Capitulo Quarenta e Dois

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Victor jones:

Após um longo período de angústia, comecei a sentir um leve alívio, embora o luto pelos cavaleiros e cidadãos brutalmente assassinados ainda me consumisse. A sensação era amarga: enquanto eu lutava para erradicar os monstros que ameaçavam nossa terra, outros pagavam o preço pela minha missão.

Com o passar do primeiro mês de férias, eu me via cada vez mais aprisionado pela obsessão da família real com minha segurança, em detrimento do bem-estar de seus próprios súditos. Essa obsessão estava corroendo minha vontade e minha satisfação com o papel que me fora imposto. Contudo, Carla e Brian se adaptavam bem a esse ambiente opressor. Eu me sentia grato por tê-los ao meu lado e admirava sua coragem, que incluía até incursões não autorizadas em instalações proibidas.

Durante uma semana inteira, mergulhei na análise meticulosa das informações sobre os locais onde os corpos haviam sido encontrados. Montei um quadro com todos os dados disponíveis e examinei cada arquivo com um olhar crítico, na esperança de encontrar uma pista que nos conduzisse ao Rei das Sombras. Mas, para minha frustração, os arquivos estavam incompletos e não continham nenhuma informação útil.

Merlin tentou levantar o ânimo com conversas animadas, mas estávamos tão desalentados que respondíamos apenas com grunhidos desanimados. A situação era tão desoladora que nem mesmo os mestres pareciam saber como lidar com ela, o que só intensificava nosso desespero.

Urlac surgiu no campo de treinamento, e sua presença irradiava um entusiasmo contagiante enquanto me observava treinando com o arco e aprimorando minhas habilidades em suportar magia. Merlin estava lá, concentrado, girando uma adaga entre os dedos, enquanto Erick, sentado no chão, me observava com atenção.

— Tenho notícias importantes para vocês — anunciou Urlac, com um tom grave em sua voz. — Meu pai encontrou uma das sombras responsáveis pela corrupção dos espíritos.

— E o que ele pretende fazer a respeito? Devemos informar imediatamente as outras nações sobre isso — comentei, notando a preocupação estampada no rosto de meus amigos.

Urlac acenou com a cabeça, seu rosto mostrando uma expressão que parecia só eu entender.

— Sim, mas há mais a considerar — explicou ele.

— O que é? — perguntei, ansioso por detalhes.

— Meu pai recebeu um convite de uma família muito influente de Florença. A sombra mencionou que os informantes estariam presentes na festa — disse Urlac, sua expressão tornando-se sombria. — No entanto, ela não revelou a identidade dos informantes dentro do reino de Florença. A sombra se suicidou durante o processo, como se não pudesse sobreviver sem deixar rastros. Além disso, o palácio do meu pai é completamente iluminado, mesmo à noite.

— Por que você está me contando isso antes de informar aos outros? — indaguei, curioso.

— Meu pai não confia facilmente nas outras nações, e a situação se agravou desde o incidente com os feéricos e dragões que invadiram o mundo espiritual — respondeu Urlac, mordendo o lábio inferior.

Olhei para ele com compaixão, lembrando-me de uma criança ferida tentando parecer forte.

— Camilla me contou sobre a briga de vocês — compartilhei. — Sem querer, acabei a invocando para me ajudar com algo, e ela acabou revelando o que havia acontecido.

Urlac pareceu tenso com o assunto.

— Imagino que ela tenha sido completamente indiferente ao falar sobre isso — comentou ele.

— Sinto muito pelo que ocorreu entre vocês — disse, tentando oferecer um pouco de consolo. — Saiba que pode contar comigo para qualquer coisa.

— Então posso contar com você para representar meu pai na festa? Pode levar acompanhantes; a anfitriã gosta de exibir sua imensa riqueza — sugeriu Urlac, inclinando a cabeça em direção a Merlin.

O Guardião | livro 1 : Espírito De LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora