Anne
O cheirinho de café logo chamou a atenção assim que entrou na cozinha, a vista dele não seria muito boa ao olhar para a mulher; olhos vermelhos, descabelada, mal vestida.
Um caos!
Mas Joe não se virou para ver o estado caótico da jovem, estava entretido fritando o bacon. Na bancada de madeira estava o bule de café, um bolo fofo que a fez lamber os lábios, um prato onde tinha alguns ovos e bacon e outro com algumas panquecas. Anne se animou por hoje comer algo sólido.
_ Parou de nevar - disse sem a olhar. - A moça vai livrar de mim mais rápido do que imagina. - diz com um traço de humor.
E... iria.
E isso era bom?
Anne olhou para a janela da cozinha vendo a neve amontoada ali, a árvore do lado de fora estava coberta pelo branco. Todavia havia parado de nevar, o que era terrível para a negra.
_ Parece que sim... - ela sorriu por mais que o gesto não fosse verdadeiro. - Joe você acha que eu ainda consigo salvar alguma coisa de Charlotte. - ela gostou de como o nome saiu em sua boca.
O moreno a olhou com o cenho franzido.
_ Charlotte? Quem diabos é Charlotte? - ele a olha bravo, mas preocupado.
É a vez dela o olhar sem graça, porque sabe que vai parecer muito boba para o outro agora.
_ Então... Charllote e o nome do meu carro.
Ela o olha esperando uma reação de zombaria, porém recebe o seu silêncio. Ele coça a barba e a olha pensativo, mas depois dá de ombros como se dissesse a si que não é um problema dele e volta para a frigideira com os ovos.
_ Você é meio louquinha moça, primeiro pega a estrada com uma tempestade acontecendo e coloca um nome em seu carro... - ele rir alto, e então olha para os tênis gasto que a negra pegou no canto da sala, pois reconheceu que eram seus.
O que é cômico com o moletom pegando em suas coxas, ela estava muito confortável, e pelo tamanho e porte pequeno podia passar por uma adolescente pouco encorpada.
_ O quê? - ela levanta o queixo o desafiando.
_ Esses seus sapatos, como se chamam? Cathie? Emma? - a sua risada repercute na cozinha.
Ele desligou o fogo colocando o ovo junto com os outros.
_ Não seja ridículo. - ela revira os olhos. - mas dá para pegar minhas coisas?
Ela realmente quer suas roupas, por mais que as deles sejam cheirosas. Aquele não é seu estilo.
_ Talvez as roupas que estão na mala e alguns pertences, mas se você tiver algum eletrônico... nesse caso não posso fazer muito. Uma das janelas quebrou, a neve já deve ter tomado conta.
Anne quis chorar.
Sem o celular e o notebook, e quase impossível que consiga entrar em contato com a revista. Mas nesse momento, ela já era uma pessoa desempregada.
_ Você por acaso teria um celular? - o fita esperançosa.
_ Não um com sinal como você quer.- diz.
Os ombros da jovem caem.
__ Senta enquanto o café não esfria. - Ele dá um tapinha em suas costas ao perceber o desânimo da outra. - Daqui uns dois dias, as coisas estarão melhores e você vai poder ir pra casa.
Anne rir e com um pouco de dificuldade em sentar em um dos banquinhos de madeira alto. Joe tinha um sorriso de lado se divertindo com sua dificuldade.
_ Que casa? Eu podia usar o meu carro para dormir, mas ele estava lento antes, com o acidente, é um milagre se ele voltar a funcionar. - Anne pega um pedaço de bolo levando a boca, ela fecha os olhos enquanto o saboreia porque aquilo está muito bom. - isso está divino, onde você aprendeu a cozinhar assim? - pergunta.
_ Quando você mora sozinho, você tem que se virar com o que tem.- diz fazendo o seu prato. - E a sua família, eles poderiam te ajudar.
Anne fica alguns segundos em silêncio, decidindo se devia dizer para um estranho sobre sua vida. Contudo aquele estranho a ajudou mais em três dias do que as pessoas que conheciam o fizeram.
_ Sim se eu os conhecesse, eu cresci em um orfanato. - as palavras cortam sua garganta.
_ Droga, o que eu devia te dizer? - Joe resmunga e a olha um tanto desconcertado.
_ As pessoas costumam dizer: " Eu sinto muito querida", mas é algo por obrigação. E o clima sempre fica estranho depois, elas não sabem o que dizer. E eu odeio olhares de pena, não ligue pra isso. Aliás não diga nada, não é um assunto que eu me sinta bem em falar. - diz com sinceridade.
__ Você está certa, não é uma conversa que eu saberia como manter. - ele diz simplesmente antes de dá uma garfada nos ovos e encher a boca.
Anne está se adptando com a sinceridade do maior, mas agradou que ele não tenha a tratado como uma pobre coitada ao saber que a negra era órfão.
_ Não vai comer? - pergunta percebendo que ela não se movimentou, mas seus olhos descem para a sua mão e ele pega um prato.
_ Sabe que eu não estou inválida, certo? - ela questiona em tom de brincadeira, o observando colocar a comida.
_ Você só deve agradecer por eu estar sendo educado, eu não faria para outro.
O coração da negra acelera, e suas bochechas coram. O seu lado racional diz que ele está o fazendo por sua mão machucada, o que não evita que ela se sinta especial com a cortesia do homem.
_ Mas e você não sente falta da cidade? - pergunta.
Joe para a panqueca antes que chegue no prato, e se torna rijo, derrepente está muito sério.
__ Como você esse é um assunto que eu não gosto de falar. - diz e a oferece o prato.
Ela o pega um pouco culpada por ocasionar a mudança do outro, Joe estava descontraído, mas agora está muito duro e fechado.
Os seus dedos tocam quando Anne vai pegar o prato, e uma energia percorre o seu corpo a mesma que ela sentiu quando estava nos seus braços mais cedo. Ele a olha como se sentisse o mesmo, mas sua mão afasta rápido da dele como se o toque o queimasse.
__ Pelo visto nós somos dois fodidos.- Anne diz olhando para o prato cheio.Joe a fazia sentir coisas esquisitas.
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APRENDENDO A AMAR -Amores Improváveis
RomansaAnne nunca se sentiu amada, foi deixada na porta de um orfanato ainda quando bebê. Anos depois consegue um importante emprego numa grande revista de moda, ela larga tudo para ir atrás do seu sonho. Só não contava com o mal tempo ...e é claro aquele...