Capítulo 10

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SIMONE

Me aproximo da loira vestida de preto, estava com um terno, calça social e uma camisa. Repouso minhas mãos em seus ombros, ela olha para mim e me abraça.

Simone: — Sinto muito.

Percebo que sua respiração está árdua, ela apoiou seu rosto em meu ombro e chorou. Apenas tento consolar com meu abraço, mas sinto que não é o suficiente.

Simone: — Eu preciso falar com você depois, tudo bem? — Segurei seus braçoa com cuidado,.saindo do abraço e olhando em seus olhos — Não chore, eu acredito que ele não gostaria de ter ver aos prantos.

Soraya: — O único que me resta é o meu lamento, Simone — Observou o caixão.

Olhei para o chão, observei o local e me deparei com os familiares de César, eles se aproximaram, deram um abraço em Soraya e enxugaram suas lágrimas. Cada um alí estava com um peso na consciência, pois sei que muitos se afastaram de César.

Ele era um homem incrível, mas algumas coisas que sua família o fez deixaram ele distante. Eu estava com o peso na consciência, fiz amor com a mulher do homem que me considerava uma irmã, quebrei sua confiança, mas não tive a oportunidade de dizer como, apenas pedi desculpas naquele leito de hospital.

"Por que está pedindo desculpas?" Disse ele antes de partir.
"Por eu ter sido uma amiga da qual você não merecia" digo a ele.

César me entrega duas cartas, uma com o nome de Soraya e a outra com o meu nome. "Entregue isso a Soraya e leia a que tem seu nome", ele me disse.

Sequer tive coragem de abrir, de ler suas palavras, de lembrar do cara que me apoiou quando mais precisei.
Ajusto meu vestido negro, vejo ela chorar ainda mais nos braços de um dos irmãos de Carlos. Eles enxugam as lágrimas de Soraya e conversam com ela.

Quando deu a hora, fomos ver o enterro. Soraya não parava de chorar sequer um minuto, estava desidratando, sofrendo ao ver o seu amor ir embora.

Quando enfim o caixão chegou ao fundo, começaram a depositar terra por cima, Soraya não aguentou, agarrou-se em sua mãe e chorou ainda mais. Ela estava triste, assim como eu, mas me tocou ainda mais vê-la naquela situação e não poder acolher, dar um abraço para tentar resolver aquelas lágrimas.

Quando acaba o momento, me aproximo e sussurro em seu ouvido.

Simone: — Você não está em condições de ir para casa sozinha — Passei minhas mãos em seus braços.

Ela assente.

Simone: — Vá com alguém da sua família e descanse. Se quiser, eu posso levá-la para a casa de alguém.

Soraya: — Eu preciso ficar sozinha.

Simone: — Quer que eu leve você para sua casa?

Ela balança a cabeça, aceitou minha oferta.
Eu espero ela sentir o interesse de enfim sair desse cemitério, de saber que ele não levantará e a amará novamente. Ela estava devastada, e eu também.

Todos estavam saindo, dando seu último adeus e se despedindo, desejando forças, todos de luto.
Ela observa tudo um pouco inconsciente, parecia está acordada à força.

Simone: — Eu entendo que seja difícil se despedir, mas você precisa descansar.

Soraya: — Eu o amava.

Simone: — Eu sei — disse segura do meu choro.

Soraya: — Eu o amo — suspirou.

Simone: — Tenha certeza que ele também te ama, Soraya.

Soraya: — Mesmo que ele não tenha sido o meu grande amor, ele não me mereceu.

Simone: — Não fale isso! Você foi incrível para ele, Soraya! Ele foi um ótimo homem assim como você é uma ótima mulher.

Soraya: — A ótima mulher que o trai — vi lágrimas rolarem em seu rosto.

Eu não sabia se insistia para ela ir para casa, se eu absorvia a resposta e me sentia mais culpada do que eu já estava me sentindo, mas apenas ignorei, guardei as emoções.

Começou a chover, o tempo já não estava tão bom desde o dia em que Carlos se foi, mas hoje foi ainda mais triste. A chuva começou a ficar mais intensa e ela continuou parada de frente ao túmulo dele.

Simone: — Vamos, você pode ficar doente-

Soraya: — Me deixe adoecer.

Simone: — Soraya, por favor, colabore! Eu estou tentando ajudá-la.

Soraya: — Eu agradeço, mas eu-

Simone: — A chuva está ficando intensa, por favor, eu estou disposta a ajudar você. Pelo Carlos, Soraya.

Ela olhou em meus olhos, vi seus fios molhados, seu terno úmido e sua maquiagem borrada pelo choro. Agarrei suas mãos e olhei nos olhos dela.

Simone: — Eu entendo sua dor pois eu também perdi um grande amigo, praticamente um irmão, talvez não seja igual a sua dor pois você era esposa dele, mas eu tenho certeza que ele não gostaria de te ver dessa maneira.

Ela continuou a olhar em meus olhos, eu continuei.

Simone: — Eu posso te levar para sua casa com segurança. Tudo bem?

Ela assentiu e eu fui com ela até o carro. Estávamos molhadas pela chuva, mas isso pouco me importava.
Dirigi até a casa dela, mas quando chegamos, sequer vi vontade no rosto dela de descer do carro, praticamente estava morta, não tinha nenhuma reação a não ser as piscadas para manter seu olho hidratado.

Simone: — Vamos, eu entro com você.

Soraya: — Eu não quero entrar nessa casa.

Observei seu rosto sério, a casa, e voltei a olhar para ela.

Simone: — A única coisa que posso fazer é te levar para a minha casa, se quiser.

Soraya: — Eu não quero lembrar-me dele.

Simone: — Bom, eu posso te levar para a minha casa.

Ela confirmou.
Segui caminho até meu apartamento, então estacionei o carro, ela desceu e subiu comigo.

Simone: — Eu vou arrumar alguma roupa pra você vestir e lavar essa, tá?

Ela apenas confirmava com sua cabeça, não falava sequer uma palavra.

Ajudei ela a ir para um quarto de hóspedes, mostrei o banheiro e deixei toalhas para ela. Esperei ela tomar banho para ajudar em algo que ela precise.
Ela saiu do banheiro vestida, com os cabelos molhados e o rosto lavado.

Simone: — Senta aqui — Segurei suas mãos e guiei ela até a beira da cama.

Peguei uma escova de cabelo e penteei o cabelo dela.

Simone: — Durma, está bem? Eu estou aqui caso precise de algo, é só me chamar.

Soraya: — Obrigada.

Dei um beijo em sua testa e saí do quarto, fui até o meu, tomei meu banho e abri a carta que César me deu antes de partir.

     Peço que cuide de Soraya quando eu partir, fique ao lado dela quando eu não estiver mais presente, pelo seu amigo que está prestes a partir, por favor, cumpra esta missão. Eu te amo, Simone, você é uma das pessoas mais incríveis que tive a oportunidade de conhecer.

Carlos César.

Amor, ódio e o fio da morte (SIMORAYA)Onde histórias criam vida. Descubra agora