Capítulo 29 - Cor de carmim

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Kim Seungmin

Era impossível não ficar preocupado quando o astral de Bang Chan mudava e ele não parecia disposto a compartilhar a respeito disso. Eu tinha levado algum tempo para conseguir a confiança dele e para fazê-lo dividir comigo as suas angústias relativas ao término e às penalidades geradas pelo último Chan's Room, depois disso tinha sido mais fácil de ele se abrir para conversar sobre qualquer assunto, mas agora que estava tentando me ocultar algo, parecia claro que o problema partia de mim e isso estava atacando a minha ansiedade, mesmo que eu me mantivesse firme em não demonstrar o quanto aquilo me afetava.

Naquela noite, após o ensaio, fomos direto para o estúdio e voltamos a trabalhar na música logo que entramos nele, sem nos enrolarmos em romances desde aquela manhã. Eu ainda não tinha compreendido se isso era uma forma de Christopher manter um foco maior para acelerar a composição ou se ele só estava aproveitando um momento de criatividade extrema, pois quando Chan entrava no modo músico, era normal que ele se dedicasse a fundo.

Foi quando resolvemos dar uma pausa pelas dez horas da noite, que eu senti um pouco de paz finalmente se espalhar dentro de mim, pois assim que tirei os fones para poder sair da cabine de som, Bang Chan adentrou a porta de vidro, impossibilitando a minha saída, e foi andando na minha direção, fazendo com que eu recuasse para trás, até que as minhas costas parassem ao darem de encontro com a parede. Tê-lo agindo com espontaneidade ao meu redor, fazia com que eu me sentisse mais tranquilo quanto aos meus receios.

- Você está indo muito bem hoje - disse ele, sem afastar o corpo do meu.

- Obrigado - respondi, com certa vontade de rir, tanto por Chan ter me encurralado quanto porque eu não sentia que estava com a minha mente no lugar durante as gravações para poder receber tal elogio, mas se ele achava isso, eu não ia retrucar.

Chan levou uma mão ao meu pescoço e trouxe seus lábios até os meus, iniciando um beijo intenso, que não parecia que terminaria tão cedo. Mesmo imerso em diversas reflexões, eu cedi e entrei no seu clima, começando a ficar nervoso por resgatar parte das sensações da noite anterior, pois, só de beijá-lo, eu já começava a lembrar de tudo que havia rolado na minha cama e aquilo automaticamente me dava uma vontade imediata de viver uma reprise.

Aparentemente, a noite passada acabara virando uma espécie de divisor de águas para nós dois, porque ambos estávamos sentindo uma liberdade maior para nos deixarmos levar por nossos ímpetos. O corpo dele se pressionou mais ao meu e a sua perna esquerda parou posicionada em meio às minhas, foi nesse mesmo momento que eu parei de temer demonstrar fisicamente os meus anseios, pois conseguia sentir nitidamente a excitação dele e Chris não parecia ligar nem um pouco em estar evidenciando isso.

- Você quer ir lá pra casa de novo? - perguntei devagar, quando ele desceu os lábios para o meu pescoço. - Não vai ter mais ninguém além do I.N. Felix ainda não voltou.

- Eu já faria aqui mesmo - informou Chan ao meu ouvido com um tom de voz mais incisivo, que ele ainda não tinha usado comigo.

Perdi totalmente o controle da minha respiração e nem ao menos consegui raciocinar o que responder para aquela frase, primeiro porque eu não sabia se ele estava apenas brincando e em segundo lugar porque nunca alguém tinha falado comigo com tal ferocidade, e aquilo tinha feito a minha libido disparar como jamais havia sentido antes, mesmo levando em consideração a nossa última pegação.

Por mais que eu estivesse no auge do meu desejo, o meu coração também estava acelerado por medo, uma vez que estávamos em um lugar tecnicamente público. Já havíamos nos pegado diversas vezes naquele estúdio, mas era de forma muito mais singela e não sugerindo uma intimidade densa como agora.

Rascunhos de uma SemanaOnde histórias criam vida. Descubra agora