27. A vida é como a dança

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SÁBADO

RIO DE JANEIRO

ANDRÉ & PAOLLA (NA MADRUGADA)

André, durante algumas horas, dirigiu falando e fazendo suposições sobre Rique para Paolla, que fingiu não se interessar pelo o assunto, mas sua cabeça fervilhava.

 E se tudo aquilo que vi for verdade?  riu André.  Ser trocada por uma mulher, tudo bem! Mas por um homem, só rindo de você, Paolla.

 Não me interessa! Vá se foder!  falou firme, olhando para frente.  Olha, só vim com você, porque tive pena! André, cê não vale nada!

 Veio porque quis, vai me dizer que não queria mais uma foda?  desdenhou André.

 Vá se foder, filha da puta! Cê não tem escrúpulos!

— Cê não tem moral pra falar de mim! Foi trocada por um homem! E olha que eu chamava minhas "amigas", pra aquele bosta e o Vini comerem! Na verdade, eram prostitutas que eu contratava para fodermos no meu apartamento. O viadão do Rique te chifrava na maior cara de pau; depois eu te comia.  André ria, achincalhava e cada vez mais colocava caraminholas na cabeça dela. — E agora, pelo que vejo, ele mete aquele pau no cu do viado! Que beleza...

"Sabia que mexeria com ego dela e ela tá caindo direitinho, vou 'pilhar' mais."  pensou André.

 Deixe de falar tantas bobagens, seu bosta! Sua boca parece um cu, que vomita merda!  esbravejou com ódio Paolla.

 Quanta ousadia, vindo de uma piranha como você!  escarniou André, rindo da cara dela.  Nossa, tô com medo, olha como tô morrendo de medo.  mostrou-lhe a mão direita como se estivesse tremendo.

 Cafajeste!  exclamou a patricinha revoltada, enquanto André só zombava e ria.  Coitado, tenho pena de ti, escroto!  apontou-lhe o dedo do meio.  Cê não me conhece, André... Se você encostar mais um dedo em mim, não é você que vai pra cadeia! Sou eu quem vou! Acabo com sua raça!

 Nossa! Quanta valentia!  zombou André.  Você?  caiu na gargalhada.

Paolla nada disse, apenas lhe lançou um olhar fulminante.

(...)

Quando chegaram ainda na madrugada ao Rio de Janeiro, Paolla fez questão de pedir para descer em Botafogo, onde pegaria um táxi em frente ao "Botafogo Praia Shopping", pois não suportava mais a presença de André. Quando desceu, fez questão de mostrar-lhe o dedo do meio.

 Piranha, tchau, tchau!  gritou André rindo.

EGBERTO

Ontem quando voltei do estaleiro, eu estava desnorteado com tudo que descobri; fui ali para encontrar aquilo de que precisava para que pudesse aliviar minha angustia e remorso da minha atitude: o endereço daquele rapaz e desculpar-me com ele; entretanto acabei encontrando um passado.

Meu Deus! É como dizem: "A vida é como a dança" e naquele instante, pude perceber chocado que meu ritmo estava descompassado com a música do meu coração, flagelado, martirizado por tanto tempo. Tudo tão perto de mim, talvez não quisesse aceitar, enxergar ou achar a possibilidade de ser. Droga! Estava na minha cara! Não era uma coincidência, como fui idiota.

OLHARES (NOVELA HOMOAFETIVA)Onde histórias criam vida. Descubra agora