Capítulo 5

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Anne

O cheirinho de café logo chamou a atenção assim que entrou na cozinha, a vista dele não seria muito boa ao olhar para a mulher; olhos vermelhos, descabelada, mal vestida.

Um caos!

Mas Joe não se virou para ver o estado caótico da jovem, estava entretido fritando o bacon. Na bancada de madeira estava o bule de café, um bolo fofo que a fez lamber os lábios, um prato onde tinha alguns ovos e bacon e outro com algumas panquecas. Anne se animou por hoje comer algo sólido.

_ Parou de nevar - disse sem a olhar. - A moça vai livrar de mim mais rápido do que imagina. - diz com um traço de humor.

E... iria.

E isso era bom?

Anne olhou para a janela da cozinha vendo a neve amontoada ali, a árvore do lado de fora estava coberta pelo branco. Todavia havia parado de nevar, o que era terrível para a negra.

_ Parece que sim... - ela sorriu por mais que o gesto não fosse verdadeiro. - Joe você acha que eu ainda consigo salvar alguma coisa de Charlotte. - ela gostou de como o nome saiu em sua boca.

O moreno a olhou com o cenho franzido.

_ Charlotte? Quem diabos é Charlotte? - ele a olha bravo, mas preocupado.

É a vez dela o olhar sem graça, porque sabe que vai parecer muito boba para o outro agora.

_ Então... Charllote e o nome do meu carro.

Ela o olha esperando uma reação de zombaria, porém recebe o seu silêncio. Ele coça a barba e a olha pensativo, mas depois dá de ombros como se dissesse a si que não é um problema dele e volta para a frigideira com os ovos.

_ Você é meio louquinha moça, primeiro pega a estrada com uma tempestade acontecendo e coloca um nome em seu carro... - ele rir alto, e então olha para os tênis gasto que a negra pegou no canto da sala, pois reconheceu que eram seus.

O que é cômico com o moletom pegando em suas coxas, ela estava muito confortável, e pelo tamanho e porte pequeno podia passar por uma adolescente pouco encorpada.

_ O quê? - ela levanta o queixo o desafiando.

_ Esses seus sapatos, como se chamam? Cathie? Emma? - a sua risada repercute na cozinha.

Ele desligou o fogo colocando o ovo junto com os outros.

_ Não seja ridículo. - ela revira os olhos. - mas dá para pegar minhas coisas?

Ela realmente quer suas roupas, por mais que as deles sejam cheirosas. Aquele não é seu estilo.

_ Talvez as  roupas que estão na mala e alguns pertences, mas se você tiver algum eletrônico... nesse caso não posso fazer muito. Uma das janelas quebrou, a neve já deve ter tomado conta.

Anne quis chorar.

Sem o celular e o notebook, e quase impossível que consiga entrar em contato com a revista. Mas nesse momento, ela já era uma pessoa desempregada.

_ Você por acaso teria um celular? - o fita esperançosa.

_ Não um com sinal como você quer.- diz.

Os ombros da jovem caem.

__ Senta enquanto o café não esfria. - Ele dá um tapinha em suas costas ao perceber o desânimo da outra. - Daqui uns dois dias, as coisas estarão melhores e você vai poder ir pra casa.

Anne rir e com um pouco de dificuldade em sentar em um dos banquinhos de madeira alto. Joe tinha um sorriso de lado se divertindo com sua dificuldade.

_ Que casa? Eu podia usar o meu carro para dormir, mas ele estava lento antes, com o acidente, é um milagre se ele voltar a funcionar. - Anne pega um pedaço de bolo levando a boca, ela fecha os olhos enquanto o saboreia porque aquilo está muito bom. - isso está divino, onde você aprendeu a cozinhar assim? - pergunta.

_ Quando você mora sozinho, você tem que se virar com o que tem.- diz fazendo o seu prato. - E a sua família, eles poderiam te ajudar.

Anne fica alguns segundos em silêncio, decidindo se devia dizer para um estranho sobre sua vida. Contudo aquele estranho a ajudou mais em três dias do que as pessoas que conheciam o fizeram.

_ Sim se eu os conhecesse, eu cresci em um orfanato. - as palavras cortam sua garganta.

_ Droga, o que eu devia te dizer? - Joe resmunga e a olha um tanto desconcertado.

_ As pessoas costumam dizer: " Eu sinto muito querida", mas é algo por obrigação. E o clima sempre fica estranho depois, elas não sabem o que dizer. E eu odeio olhares de pena, não ligue pra isso. Aliás não diga nada, não é um assunto que eu me sinta bem em falar. - diz com sinceridade.

__ Você está certa, não é uma conversa que eu saberia como manter. - ele diz simplesmente antes de dá uma garfada nos ovos e encher a boca.

Anne está se adptando com a sinceridade do maior, mas agradou que ele não tenha a tratado como uma pobre coitada ao saber que a negra era órfão.

_ Não vai comer? - pergunta percebendo que ela não se movimentou, mas seus olhos descem para a sua mão e ele pega um prato.

_ Sabe que eu não estou inválida, certo? - ela questiona em tom de brincadeira, o observando colocar a comida.

_ Você só deve agradecer por eu estar sendo educado, eu não faria para outro.

O coração da negra acelera, e suas bochechas coram. O seu lado racional diz que ele está o fazendo por sua mão machucada, o que não evita que ela se sinta especial com a cortesia do homem.

_ Mas e você não sente falta da cidade? - pergunta.

Joe para a panqueca antes que chegue no prato, e se torna rijo, derrepente está muito sério.

__ Como você esse é um assunto que eu não gosto de falar. - diz e a oferece o prato.

Ela o pega um pouco culpada por ocasionar a mudança do outro, Joe estava descontraído, mas agora está muito duro e fechado.

Os seus dedos tocam quando Anne vai pegar o prato, e uma energia percorre o seu corpo a mesma que ela sentiu quando estava nos seus braços mais cedo. Ele a olha como se sentisse o mesmo, mas sua mão afasta rápido da dele como se o toque o queimasse.

__ Pelo visto nós somos dois fodidos.- Anne diz olhando para o prato cheio.

Joe a fazia sentir coisas esquisitas.

APRENDENDO A AMAR -Amores Improváveis Onde histórias criam vida. Descubra agora