Capítulo 16

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SIMONE

Fairte: — Dormiu bem? — Sentou-se na cama e sorriu.

Simone: — Eu não sei dizer…

Fairte: — Ainda sobre aquilo?

Assenti.

Fairte: — Você quer compartilhar comigo?

Eu amo mamãe, mas eu odeio compartilhar dos meus segredos para ela, prefiro conversar sobre eles com Rodrigo, mas ele está há uma semana sem olhar em minha cara e recusa todas as minhas ligações.

Simone: — Como você soube do Caio?

Ela subiu as sobrancelhas e me observou com calmaria.

Fairte: — As cartas que você recebia, amor. Eu acabei achando sem querer… enfim — Segurou minhas mãos — eu sei que é difícil você se afastar de uma pessoa que você ama, mas sua escolha foi necessária, eu tenho certeza.

Simone: — Eu estou traindo meu melhor amigo, mãe. Além do mais, eu estou usando isso como uma forma de vingança-

Fairte: — Simone — me interrompeu — esse é o seu trabalho! ele e tenderia! E eu não deixaria barato nada que essa mulher me fez.

Mamãe tem razão.
Eu espero que Carlos um dia me perdoe, mas eu devo fazer por onde ela pague com a mesma moeda, preciso que ela sinta tudo que eu senti mesmo a amando muito.

Simone: — Ainda sim…

Fairte: — Você acha que ela não merecia, né?

Assenti.

Fairte: — É, meu amor. Quando amamos muito uma pessoa, queremos sempre o melhor para ela. Eu costumo dizer que certos momentos encorajam e servem de aprendizado.

Simone: — Como que meu rancor pode aperfeiçoar algo?

Fairte: — Justamente! ela iria aprender.

Simone: — Eu tenho uma visita hoje, tudo bem?

Fairte: — É o do rapaz-

Simone: — Que tentou matar o Carlos.

Fairte: — Tome cuidado…

Sorri para mamãe e peguei meu telefone…

Fairte: — Ontem ligou este mesmo número, não disse quem era.

Simone: — Por que a senhora não me avisou?

Fairte: — Não estava salvo, então eu achei que era insignificante…

Simone: — Mas… eu não excluí o contato dela…

Fairte: — Dela quem?

Simone: — Soraya. Esse número é o dela, com licença, vou atender — Levantei-me da cadeira.

Fairte: — Filha, você poderia me escutar ao menos uma vez?

Simone: — Mesmo que eu tenha absorvido a ideia de vingança, mamãe, eu fiz uma promessa a Carlos.

Fairte: — Sisa, você se torna hipócrita e perde o mínimo de respeito quando tenta realizar duas ações que possuem ideias opostas.

Simone: — Mãe…

Fairte: — Me escute! Se vingue dela! — disse quase aos sussurros — Ela te fez infeliz durante tanto tempo, não é agora que você vai ceder algo. E se ela resolver ser a mesma pessoa de antes?

Observei e absorvi as palavras da mamãe, ela tem razão.

Simone: — Bom, vou ao escritório — Desliguei o telefone e abracei minha mãe.

Fairte: — Cuidado! Me dê notícias quando chegar! — sorriu.

Peguei minha bolsa e saí do meu apartamento.
Dei bom dia ao zelador e vi minhas correspondências.

   Você tem uma péssima pessoa como companhia. Cuidado.

Na carta, não tinha remetente, não tinha assinatura… quem mandou isso?
Enfim, tirei uma foto e fui até meu carro, coloquei as correspondências no banco de trás e dirigi até meu escritório, onde iria conversar um pouco com Gerson, homem que tentou matar Carlos.

Chego no meu escritório, dou bom dia para os que estão trabalhando junto comigo e entro.

Soraya: — Ao menos aqui eu vou poder falar com você.

Observei ela da cabeça aos pés, estava linda, mas irei dar ouvidos à mamãe.

Simone: — Está precisando de algo?

Soraya: — Eu preciso que você esclareça essa loucura. Por que diabos você vai defender esse verme? — Disse exaltada.

Simone: — Porque trabalho dessa maneira.

Soraya: — Em respeito a César eu estou tendo que me humilhar para você largar este caso pois não me importo em ser atacada, mas isso é uma covardia-

Simone: — Você foi covarde comigo, Soraya.

Soraya: — VOCÊ VAI DEFENDER O ASSASSINO QUE TENTOU MATAR TEU IRMÃO! — gritou.

Simone: — Você está no meu local de trabalho, eu peço que se acalme ou se retire — Fechei a porta e sentei-me na cadeira.

Soraya: — Como você quer que eu me acalme sabendo que a mulher que eu amo vai defender o bandido que tentou matar o homem que sempre me amou?

Simone: — Porque é assim que vou me vingar, Soraya, eu vou pegar o seu ponto fraco.

Soraya: — Eu prefiro ser morta por você, Simone. Eu adoraria que você me espancasse a ponto de sangrar e gemer de dor até minha morte — Reprimiu a face com nojo — mas você usou a morte do homem que me tratava como uma rainha e que te considerava uma irmã para se vingar de algo que eu já pedi perdão?

Simone: — Suas palavras de perdão não são o suficiente.

Soraya: — Você quer me ver triste e está conseguindo o que quer, mas eu não vou te dar o gostinho de vitória, Simone. Se você quer guerra — se aproximou — você terá guerra.

Simone: — Eu te amo, Soraya, mas não posso deixar barato.

Soraya: — O meu amor por você está se transformando em ódio — Olhou em meus olhos — Eu prometo, Simone, eu juro se for preciso — mostrou o indicador — Que se você continuar com isso, não se mostrar arrependida e ganhar este caso… Ah, mas você vai se arrepender para o resto de sua vida.

Simone: — E o que você pensa em fazer? — sorri com deboche.

Soraya: — Você vai pagar assim como César pagou por algo que não merecia em um leito de hospital. Eu sou capaz de matar você caso não desista dessa ideia estúpida de defender esse idiota.

Simone: — Desde que você pega na mesma moeda, Soraya, pouco me importa o que ocorrer comigo depois.

Soraya: — Eu acho bom você largar esse caso ou ao menos fazer por onde esse homem seja preso.

Simone: — Eu vou deixar passar todas essas ameaças, pois não quero que seja presa por elas — sorri.

Soraya: — Morra, Simone. EU QUERO QUE VOCÊ SUMA!

Simone: — Nunca esqueça que eu te amo, mas também guardo mágoas e quero fazer você pagar por tudo.

Ela arrumou a bolsa em seu corpo e saiu enfurecida do meu escritório.

— Doutora? Está tudo bem?

Simone: — Está.

— Bom… O rapaz do caso do senhor César está aqui.

Simone: — Deixe ele entrar.

Atendi o rapaz, entendi o caso e não é difícil.
Ele foi pago para matar Carlos César a mando do Henrique, o homem que perdeu o caso.

Amor, ódio e o fio da morte (SIMORAYA)Onde histórias criam vida. Descubra agora