Capítulo 14

876 115 85
                                    

SIMONE

Data: 28/10/2009
Local: Brasília/DF
De: Caio Alencar
Para: Simone Nassar Tebet

     Simone, você foi uma pessoa especial em minha vida, a mulher que me fez sentir o amor e apreciar dele, mas me despeço desse mesmo amor nesta carta, pois encontrei alguém que me mantém feliz e preenchida. Você, Simone, foi uma pessoa que me fez feliz, mas neste momento deixo meu adeus e me entrego nos braços de outra pessoa.

Com carinho, Caio.

Rodrigo: — Que cara é essa?

Simone: — Eu vou me vingar dela.

Rodrigo: — Do que você está falando?

Simone: — Eu vou me vingar disso.

Rodrigo: — Se vingar do que, sua louca?

Entreguei a carta em suas mãos, ele leu e olhou em meus olhos.

Rodrigo: — A loira lá?

Assenti.

Rodrigo: — Ai, Simone, ela já pediu desculpas, esclareceu tudo com você, demonstra arrependimento… Eu se fosse você tiraria essa ideia biruta da cabeça.

Simone: — Ela me fez muito mal, Rodrigo.

Rodrigo: — Mas ela demonstrou arrependimento e hoje está tentando mudar o que fez, né?

Simone: — Para ela é fácil, mas para mim, não.

Rodrigo: — Se eu fosse você, deixaria esse rancor de lado e se entregaria pra ela de novo. Tanto tempo sozinha porque sentia falta e agora tá nessa?

Simone: — Eu gosto dela, Rodrigo, mas eu não vou deixar barato.

Rodrigo: — E o que você pensa em fazer?

Simone: — Vou aceitar o caso.

Rodrigo: — Que caso? — demonstrou preocupação.

Simone: — Vou defender o homem que tentou matar o Carlos.

Rodrigo: — Simone?

Simone: — Ela vai sentir exatamente o que eu senti.

Rodrigo: — Você sabe que além de atingir ela, você também vai dar um pisão nele, né?

Simone: — Ele não está mais aqui.

Rodrigo: — Minha querida, ele te tratava como uma irmã e é assim que você vai retribuir o carinho?

Simone: — Se ela quer meu perdão, Rodrigo, ela vai ter que passar pelo que eu passei quando recebi essa carta, quando um dia recebi seu desprezo.

Rodrigo: — Você tá do jeitinho que a clínica psiquiátrica gosta…

Simone: — Ela vai se sentir usada, traída. Foi exatamente assim que me senti.

Rodrigo: — Você está me assustando, isso sim.

Simone: — Eu quero fazê-la pagar por tudo que me fez, Rodrigo, eu quero ver ela sentir tudo que eu senti quando ela me deixou.

Rodrigo: — Bom, faça o que quiser, eu tentei.

Ele se levantou da cadeira, se despediu e saiu.
Estava sentada na cadeira do meu escritório quando vejo meu telefone acender, tinha mensagens de Soraya.

Soraya: — Acordou bem?
Soraya: — Queria conversar um pouco, está livre?

Visualizei.

Simone: — Estou. Eu tenho alguns assuntos também.

Soraya: — Estou indo aí, tudo bem?

Simone: — Certo.

Saí da conversa e fiz uma ligação rápida.

— Bom dia, doutora Tebet! Pensou em nossa proposta?

Simone: — Pensei — Rodei na cadeira de rodinhas — Eu estou dentro do caso.

Combinei com o doutor em questão de como iríamos trabalhar no caso até às 11 da manhã, encerramos a ligação e comecei a pensar no caso, do qual não é muito difícil, mas ainda sim é uma desafio.

Soraya: — Cheguei.

Simone: — Vou abrir a porta.

Levantei-me da cadeira, saí do escritório e fui em direção à porta de entrada. Quando abri, vi ela com o cabelo recém feito, um blazer branco por cima de um vestido colado de cor marrom. Ela estava linda.

Simone: — Bom dia — sorri.

Soraya: — Estava ocupada?

Simone: — Não — convidei ela para entrar — mas preciso falar com você.

Soraya: — É algo muito sério?

Simone: — Eu fui procurada pelo homem que tentou matar Carlos, Soraya.

Ela me olhou espantada, arregalou os olhos e me observou com atenção.

Simone: — E eu aceitei defender ele.

Soraya: — Eu não acredito — disse me encarando.

Simone: — É o meu trabalho, Soraya, e eu vou defender esse caso.

Soraya: — Você não está louca…

A observei com seriedade enquanto ela me fuzilava com os olhos, me olhava com desgosto.

Soraya: — Por que você fez isso? — Deu de ombros.

Simone: — Porque esse é o meu trabalho.

Soraya: — Mesmo que seja seu trabalho, você não pode aceitar trabalhar nesse caso, Simone!

Simone: — Por quê? eu trabalho e dependo disso, Soraya.

Soraya: — Você não precisa se submeter a isso, você não precisa! — sorriu de maneira irônica — mas… claro! trair seu melhor amigo, o homem que te tratava como uma irmã é mais importante do que manter o respeito, né?

Simone: — Carlos entenderia, Soraya-

Soraya: — MAS EU NÃO! — Gritou com desprezo — eu posso ter sido uma péssima esposa, amiga… que seja, mas não vou admitir esse tipo de comportamento vindo de você. Por favor, eu imploro para que desista dessa ideia — me agarrou.

Simone: — Um dia eu implorei para você ficar, você simplesmente virou as costas e saiu da minha vida. Não faz sentido eu atender um pedido seu quando um dia me negastes o amor.

Soraya: — Por que você está agindo assim? — me soltou e me olhou com desprezo.

Olhei Soraya com atenção, estava estressada e bem inquieta com minhas palavras, obviamente não gostou de saber que eu irei defender o homem que tentou matar Carlos.

Simone: — Porque você me traiu, Soraya — Me aproximei — Porque você feriu meus sentimentos assim como agora faço o mesmo. Você estragou meu psicológico quando terminou comigo, você me usou!

Soraya: — Ah, e você-

Simone: — Eu? Não, eu te entreguei amor, Soraya. Te dei carinho. Eu não me arrependo de ter te dado o amor mais puro que pude demonstrar para alguém, mas quero que pague por cada lágrima que você me fez chorar.

Soraya: — Você brincou comigo… — disse me encarando com nojo.

Simone: — É bom brincar com as pessoas, né? Eu achei ótimo brincar com você, ver você pagar na mesma moeda.

Vejo seus olhos se encherem de lágrimas, ela coloca a mão no rosto e sai enfurecida da minha casa.
Eu estou triste por isso, mas não deixarei barato tudo que ela fez comigo, jamais.

Amor, ódio e o fio da morte (SIMORAYA)Onde histórias criam vida. Descubra agora