Capítulo 15 - Provocações à parte

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Kim Seungmin

Acabamos almoçando com um pouco de atraso por termos gastado parte do nosso tempo em ficarmos juntos ao invés de continuar lidando com a composição da música. Por isso, assim que voltamos do restaurante, retomamos o arranjo de onde tínhamos parado e começamos a esboçar ideias para a letra, construindo uma narrativa que fizesse sentido com a história que a canção contaria.

Diferente do dia anterior, não desperdiçamos o restante das nossas horas dessa vez, realmente nos concentramos em trabalhar durante a tarde, e quando fechou seis da noite, resolvemos encerrar o expediente.

Bang Chan terminou de arrumar a mochila, colocando ela nas costas e eu fui em direção à porta para destrancá-la, mas assim que a abri, ele a empurrou de volta, fechando a mesma e me mantendo preso entre a madeira e o seu próprio corpo.

- Espera - disse Christopher, ainda com o braço estendido ao meu lado -, amanhã nós temos prática de dança porque não deu para encaixar nos últimos dias, então não viremos para cá.

- E...?

- Nós voltaremos a compor no domingo?

- Eu preciso do domingo como meu dia de descanso, hyung. Eu vou estar morto nesse fim de semana porque não teremos o sábado livre.

- Então quando?

Apesar de Bang Chan ter se mostrado recíproco ao meu toque desde o princípio, essa era a primeira vez que ele soava estar realmente interessado em mim, pois, após a sua última pergunta, me parecia meio óbvio pelo seu tom de voz ansioso, que estava usando a música como desculpa para saber quando poderíamos ficar a sós novamente.

- Podemos decidir isso depois? - questionei.

Bang Chan tirou o braço da parede e os seus olhos aparentavam ligeiramente decepcionados que eu não tivesse proposto fazermos algo no domingo. Mas ele colocou um sorriso singelo no rosto, provavelmente querendo disfarçar.

- Tudo bem, depois vemos isso - falou conformado.

- Okay.

Ele tocou a maçaneta e foi puxar a porta, mas eu pressionei minhas costas contra ela, para que não abrisse ainda.

- Espera - falei, fazendo uma inversão de papéis da sua cena anterior.

- O quê? - Chan parecia confuso.

- Achei que todo esse lance de me encurralar na porta fosse uma estratégia para me beijar antes de ir.

- Era - admitiu Chris, parecendo achar graça da própria ideia -, mas...

- Sem mas. Menos conversa, mais beijo - reclamei, claramente zoando com a situação.

- Certo, você que manda - falou, estendendo um sorriso.

O líder deu um passo à frente e ergueu levemente os pés para encontrar a minha altura e poder tocar os meus lábios com os seus. Então, assim que o beijo começou, eu fiz a gentileza de me inclinar um pouco, para que as solas de seus tênis pudessem voltar a ficar rentes ao chão durante o ato.

Eu gostava de beijá-lo, mas não era como se o beijo dele fosse muito diferente de qualquer outro que eu já tivesse experimentado, era mais por conta de duas coisas bem específicas: a sensação de alegria que me dava e a demonstração de vontade por parte dele. Obviamente que os beijos do meu passado tinham sido todos com consentimento da outra pessoa, porém, era muito diferente beijar apenas constatando permissão e beijar alguém que demonstrasse um desejo eminente.

Eu podia ainda ter certo receio com relação a alguns toques, mas não tinha como negar que era bom tomar nota da atração que Bang Chan estava passando a deixar mais exposta, era gratificante não só pela reciprocidade à minha, mas pelo afago ao meu ego também. Todavia, pensei se parte das minhas suposições acerca do que eu despertava nele não se tratava somente de ilusão da minha mente, causada pelo alto nível de serotonina que eu andava produzindo ultimamente, pois, de tão vibrante que eu estava com a oportunidade de viver aquele caso, era capaz de não ler corretamente as emoções de Chan.

Rascunhos de uma SemanaOnde histórias criam vida. Descubra agora