AnneDiferente de viver, existir não tem um ensinamento a tirar, você sente tudo: som, vozes, imagens. As mudanças acontecem e a vida segue seu ciclo.
E você...?
Você continua indiferente, invisível a sua volta. E como está caindo, uma queda sem término e lenta, muito lenta. O mundo vira um cinza desbotado e sem graça, e a falta de lucidez atormenta seus dias.
Anne concluiu que a desesperança é o mais trágico sentimento que uma pessoa possa sentir.
"Como convencer uma mente a sair do escuro, quando a escuridão é mais atrativa que a luz?"
Atualmente, ela estava numa infindável escuridão. As últimas horas foram terríveis, ficou tempo demais pensando como aquilo podia ter acontecido.
Ontem ela tinha total convicção que seríam uma família, faltava pouco para a realização desse sonho, e hoje?
Hoje ela não sabia mais de nada, uma briga interna desenvolve no seu íntimo. Entre culpa e remorso, por ter cruzado com alguém igual a Marx.
Quem mais teria tanto ódio por ela á não ser ele?
Anne pensou que fosse ridículo o acusar do sequestro de Bella. Ainda mais quando ele estava numa clínica psiquiátrica, certo?
Engano seu, Marx fugiu no início da noite de ontem quando a clínica foi invadida.
Claro que houve falhas, dela, de Joe, Ângelo...
Mas a principal foi subjulga-lo, ficou transparente pra ela a pretensão por trás do que aconteceu: Marx a quer, e está louco por vingança.
De volta para casa, Joe achou que teria mais chance do pai está escondido na cidade. O moreno é os outros seguem a trilha do mais velho, enquanto por aqui as pessoas estão horríveis emocionalmente.
Ellen não sai do quarto em nenhuma hora, está tão deprimida que dá pena. O senhor Tomaz passou mal e teve que ir para o hospital, Matthew quem cuida do avô. E Anne... está como um zumbi jogada em sua cama com as muitas informações lançadas.
Há duas batidas na porta, mas ela não tem ânimo para interagir com alguém, somente permanece quieta encolhida e abraçando a si própria.
__ Olá. - uma voz tímida disse. - Eu posso te fazer companhia? - Ruan hesitante caminhou parando no meio do quarto.
Ele é um doce, mas não quer ver ninguém.
__ Desculpa, mas eu não estou falante hoje. Não vou ser uma companhia agradável de se ter. - mumurra.
__ Não temos que conversar, o silêncio guardar mais conforto do que um diálogo. Eu vou me sentar e ficar do seu lado. E eu não converso muito, então não precisa se incomodar com o barulho. - diz tentando amenizar o clima, mas ela não foi capaz de sorrir.
Ele sentou na beirada da cama, ela o observou antes de assentir.
__ Você é um garoto muito especial. - ela disse deitando sua cabeça em seu colo.
Ruan enrijece, segundos depois sua mão acaricia seus cabelos. Anne fecha os olhos, afundando de novo no sentimento de culpa.
__ Eu sei que eu disse que ficaria calado, mas... - ele parecia não ter certeza de continuar.
__ Pode falar querido. - disse baixo, gostando do quão reconfortante era o toque de Ruan.
__ E só que é estranho ver alguém alegre como você, triste. - o garoto diz encabulado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
APRENDENDO A AMAR -Amores Improváveis
RomanceAnne nunca se sentiu amada, foi deixada na porta de um orfanato ainda quando bebê. Anos depois consegue um importante emprego numa grande revista de moda, ela larga tudo para ir atrás do seu sonho. Só não contava com o mal tempo ...e é claro aquele...