Capítulo Vinte e Nove

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Victor Jones:

Estávamos começando a ficar com fome, então nos dirigimos ao lugar favorito da Carla. Entramos no campo de treino e vi meu irmão com alguns membros do seu time. Brian ficou radiante e correu em direção a eles, dando um beijo rápido em seu namorado.

Acenei para meu irmão e segui Carla em silêncio. O local se estendia pelo terraço externo da "Yam," a cafeteria orgânica do clube de campo dos pais de Carla. Abaixo de nós, o time de Max começava a treinar, enquanto um grupo de meninos de Rosewood jogava uma rápida partida de golfe antes de comer. A cena me fez ansiar por algo mágico, mesmo que apenas por um momento.

Brian e seu namorado continuaram trocando carinhos, mas logo ele teve que voltar ao treino.

— Ele ainda disse que iriam manter em segredo — resmungou Carla, revirando os olhos.

— Isso é meio fofo, se você pensar bem — comentei, observando as pessoas ao nosso redor. Sabia que, querendo ou não, precisaria usar magia em breve.

No minuto seguinte, quando um garçom estava prestes a escorregar e derrubar um pedido, a ponta do meu dedo brilhou.

— Controle absoluto — murmurei, fazendo os pés dele pararem no lugar, obedecendo ao meu comando. Apoiei o dedo na mesa, e o garçom ficou imóvel, começando a se recuperar lentamente. Um sorriso se formou em meus lábios enquanto o via voltar ao normal.

Quando voltei a olhar para Carla, ela estava me encarando.

— Você está bem? Pareceu meio distante — perguntou Carla.

Hesitei.

— Pareci? De que jeito? — indaguei.

Carla deu um sorrisinho falso.

— Opa, alguém está nervoso — comentou Carla, no momento em que Brian retornou ao nosso lado.

— Não estou nervoso — respondi, embora me sentisse um pouco tenso.

Uma garçonete loira, alta como uma girafa, nos interrompeu.

— Já escolheram o que vão pedir?

Carla olhou para o cardápio.

— Eu vou querer a salada de frango asiática, sem molho.

— Hambúrguer vegano — disse Brian.

Limpei a garganta.

— Eu quero a salada jardineira com brotos, sem molho, e uma porção grande de batata frita.

Assim que a garçonete levou os menus, Carla me analisou.

— Agora, me diz de uma vez o que está acontecendo — exigiu Carla.

— Não é nada. Estou perfeitamente bem — tentei manter minha expressão neutra, mesmo sabendo que Carla estava decidida a descobrir o que estava me incomodando.

Ela continuou me encarando, claramente não acreditando em mim, mas Brian rapidamente mudou de assunto para aliviar a tensão na mesa. Continuamos conversando, mas eu sabia que Carla estava apenas esperando o momento certo para me confrontar sobre o que quer que estivesse me incomodando.

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Ficamos do lado de fora, sentados em silêncio, observando o movimento ao nosso redor. De repente, senti o cabelo na nuca se arrepiar. Olhei ao redor e notei um pássaro negro pousado em um galho alto de uma árvore. Estranhei a intensidade do seu olhar. À medida que me concentrava, percebi que não era um pássaro comum.

Meus olhos brilharam, e a magia fluiu enquanto a direcionei em direção à criatura. Ela se transformou em uma sombra e, com um guincho, fundiu suas sombras com o tronco da árvore.

O Guardião | livro 1 : Espírito De LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora