Anne
A negra estava entediada, ela observou Joe limpar a cozinha e depois o acompanhou a sala. O homem deitou no sofá e fechou os olhos na intenção de tirar um cochilo, completamente indiferente a jovem sentada no outro sofá sem jeito. Anne confessa que a tranquilidade dele a incomodava as vezes, ele só parecia muito despreocupado com as coisas.
Ela se perguntou o que podia o abalar, porque até agora ele não estava muito interessado com Anne ou em ser amigável.
A garota resmungou em seu lugar, e o olhou, mas o moreno continua quieto. Ela fez um pouco mais de barulho para ver se conseguia sua atenção, as ulhas grandes batucaram no forro do movel e ela fez o mesmo com o seu pé.
E recebeu silêncio de volta.
Anne revirou os olhos com o descaso do outro com a inquietude dela.
_ Você teria uma folha branca e lápis? - pergunta.
Joe abre um dos olhos, e a fita rapidamente, porém os fecha sem interesse.
_ Uma folha e lápis? - ele repete e boceja.
Bastante espaçoso, suas pernas ocupam todo o sofá. O casaco levantou um pouco, o que faz ela olhar para o v abaixo do abdome que se destaca mesmo com a posição largada do outro.
_ E mais para passar o tempo, eu não estou acostumada a ficar sem fazer nada. E bom... não tem muito para se entreter aqui. - sacode os ombros, enquanto seus olhos vão para os animais empalhados e um grito sobe sua espinha.
_ Já eu tenho muito com o que me entreter. - sorrir e os olhos verdes olham o lugar que a pouco segundos a outra fitava com diversão.
_ O seu hobbie e um tanto exótico. - a negra faz uma careta.
_ Vocês da cidade tem uma visão diferente do que é diversão. - responde com um rosto desgostoso e se levanta.
Anne não levou para o pessoal, até porque seus pontos de vista não eram iguais. Uma pessoa que mora na cidade e outra pessoa que mora no campo teriam estilos de vida muito diferentes. Claro que a jovem respeitava isso, até mesmo o modo de falar grosseiro do moreno.
Joe saiu, e ela o esperou voltar ansiosamente, o que aconteceu cinco minutos depois. Em suas mão um estojo e um caderno espiral pequeno argolado em dourado. Anne os pegou radiante, mas levantou uma das sobrancelhas.
_ Rosa? - ela olhou para o estojo.
Imaginou que podia ser de uma namorada, o gerou um leve incômodo que tratou de espantar. A vida do homem não é algo que diz respeito a ela por mais que estivesse curiosa para saber mais.
_ E da minha irmã, ela está sempre esquecendo coisas aqui em casa. - explica. - não me diga que gosta de escrever? - ele senta, mas dessa vez não se deita.
Joe a olha parecendo mais interessado na jovem.
_ Oh não, eu escrevia na escola. O lápis e o caderno são para mim desenhar. Roupas na verdade, eu amo criar algo novo. - Anne diz com gosto.
Trabalhar com o que gosta é um privilégio para poucos, ela sabia disso e por isso a negra foi tão longe pelo seu sonho, mas ela ainda se sente suja toda vez que se olha no espelho.
Anne odeia o que ela fez consigo mesma.
_ Você é uma estilista? - ele questiona, e a observa da cabeça aos pés. - você não se veste como uma. - diz sem nenhuma pretensão, provável que ele nem tenha pensado antes de falar.
_ E como eu teria que me vestir? - a jovem o confronta muito curiosa para saber como ele tinha chegado a essa opinião.
_ Estilistas tem um estilo próprio, com uma personalidade autêntica. Você é... normal. - ele a estuda, seus olhos por um segundo faz contato com o dela, e intenso e seus lábios abrem como se ele fosse acrescentar algo a mais, mas ele desiste.
Anne queria ouvir o que ele diria, mas ela o diz:
_ Eu não tenho problemas em ser normal, na verdade eu prefiro assim. O meu prazer estar em ver as pessoas vestindo algo que as minhas mãos desenharam, eu até faço roupas para mim, mas nada muito extravagante ou que não seja eu.
A negra apesar de ter uma mente criativa e amar arriscar em suas criações, era simples em suas escolhas pessoais. Grande parte dos dias, ela estava de vestido um pouco mais soltos e seus queridinhos saltos baixos confortáveis. Ela sabia que seu estilo a fazia parecer feminina, mas não ousada como esperado de um estilista.
_ Quando recuperar sua mala, quem sabe não possa me mostrar o seu trabalho. - Joe fala.
Anne assentiu contente, aquela devia ser á primeira vez que sentia os dois próximos desde que conheceu o outro.
_ Pode ser, talvez eu faça algo especial para você.
_ Eu vou ver isso como uma promessa. - sorrir de lado.
Anne engole em seco, ela detesta fazer promessas. Ela fez uma anos atrás e não conseguiu cumprir, ela pensa que é inacapaz de dar sua palavra para o que requer uma maior responsabilidade.
Ela o seu um sorriso amarelo, e desviou os olhos dele. Ela abriu o caderno, tinha alguns rabiscos. Ela leu uma lista de compras, e riu ao ver o que estava escrito no final.
"Corte o cabelo e faça a barba, ou eu vou acreditar que você virou um selvagem."
Sua querida irmã, Stella.
_ O quê foi?- pergunta.
Anne reparou que estava sorrindo sozinha, ela o mostra o caderno.
_ A sua irmã se preocupa muito com você. - diz.
_ Não diga isso, você não faz ideia de como ela pode ser irritante. Mas ela é da família, então eu a suporto. - diz, seus ombros balançam despreocupados. - E você, alguém para encher o seu saco? Um namorado? - ele pergunta, e por mais que sua cara de tédio sooa despretensiosa, ela nota a curiosidade por trás das palavras calma.
Anne rir imediatamente.
_ Como eu posso ter um namorado, se nunca beijei? - ela tampa sua boca assim que percebe o que disse em voz alta. - oh merda, você não tinha que saber disso. - ela pragueja baixinho.
Joe somente a olha surpreso, parecendo ter perdido a fala, e Anne está tão vermelha como um tomate.
Droga de boca grande!
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APRENDENDO A AMAR -Amores Improváveis
RomanceAnne nunca se sentiu amada, foi deixada na porta de um orfanato ainda quando bebê. Anos depois consegue um importante emprego numa grande revista de moda, ela larga tudo para ir atrás do seu sonho. Só não contava com o mal tempo ...e é claro aquele...