Capitulo Quarenta e Três

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Victor jones:

As instruções no convite nos levaram a uma área totalmente industrial da cidade, onde ruas eram ladeadas por enormes mansões transformadas em lofts e galerias. Havia algo imponente e até um pouco intimidante nesses edifícios quadrados, com poucas janelas visíveis e cercas altas. As pessoas que nos observavam faziam com que eu sentisse a necessidade de me esconder sob o disfarce que usávamos.

Merlin dirigia, enquanto eu estava encarregado da navegação com o sistema de mapeamento embutido no carro. Não pude deixar de pensar em como meu irmão Max teria ficado fascinado com todos esses apetrechos.

Tentei não pensar muito em Max e distraí minha mente olhando pela janela. O terreno que atravessamos estava impecavelmente conservado, com a grama brilhando sob o sol da tarde e criando uma aura mágica ao redor.

Merlin estacionou o carro e descemos. Ele abriu o porta-luvas e retirou duas máscaras, colocando uma no rosto. Sua aparência mudou para a de um rapaz um pouco mais velho, talvez com vinte e cinco anos.

— Para não chamarmos muita atenção — ele explicou enquanto me entregava a máscara. — As pessoas nos verão da maneira que queremos que nos vejam. Anna e Aurora foram as responsáveis por desenvolvê-las, e elas duram algumas horas, embora eu não saiba o limite exato.

— Só você para não prestar atenção nisso — comentei enquanto colocava a máscara. Uma sensação mágica percorreu meu corpo, como se água caísse sobre mim.

Depois de nos disfarçarmos, saímos do carro e pegamos nossos convites.

Na entrada da mansão, dezenas de pessoas se aglomeravam, exibindo seus convites para serem admitidas. Mostrei o nosso e passamos despercebidos. Notei uma variedade impressionante de criaturas: pixies com narizes compridos e asas esfarrapadas, damas elegantes de pele verde com vestidos longos, acompanhadas por goblins segurando suas caudas. Dragões em forma humana riam ao lado de um garoto com uma máscara de morcego e uma rosa laranja enfeitando sua cabeça.

Uma idosa com corvos nos ombros trajava um enorme vestido de penas negras, enquanto um grupo de garotas exibia rosas selvagens nos cabelos. Um rapaz com pele de casca de árvore e penas no pescoço conversava com um grupo de cavaleiros em armaduras verde-escaravelho. Eu já havia visto muitos deles antes e até conversado com alguns em eventos anteriores no palácio real. Havia tantas criaturas diferentes para absorver com meus olhos que era impossível prestar atenção em todas.

Ninfas e sátiros carregavam bandejas de prata com taças repletas de bebidas borbulhantes, e o aroma das guloseimas era divino.

Dentro da mansão, o ambiente estava iluminado por dúzias de candelabros dourados e pedras encantadas sustentando esferas luminosas como globos de balada, criando uma atmosfera animada e elegante.

No meio da movimentação, vampiros deslizavam graciosamente, suas roupas se misturando com o ambiente. Trolls dançavam com passos tumultuados, causando comoção com cada movimento, e soltavam risadas estrondosas. Em outra parte, um sátiro tropeçou e foi prontamente ajudado por um troll, um lobisomem e um vampiro. Surpreendentemente, o sátiro agradeceu com um beijo na bochecha de cada um antes de sair andando, deixando os outros três em estado de choque.

Dei uma risada ao ver a cena, e Merlin acompanhou meu olhar.

— Coitados, tiveram seus corações roubados — comentou Merlin, e eu mordi o lábio. — Acha que é melhor nos separarmos?

Ele indicou com a cabeça uma direção oposta, onde a dama de companhia da rainha estava em um canto, envolvida em uma conversa cheia de gestos passivo-agressivos com um rapaz de cabelos descoloridos.

O Guardião | livro 1 : Espírito De LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora