração também.

Como eu poderia imaginar que dar uma opinião sincera sobre um assunto que todos concordávamos que tinha que mudar, poderia me colocar em uma fria? Acontece que um dos grupos que geralmente não tinha cordialidade ao falar conosco, entendeu que o meu discurso teria sido uma indireta para ele e iniciou um burburinho de que eu era quem estava sendo desrespeitoso ao ter reivindicado respeito... claramente um recorde mundial de ironia. A única graça nessa situação era que esse grupo estava assumindo a própria falta de educação ao se dirigir aos demais, mas o humor terminava aí, porque depois disso conseguiram o que tanto queriam, que era colocar abaixo qualquer vislumbre de tranquilidade que eu poderia ter.

Ao vestirem a carapuça de que eu havia falado delas, o fandom das garotas caiu em cima do Stray Kids com força. Obviamente, isso acabou chegando na diretoria da JYPE e, logo em seguida, despencando sobre mim, como se eu fosse o errado nessa história toda, sendo que nem ao menos tinha pronunciado nome algum no relato do meu desapontamento.

Nos dois dias seguintes, não comentei com os garotos sobre as implicações que essa live trouxera para mim, nem sobre como eu estava perdendo a paciência em discutir e me justificar perante os meus superiores. Ninguém precisava passar pelos meus infortúnios, ainda mais se eu era o único envolvido no caso.

Ainda que eu tentasse passar despercebido, parecia que eu estava sendo vigiado de perto e nem era pela diretoria da JYPE, e sim por Kim Seungmin, que, por alguma razão, conseguia surgir justamente nesses momentos - mas eu tinha que dar um desconto para ele, pois, na verdade, minha vida havia virado um loop constante de perturbações e o garoto apenas tinha dado o azar de estar por perto durante elas.

Rascunhos de uma SemanaOnde histórias criam vida. Descubra agora